A Aventura do Involuntarismo Tuneril






Em 2007, aqui neste mesmo blogue, alvitrei uma espécie de O.T.U.- Organização das Tunas Unidas - como forma de combater a notória, já então, falta de voluntarismo das tunas nacionais em ceder uma pequena parte da sua legítima soberania em favor de algo maior que representasse apenas mais que uma tuna.


Pura ilusão, constata-se, da minha parte. Não veio tal a ocorrer - e numa época onde muito sobre este tema se debateu e sugeriu (vide forum do PortugalTunas então) para efeitos de combate a essa falta inata de voluntarismo por parte de toda e cada tuna nacional. Não só não foi dado qualquer passo de forma oficiosa, muito menos formal até - admitindo-se que aqui e ali até possa tal ter vindo a ocorrer bilateral, trilateral ou até mais, voluntarismos esses que se perderam nos tempos por pontuais, se é que existiram - o que se desconhece.



Que se constata? A tuna nacional não tem sequer essa vontade, que fará vocação e disponibilidade. Continua-se a trabalhar muito bem/mal sozinho e bastará tal a todas e cada uma. É o que de lá para cá tem ocorrido. Ciclicamente em sede de ENT ainda se atingiram aqui e ali algumas vitórias genéricas a esse nível - lembrar nomeadamente a ratificação pelos presentes, então, do Manifestvm Tvnae no ENT de Vila Real, p.ex. Mas é um oasis no meio de um deserto de total involuntarismo plurituneril: Ninguém cede ou parece querer ceder nos seus intentos quando confrontados com algo onde essa cedência iria beneficiar parte ou todos - e não prejudicar uns e favorecer outros, que é a leitura sempre feita. Em quase todos os ENT´s este tema foi abordado - de forma directa e/ou colateral.



Que se conclui? Se tal não ocorreu numa fase de crescimento e consolidação do fenómeno não parece de todo verosímel que ocorra numa fase de estagnação e de desinteresse generalizado - a que vivemos hoje. Mais; Se não ocorreu então quando de debateu de forma entusiasta e participada por muitos dos player´s de então, não será agora que tal irá ocorrer. A seu tempo, os muitos intervenientes nas tunas nacionais dispendiam algum tempo e paciência para sugerir soluções, caminhos, ideias - falou-se numa federação, numa fundação até, por exemplo. Falou-se em estruturas locais como forma de começar algo maior a longo prazo. Resultado? Nem uma existe, hoje, dez anos depois, mais coisa menos coisa. Falou-se então em estruturas com meia dúzia de tunas para começar algo, até: Nada há ao dia de hoje. Facto. Estamos como sempre estivemos.



As razões penso que todos as conhecemos, não carece de grandes teorizações. A realidade atesta o sucesso ou insucesso de algo - e não a nossa vontade, ilusão ou entusiasmo. Quem está no terreno há quase três décadas e por tal, acompanha o fenómeno, sabe perfeitamente isso. Não basta espicaçar porque tal nunca serviu para se chegar a lado algum; a ruptura na atitude será sempre onús de toda e cada tuna - e não de uns carolas entusiastas que vão "provocando" aqui e ali.




A verdade é que hoje não há qualquer interesse da parte dos actuais tunos sobre o tema, muito menos quem com densidade, conhecimento da realidade actual e presença in loco agrege ou dinamize de facto tal, de forma a motivar quem nem sequer sensibilizado está. Desde o boom que é cada Tuna por si, assim foi e temo que assim continue a ser, por não se vislumbrar o oposto neste momento, no terreno. Pessoalmente entendo até que a tuna nacional está ainda mais fechada em si mesma do que anteriormente, quase roçando a autofagia como modus faciendi. O máximo de voluntarismo a que as tunas chegaram foi apadrinharem-se e/ou irmanaram-se; hoje, nem isso.



Trata-se de uma mera constatação minha e não de um desejo; aliás, sempre fui a favor de algo maior, onde cada tuna cedesse parte da sua legítima autonomia numa concertação tuneril de âmbito mais alargado. Sempre defendi o modelo local para, depois, avançar para a fase seguinte. Cedo me desiludi.



Em teoria não posso estar mais de acordo; na prática sei que não irá ocorrer - e digo-o do alto de quase 30 anos no terreno, alguns Census Tvnae, ENT´s e debates online depois. A Tuna portuguesa não tem consciência corporativista porque nunca teve - e arrisco dizer - ou terá.



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