A Aventura da Santíssima Trindade





A propósito de uma entrevista hoje, à "minha" TUL, numa rádio.


Não é de hoje, há que o dizer, é de sempre. Quando somos entrevistados por alguém na comunicação social, seja falada, escrita ou televisionada - coisa rara e cada vez mais o é, note-se - por alguém que não foi Tuno ou nunca se interessou por esta expressão musical, caí-se inevitavelmente - por muito que se "combata" tal - num ciclo vicioso que anda mais ao menos a navegar pela santíssima trindade «Copos-Faltar a Aulas-Mulher Gorda": Fatal.


No fundo, é a imagem que deixamos - todos nós, Tunos - de nós próprios a quem nada sabe sobre esta expressão musical. A colagem aos copos é letal (mea culpa), o cabular ainda mais (porque todos associam a Tuna a estudantes, o que é errado) e finalmente a "Mulher Gorda" a culminar a sacra trilogia do disparate sobre o que, realmente, somos.


Evidente que colhemos o que semeamos a seu tempo. Evidente também que quem nos entrevista na qualidade de "paraquedista" é "aculturado" pela santíssima trindade supra, mesmo podendo - e devendo, digo eu - preparar-se como deve ser para uma entrevista (seja qual seja e sobre que tema seja). O entrevistador "de-fora-das-tunas" não sabendo sobre o tema vai partir das - erradas - premissas que nós - erradamente outra vez - fomos deixando urbi & orbi, espalhadas pelas últimas 3 décadas.


Ora, a Tuna não é exclusiva de estudantes (em Portugal nem sequer nasce no seio estudantil), a Tuna é uma expressão musical tout court (e não um spot publicitário a uma marca de vinho ou licor) e finalmente, a Tuna (em Portugal então, nem se fala!) não é reprodutora de música popular em exclusivo, i.é, não é obrigação da tuna estudantil tocar apenas e só música popular portuguesa (pelo contrário, o que mostra a história da tuna portuguesa é outra coisa bem distinta e nos antípodas da música popular portuguesa até).


Se esta trilogia tivesse sido desmontada previamente partindo dos pressupostos correctos em cima referidos - e não na sacra trilogia do disparate tuneril corriqueiro assente na ciência do achismo repetitivo do diz-que-disse - aconteceriam duas coisas de imediato: Melhor informação e Menos desinformação. Porque mesmo quem é entrevistado tem sempre enormes dificuldades em responder de facto quando as perguntas encerram elas mesmas pré "conceitos" profundamente errados, falsos, mistificados. E todos sabemos que uma inverdade repetida 1000 vezes em 30 anos não se torna, por isso, verdade.


Sabe-se ser complicado combater estas "tretas", evidente. Desde logo porque quem não sabe mas julgando saber muitas vezes é o entrevistador (que nem sequer o faz por mal, note-se). E já não falo nos entrevistados - até porque há hoje quem saiba responder de facto sem meter argoladas de palmatória e muito menos "fazer filmes".


Mas se a culpa neste apartado é de todos nós - uma verdade mesmo que seja mais de uns do que outros, estes bem menos - não será menos verdade que hoje em dia, com a informação disponivel online, parece quase ridículo fazer-se certas perguntas. É a minha percepção.




Nota de rodapé - Apenas para informar que o processo relativo à queixa-crime por mim movida contra o já mundialmente conhecido Dartacão O Genuíno está a correr os seus trâmites, naturalmente, não "desaparecendo" apenas porque não se fala nisso, porque é Verão ou porque se foi tocar pró povo nos confins de uma qualquer salina à beira mar. Por ora é o suficiente  - para mera nota de rodapé.

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