A Aventura do 60 Anos





O Centro de Produção do Porto da Radio Televisão Portuguesa comemora este ano o seu 60º aniversário - como amplamente divulgado.


A importância desta efeméride reside num facto histórico incontornável: Foi na RTP Porto que se produziu, realizou e emitiu o 1º concurso televisivo de tunas estudantis em Portugal - mais recentemente o Porto Canal levou a cabo um concurso similar, o 2º até à data no nosso país.


Falo, claro está, no "Efe-Erre-A" - ver ficha técnica em http://www.rtp.pt/programa/tv/p19534 - onde a minha pessoa esteve presente em 3 memoráveis emissões.


Recorro ao "Qvid Tvnae" para contextualizar rapidamente este concurso no tempo e espaço:



Pretendendo realizar uma série de reportagens sobre tunas, o Centro de Produção do Porto da RTP contactou o Orfeão Universitário do Porto. A equipa nomeada pela Direcção do OUP para acompanhamento deste projecto consegue negociar uma mudança de formato, argumentando junto daquela instituição que um concurso teria um impacto muito mais forte nos espectadores. Decidido o novo formato, tornou-se necessário elaborar o regulamento, o que foi feito em consonância com a Universitária [TUP] , igualmente responsável pelo elenco de tunas a convidar – razões que motivaram a sua participação a título não competitivo, dado o envolvimento no processo.



Ponderados os necessários critérios de qualidade, representatividade e abrangência nacional, as dez participantes foram:



• Tuna de Engenharia da Universidade do Porto;
• Tuna de Medicina da Universidade do Porto;
• Tuna da Universidade Católica Portuguesa – Porto;
• Tuna Académica da Universidade Lusíada do Porto;
• Antúnia – Tuna de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa;
• TUIST – Tuna do Instituto Superior Técnico de Lisboa;
• Tuna de Medicina da Universidade de Coimbra;
• Tuna Universitária do Minho;
• Azeituna;
• Estudantina Universitária de Coimbra.



Só se pode ter uma ideia da importância capital da iniciativa se se considerar um conjunto de factores:



• a época: as tunas haviam atingido já maturidade artítica e institucional à época – vivia-se o apogeu do boom;

• o horário: transmissão aos domingos à tarde, em horário nobre – e que não é atribuído pelas direcções de programação de forma leviana ou sem critério;

• a duração: 13 sessões seguidas de cerca de hora e meia de duração;

• a difusão: em canal aberto para todo o continente e a difusão: ilhas, RTP Internacional e RTP África.



Como é bom de ver, tratou-se do evento de tunas mais visto de sempre realizado em Portugal e revestido de aspectos sui generis. As tunas participantes actuavam sem playback, na presença de público (as famosas claques do «Effe-Erre-Yá!») e rodeadas de toda uma panóplia de microfones, câmaras e luzes, que obrigavam a que os instrumentos tivessem de ser constantemente afinados nos intervalos, entre takes (já que não era transmitido em directo); além disso, o calor provocado pelas luzes constituía uma autêntica «sauna», efeito, esse, ampliado pelos trajes...



O regulamento obrigava à apresentação de uma «prova académica», que mais não era do que um curto sketch, encenado pelos elementos das tunas participantes, e que contava para a avaliação final (embora com uma ponderação relativamente pequena) juntamente com os três temas musicais apresentados. 




Cada tuna teve direito a uma emissão especial. Passavam às meias-finais as quatro tunas mais pontuadas nas dez emissões anteriores:


• 1.a meia-final: Antúnia e Universitária do Minho
• 2.a meia-final: Medicina do Porto e Universidade Lusíada do Porto.




A final foi disputada entre a Tuna Universitária do Minho e a Tuna Académica da Universidade Lusíada do Porto, a vencedora da mesma.



Deve referir-se que, nas meias-finais e na final, as tunas só podiam repetir um dos temas interpretados na emissão anterior e teriam de apresentar uma nova prova académica, o que obrigou os semi-finalistas e os finalistas a uma apurada gestão dos temas e a um esforço acrescido na criação de novos sketches. O júri era composto por três elementos: dois residentes – o Maestro António Sérgio Ferreira e Carlos Araújo (músico) – e um convidado, diferente em cada sessão.




A avaliação (quantitativa) abrangia quer a prestação musical quer a prestação «académica». Este concurso foi o melhor veículo de divulgação deste fenómeno, revelando a todos os que a ele assistiram o que é efectivamente uma Tuna – desmistificando, esclarecendo, mostrando a realidade interior de cada uma das tunas participantes e, deste modo, das tunas em geral. Foi graças ao «Effe-Erre-Yá!» que as portas da RTP se abriram (e assim permaneceram) a muitas tunas surgidas numa fase posterior, em espaços como a já citada «Praça da Alegria» ou, mais recentemente, «Portugal no Coração», entre outros.




Independentemente de quaisquer outros considerandos, o «Effe-Erre-Yá!»:


• divulgou a comunidade tunística em geral a uma escala sem precedentes;
• deixou junto de milhões de pessoas uma imagem realista das tunas e, portanto, melhor do que a que existia até então;
deu a conhecer noutras paragens o fenómeno em si – coisa que, até hoje, nada nem ninguém conseguiu com a mesma força e alcance."



Por tudo o atrás escrito, mais não resta à comunidade Tuneril portuguesa que parabenizar a RTP Porto pelos seus 60 anos, a quem muito deve, prova inequívoca de que a descentralização não só funciona, como é pioneira, avançada no tempo e, mais importante, verdadeiramente democrática.


Parabéns, RTP Porto !!!!

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