Desde o "boom" de finais de 80/inícios de 90 do Século passado que - entre vários outros traços identitários do fenómeno aí gerados - existe uma espécie de "constituição tuneril" não escrita, um roadbook de costumes e práticas que servem, precisamente, como base daquilo a que se chama de auto-regulação do fenómeno.
Esses costumes e práticas são precisamente aquilo que chamo aqui de "é-assim-que-as-coisas-funcionam".
Dou exemplo prático e académico: Um determinado certame convida sempre as mesmas tunas, todos os anos; não é certo nem errado, "é-assim-que-as-coisas-funcionam". A terceira via da dialéctica tuneril inter tunas resume-se claramente desta forma. É indirecta, não afronta nem questiona, age por interpretação dos factos e depois, resolve a gosto. É uma via como outra qualquer. Politicamente correcta, certamente - talvez por isso as histórias de "bandolinadas" na cabeça sejam inexistentes em Portugal - ao contrário de Espanha, p.ex. Diplomaticamente, "é-assim-que-as-coisas-funcionam". Uma espécie de politicamente correcto de backstage em formato tuneril. Joga assim apenas quem pode - não quem quer.
Tal serve todos os propósitos, há que o dizer. Eu próprio vi - e desde sempre - tal a ocorrer. Mais, jogo esse jogo com toda a naturalidade precisamente porque "é-assim-que-as-coisas-funcionam". Nem sequer interessa se concordo ou discordo com tal, é despiciente. E por vezes, ainda bem que assim é, quando se trata de fazer coisas bonitas - ou de denunciar coisas feias. Poder-se-ia fazer de outra forma, certo. Mas quando não resta alternativa "é-assim-que-as-coisas-funcionam".
Brevemente será dada à estampa um excelente exemplo do dito em cima. Ou, se quiserem, como um simples cartaz pode ser - entre muitas outras coisas bonitas e bem mais importantes - uma imensa chapada de luva branca. Pode ser que alguns percebam. Porque, afinal, "é-assim-que-as-coisas-funcionam."
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