A Aventura do Livreto de Festival


Pelo principio, então:


Um livreto é um pequeno livro e podem ser produzidos de diversas formas e tamanhos. Geralmente possuem formato A5 - podendo ter outros - com capa de papel e acabamento em grampos. Podem ser utilizados como pequenos livros de histórias, manuais de instrução, livros da receita, apresentações institucionais, etc.


Foi peça obrigatória nos festivais de tunas realizados aquando do boom dos anos 80/90 do Séc.XX, marcando, por essa razão, uma época. Todos os certames de referência, então, produziam - em pequena, média ou grande escala - um livreto do seu festival, onde constavam as tunas participantes com o seu historial, brasão e fotografia de grupo, a tuna organizadora, apresentadores e menções aos patrocinadores, bem como apoios institucionais do evento - entre outras informações como p.ex. o mapa da cidade, locais turísticos, etc.







Regra geral era distribuído à entrada do teatro ou colocado em cada um dos lugares da mesma sala, de forma a que o público tivesse acesso a mais informação sobre todos os intervenientes, para lá de contextualizar o próprio evento no tempo e no espaço. Era, assim, o livreto uma forma prática e eficaz, então, de envolver o público no evento, fornecendo informação pertinente e outras. Desde o livreto produzido por uma simples fotocopiadora terminando no elaborado livreto de impressão gráfica, de tudo houve, então.



Há que contextualizar o livreto numa época onde não existia internet, sendo que os livretos eram produzidos com antecedência de meses face ao evento, onde as informações requeridas às tunas eram pedidas com mais antecedência ainda e estas devolviam, regra geral por fax, os historiais, brasões e fotos respectivas - originando que os mesmos livretos fossem impressos a preto e branco na maioria dos casos, primeiro, e só mais tarde a cores, quando os suportes enviados assim o permitiam.



A importância dos livretos de festivais revela-se, hoje, altamente pertinente, dado o manancial de informação que podemos colher nos mesmos e face a esta época, onde conseguimos hoje perceber muito do romanticismo que envolvia a tuna então, bem como informações mais concretas sobre uma dada tuna, não sendo dificil perceber hoje algumas incongruências, erros históricos e ficções geradas com base neste suporte fisico que marcou um tempo em concreto. O livreto era também, por essas razões, um veículo de promoção de cada evento, mostra e montra de força e dinamismo da organizadora. O que originava, por essas mesmas razões, a publicação e difusão de alguns exageros e erros de palmatória que passaram, então, como dogmáticas verdades - que de todo o eram, como hoje se constata.








Com o desenvolvimento da internet e o dealbar de várias plataformas que possibilitaram outro boom - o dos sites de cada tuna, curiosamente hoje também eles em queda por força das redes sociais - o livreto tornou-se algo obsoleto, vindo a cair em desuso e, finalmente, ábio, cerca de 2005 em diante: Internet killed the livreto Star.  Muito raros serão os certames que ainda terão livreto.



O livreto é, por isso, hoje, uma espécie de museu vivo de um tempo único, balizando-o iconograficamente, a par com o também já extinto - e então também em voga - cartão de visita da tuna. A sua vida correspondeu a um tempo onde o romancear da tuna - por falta de dados concretos e estudo, então, sobre a mesma - era uma espécie de lex; por essa razão o livreto foi “culpado” pelo difundir de mitos, erros e dogmas, a par da difusão das próprias tunas e seus historiais.




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