A Aventura da Tuna da Academia do Porto no Boom


A georeferenciação é objectiva. Obviamente o restante - e dentro de um universo específico de uma época em concreto que vivi na 1ª pessoa - será pouco menos que objectivo. Depois verificar que a passagem de 1995 para 1996 trouxe, então, um novo ciclo, com novas intervenientes a surgir e em contexto distinto do até então.



Aborda-se aqui a Tuna estudantil em finais dos anos 80, início de 90 do Século XX, ou seja, no período conhecido por boom tuneril - entre finais dos anos 80 até 1995. Será uma abordagem sobre aquelas que eu considero como sendo as mais importantes então, observando 3 linhas claras: O pioneirismo, a qualidade musical e a densidade tuneril. Por largamente abordada aqui e no blogue primo deste - Portuscale Tunae - não se refere agora a Tuna Universitária do Porto.




Cancioneiro Universitário do Campo Alegre - Tuna de Letras da Universidade do Porto


"1990, o Ano. Faculdade de Letras, o local. Porto, a Cidade. Homens de Letras, os intervenientes. Esta é a receita para uma das maiores e mais antigas Tunas do Porto, C.U.C.A. – Cancioneiro Universitário do Campo Alegre – Tuna de Letras do Porto. “Então como é que foi?”, Pode-se ler no sitio https://tunadeletrascuca.webnode.pt/. Sem qualquer margem para dúvida a Tuna de Letras da U.Porto foi, então, uma das mais importantes da Academia e concomitantemente, do país que, ao tempo, via a tuna como uma novidade absoluta, havendo na época muito poucas e dessas, a maioria era precisamente da Academia do Porto.



Ainda do mesmo sitio na internet lê-se : “Numa noite, entre o frio de Fevereiro e o orvalho de Março, corria o ano de 1990. Um número infindável de Homens receberam a bênção daqueles que, orgulhosamente, chamamos de Padrinhos, a Tuna Universitária do Porto. Foi a noite do nosso nascimento. Nessa noite nasceu o Cancioneiro Universitário do Campo Alegre - Tuna de Letras do Porto. Desde aí que temos vindo a crescer, a todos os níveis. Com mais de 20 anos de actividade, temos espalhado as sementes (do saber, entenda-se) de Letras pelo país e pelo Mundo. Pisámos palcos míticos de Macau à Irlanda, passando por palcos, para nós com maior importância, do Minho ao Algarve, com um salto de pandeireta até às Ilhas.”



Há alguns pontos quentes a reter no que se refere à importância do C.U.C.A. - Tuna de Letras da U.P, a saber: Foi a primeira Tuna da Academia do Porto a ganhar um prémio no FITU "Cidade do Porto" (3ª Melhor Tuna, 1997). De igual forma foi a 1ª Tuna da Academia do Porto a participar no FITU Bracara Avgvsta. Foi a 1ª Tuna a gravar - em formato cassete - o tema popular "Mulher Gorda". Foi a 2ª Tuna apadrinhada pela Tuna Universitária do Porto. Foi no período entre a fundação e 1995 uma das melhores tunas nacionais, com actividade permanente e presença assídua nos poucos festivais de tunas que existiam então.



É, por tal, uma das mais importantes Tunas da Academia no que toca às premissas supracitadas e no lapso temporal em causa. Inexplicavel e injustamente é hoje quase esquecida no que se refere à sua real importância e densidade tuneril histórica quer na Academia, quer no país.





Tuna de Engenharia da Universidade do Porto

Do seu site oficial - https://paginas.fe.up.pt/~teupwww/index.php - pode-se ler o seguinte:


"Nasce a 7 de Novembro de 1988. O Rio Douro, os barcos rabelos, os monumentos, as ruas, o ressurgir das Tradições Académicas, fazem com que a Urbe reconheça o seu peso histórico, Berço ideal para que, inspirados pelo romantismo e beleza da Cidade Invicta, se concretize um velho sonho: a Tuna de Engenharia da Universidade do Porto! Sendo a segunda Tuna mais antiga da Cidade do Porto e a primeira exclusiva de uma Faculdade é pois, precursora do fantástico movimento musical que entretanto se gerou. A formação de Tunas na maioria das Universidades, Faculdades e Institutos da Academia do Porto e do resto do País, assim como os sucessivos Festivais e Encontros de Tunas são disso prova."



Dados a reter: A data de fundação, sendo a segunda tuna mais antiga da Academia do Porto - abre-se aqui um parêntesis para referir que a 1ª apresentação da Tuna Feminina do O.U.P é datada de 1 de Maio de 1988, na Queima das Fitas desse ano, no Cinema Vale Formoso. Reza a edição do Jornal Universitário em Junho de 1988 o seguinte: "Também a Manifestação mais académica da noite esteve ligada ao ORFEÃO com a apresentação de uma tuna unicamente constituída por mulheres, pois embora ainda não ligada no nome as suas componentes são todas desta “casa”!”. Esse grupo feminino manteve-se junto apesar de não participar regularmente nos espetáculos do OUP. Viria a fazê-lo no Sarau Anual do OUP de 1989.



Depois, a formação mista inicial: No seu site consegue-se ler os nomes das componentes que, então, se misturavam com tantos homens numa faculdade tradicionalmente vista como de estudantes do sexo masculino: Ana Ribeiro, Mariana Malta, Maria Ferreira, Maria Carvalho, Paula Alves, Paula Gomes, Paula Magalhães, Raquel Carvalho.



