A Aventura da Partilha Informativa





Começamos 2017 da melhor maneira possivel. A colocar no sitio quem tem de ser colocado.

Deixo o Editorial do PortugalTunas deste mês, da minha autoria, em baixo. O texto carregado a Bold é da minha inteira responsabilidade.




"Da Importância da Partilha de Informação.


Observando o caso português no tempo e no espaço, temos e quanto a este tema concreto, dois momentos pós "boom" anos 80/90 do século passado:


O 1º), de rigorosa fabulação e pouca ou nenhuma troca informativa, que mediou entre 1985 (+ ou -) e os finais dos anos 90, início do actual século;


O 2º), que resulta desde 2000 (+ ou -) até aos dias de hoje.


Por partes: O 1º momento resulta desde logo do contexto em causa:


Pouca informação de facto e muita invenção, num tempo onde não existiam os meios tecnológicos de hoje e muito menos o estudo aprofundado e científico que actualmente dispomos. A soma destes dois factores - ou da falta deles - definiu este primeiro momento de forma inequívoca no que toca ao auto-conhecimento tuneril nacional. Mormente tal, foi neste período que se produziu informação muito particular e circunscrita. Destaco aqui os famosos livretos dos Festivais de Tunas de então, a sua esmagadora maioria nas suas primeiras edições, que nos fornecem, hoje, preciosa informação - quanto mais não seja porque, não havendo internet, ficaram como repositórios fisicos de momentos concretos, com participantes específicos e seus historiais (alguns deles autênticas perolas de humor, à falta de história própria e do todo do fenómeno, até, para sobre ele escrever).



São esses historiais em livreto de papel que hoje ganham um valor maior, precisamente pelo informação - e desinformação - neles contidos, sendo que muitos deles apresentam dados truncados, inventados, de fábula, de chiste humorístico até, e que marcaram uma época em concreto. São textos que variam inclusivé dentro dos emanados por cada Tuna - recorda-se que as organizações pediam às tunas participantes no seu festival, então, para enviarem, por fax (!!) os seus historiais - ou seja, cada Tuna enviava, a cada certame que ia, um texto diferente ou adendado, onde basicamente de fixo constava somente o próprio palmarés de prémios obtidos até à data. Com o andar inevitável do Tempo, os historiais iam ficando maiores - ou não - por força ou dos resultados obtidos ou da maior capacidade do seu autor em os esticar, dizendo coisas que oscilavam entre o românticamente ficcionado e o humorísticamente académico (seja lá o académico o que quer que seja).


Por força de tal, percebe-se, hoje, que esses livretos são uma fonte única de riqueza informativa, embebidos por um tempo onde nada se sabia de facto sobre a história da Tuna estudantil em geral. Pior, tomavam-se como verdades dogmáticas as retroactividades seculares tão falsas quão bizarras, onde, nesses livretos, até Tunas espanholas fundadas no Século XII (??!!) se encontravam - para lá de dispensas de Becas por Reis em tempos onde nem tunas existiam, que fará Becas - ou até uma Tuna que se dizia fundada num século onde nessa localidade, então, nem universidade existia sequer, entre outras pérolas do género.


Toda essa miríade de informação tão ficcionada quão falsa estimulou a continuidade da propagação, e pelos mesmos meios de então, de tais mitologias, que só após a entrada no segundo ciclo supracitado - inicios do Século XXI - com a massificação dos meios tecnológicos que catapultaram o estudo mais sério e aprofundado da verdadeira realidade histórica, viram o seu desaparecimento ocorrer; com o dealbar da Internet os livretos de festivais pura e simplesmente desapareceram (salvo excepções pontuais) deixando de ser oferecidos nos festivais - que passaram a usar a Internet para os mesmos efeitos.


O 2º momento é, pois, diametralmente oposto ao primeiro, quer na massificação de informação, quer na rapidez da sua disseminação. Só mais tarde - meados do final da 1ª década - se passou a uma terceira vertente, a credibilização da informação difundida. O surgimento de um portal, um livro, blogues especializados, grupos, etc, são prova inequívoca de tal cenário.


Se a rapidez e o volume da informação passaram a ser um facto - por oposição ao primeiro momento - já a sua credibilidade foi passo posterior, que corresponde grosso modo ao momento que hoje atravessamos. A Internet, por si só, não é meio credivel de difusão de informação, podendo-se encontrar nela também muita desinformação. A diferença é que hoje, com o bom uso destes meios actuais, podemos de forma célere contrastar, reparar, adendar, trocar e difundir essa informação credivel.


Chegados aqui, Portugal é um excelente exemplo de trabalho em rede:


Toda a informação é - e desde há algum tempo - devidamente partilhada após recolha, tratamento e difusão, não existindo por parte de quem a trabalha qualquer problema em partilhar quer com outros que prosseguem o mesmo objectivo, quer essencialmente com a comunidade Tuneril, afinal, o destinatário principal dessa informação.



Não há em Portugal - nem nunca houve - qualquer boicote, ocultação ou egoísmo no que se refere aos dados informativos sobre a tuna estudantil - muito pelo oposto. Portugal neste campo tem os seus players a trabalhar de forma integrada, melhorando assim quer em quantidade, quer em qualidade, os dados vários de que dispõe, não fazendo da sua ocultação um meio de auto-promoção: A informação só o é e só faz sentido se partilhada, caso contrário, não existe.


Foi graças a essa partilha em rede que foi possivel em Portugal chegar-se a um Censvs Tvnae em 2012/2013 com a participação voluntária de 214 tunas - sabendo nós ser um número record em estudos desta natureza e com a mesma configuração. É a mesma partilha em rede que está a possibilitar um Recensamento - coisa diferente de um censo - de tunas nacionais, que nos diz quantas Tunas activas há e quantas estão extintas e/ou desactivadas, pouco faltando para a sua conclusão. É o estudo em rede, também, destes dados importantíssimos, que fará chegar-se a mais conclusões sobre, e pelo menos os ultimos 5 anos da Tuna portuguesa: Não há nada igual ou parecido seja onde seja. O que lamentamos.


O PortugalTunas sempre foi um desses players. Por tal, recusamos outra postura que não seja a de sempre. Pelo atrás dito, não aceitamos lições de ninguém quer sobre partilha de informação, quer sobre a defesa da Tuna portuguesa. Estamos cá desde 2002. Somos pioneiros. Exemplo. Farol. Locomotiva. Colaboramos sempre de boa fé com quem sempre connosco de boa fé colabora. Partilhamos, não ocultamos. É para partilhar que existimos, que estudamos a Tuna estudantil de forma séria. Caso oposto, para quê fazê-lo?


Esta é a nossa posição de sempre: Não nos damos ao luxo de poder perder tempo com minudências - daquelas que nos mostram que para partilhar publicamente emails trocados privadamente não existe qualquer prurido, quando tanto prurido há, afinal, para partilhar privadamente dados banais como sendo nomes de tunas. Deselegâncias.


Porque há muito trabalho a fazer e a partilhar convosco. E é precisamente isso que vamos continuar a fazer. Convosco. É o nosso rumo."



RT

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