A sua consistência musical ao longo de 3 décadas é facto relevante, o que adicionado aos restantes itens supra tornam a T.E.U.P. numa incontornável referência e de acordo com as premissas anunciadas.




Tuna Académica da Universidade Lusíada do Porto


Do seu sitio oficial - http://taulp.por.ulusiada.pt/index.php - lê-se o seguinte:


"Decorria o ano de 1988, momento em que um pequeno grupo de estudantes da Universidade Lusíada do Porto constituiu inicialmente um Grupo de Fados. Partilhando um gosto especial pela música, pela boémia e pelas tradições académicas, a Tuna Académica da Universidade Lusíada do Porto é fundada a 22 de Março de 1991, estreando-se oficialmente na Universidade Lusíada de Lisboa nesse mesmo dia."


A TAULP é claramente uma das Tunas de referência desta época em particular. Afilhada da T.U.P. - Tal como a Tuna de Letras e a Tuna de Engenharia - foi a 1ª Tuna portuguesa a vencer um festival nos Países Baixos - I Internationale Tuna Festival Nijmegen, em 1995 - a 2ª tuna portuguesa a vencer um certame em Espanha - I Certamen Internacional de Tunas Universitárias de Ciudad Rodrigo, 1994 - e a Tuna vencedora do único festival de Tunas especialmente feito para televisão até aos dias de hoje, o " Effe Erre Yá", em 1995, na RTP e transmitido mais tarde em diferido na RTP Internacional. Foi igualmente a primeira tuna portuguesa a irmanar-se oficialmente com outra tuna portuguesa - no caso, com a Azeituna, da Universidade do Minho. O seu Festival Internacional "Lusíada" foi um dos melhores eventos de cariz internacional realizados em Portugal, então, tendo nele participado tunas de 6 países distintos. Por todas estas razões - aliadas a outros factores, naturalmente - a Tuna Académica da Universidade Lusíada do Porto é naturalmente referência no panorama de então.




Tuna Académica do Instituto Superior de Engenharia do Porto



A Tuna do ISEP, como era então conhecida, foi uma das mais activas e relevantes Tunas no boom tuneril na Academia do Porto, Do seu site em https://www.taisep.com/historia lê-se:


"Foi no ano de MCMXC (1990 mais precisamente), um punhado de rapazes da Rua de S.Tomé resolveu dar largas à sua veia romântica iniciando uma série de rondas pela Mui Nobre, Leal e Invicta e Património mundial Cidade do Porto. Daí ao estrelato foram umas corridas e uns sustos, passaram a dedicar mais tempo aos tempos livres passados no bar a ensaiar e contribuído para a riqueza das indústrias cervejeira e vinícola, e desde então não mais se separaram (não separe o Homem aquilo que Deus uniu)."


Presença assídua nos mais reputados festivais de tunas da época, a Tuna Académica do ISEP era, ao tempo, conhecida pela sua intensa actividade, nomeadamente no que se refere à edição de cassetes - recorda-se que, então, era o suporte usado para gravações - o que fez em 1992 e em 1994 com assinalável sucesso, bem como conhecida pelas digressões ao estrangeiro - para lá da qualidade musical então demonstrada, tendo vencido vários certames na época, quer na Academia, quer noutras latitudes. Por tal, sem descurar obviamente outros factores relevantes, a Tuna Académica do ISEP é claramente uma das Tunas de referência na timeline supracitada.




Tuna da Universidade Católica Portuguesa - Porto



Nos livretos de época podia-se ler o seguinte: "Rezam as crónicas que, em meados de 1989, um grupo de estudantes da Universidade Católica Portuguesa - Centro Regional do Porto se reuniu no intuito de fomentar na sua Universidade, a Música, a Tradição e a Boémia Académica. Assim, em Dezembro de 1989, este grupo, já acrescido de mais entusiastas, apresenta-se sob o nome de "Mendes Harmónica Trio" nas festas de Natal da Associação de Estudantes da Faculdade de Direito e Escola Superior de Biotecnologia da U. C. P. - Porto."



Nasce a 30 de Março de 1990, apadrinhada pela Tuna de Engenharia da U. do Porto. Rapidamente a TUCP torna-se numa Tuna de referência quer na Academia, quer fora da mesma, vencendo inúmeros certames então pela sua manifesta qualidade musical a todos os títulos, sendo de destacar a sua célebre escola de pandeiretas que granjeou fama e glória, então, bem como depois. Edita um CD - na época, uma inovação - em 1993, "In Vino Virilitas", que para lá da qualidade musical derramada no mesmo aliou qualidade de sonoplastia ao mesmo suporte - habituados a que estávamos, então, à cassete e ao vinil. A TUCP era também conhecida pelo grande número de elementos que apresentava em cenário, regra geral. É também a TUCP uma das inquestionáveis referências no tempo e espaço supracitados.




Estas foram - bem como a T.U.P. - as Tunas de referência do boom tuneril na Academia do Porto, no lapso temporal entre finais dos anos 80 até 1995. Sabemos haver mais mas que não cabem ou neste lapso temporal (outras surgem com força mas posteriormente a 1995) e/ou nestas premissas especificas do boom, com a importância que o mesmo encerrou, então, primeiro no contexto local e depois no nacional.



Comentários