A Aventura do Templário





16 Março 2002. "Templarium Honoris Causa". 



Mais não foi do que uma enorme simpatia e tremenda responsabilidade que a Tuna organizadora, então, me quis conceder. Tudo porque um dia, poucos anos antes, um jovem Tomarense, que eu não conhecia de lado algum, dotado de elevada estatura - moral e literalmente - ligou-me a perguntar "se poderia dar umas dicas" para que o I Templário fosse a palco, mais dia menos dia. E assim se fez: Porque nada se faz sozinho e a entreajuda levou o processo a bom porto e depois, à forte amizade que ainda hoje perdura de forma efectiva.


Estive presente nas duas primeiras edições - brilhantemente vencidas pela Tuna da Universidade Católica Portuguesa - Porto, onde pontificaram tunas como a da UNED de Elche, TAL, Medicina de Coimbra, Empresariales de Huelva, Afonsina, entre outras  - onde constatei a tremenda potencialidade deste jovem certame, então, bem como a forma e o conteúdo de tudo o que deram à estampa, aliando a tal uma tremenda envolvência local, com gosto puro pelas tunas e o que as rodeia.


Tudo isto envolvido numa capa de carinho, atenção, competência, rigor e rasgo de audácia, tentando sempre elevar a fasquia a cada edição - o que veio a acontecer amiúde, conforme o Tempo indelevelmente prova. Até um CD de uma das suas edições foi registado ad eternum.


Depois o tempo fez o seu normal quão inexorável caminho, cada um o seu, e eis que regresso 17 anos depois. Um bocado como visitar alguém que vimos nascer e que, hoje, é um desenvolto jovem, já maior de idade, ciente do que é mas principalmente do que - e como - faz. Hoje, o Templário é claramente um dos certames de topo em Portugal, onde todos querem um dia ir.


A bem dizer, já não é de hoje, é desde há várias edições. A qualidade das tunas que por ele passaram é prova cabal de tal noção. Mas também a variedade de tunas, não repetindo ad nauseam cartazes, com tunas oriundas do país e do estrangeiro - México, Peru, Espanha - num equilíbrio entre aposta na novidade e as consagradas, entre nacionais e forasteiras, sempre bem envolvido nas premissas qualitativas organizativas que o caracterizam desde a sua 1ª edição - a que não é alheia a envolvência dos Tomarenses, sempre ávidos do "seu" certame de tunas, enchendo a sala do belíssimo Cine Teatro Paraíso a cada edição, bem como das suas autoridades locais sempre atentas e colaborantes face ao evento em si e sua cidade. Como eles dizem, é um encontro de Amigos.


A visão que mais importa nesta "Aventura" é claramente a do caminho percorrido. O Templário é um excelente exemplo - como poucos há - de um festival que caminha sobre os seus próprios passos, não se deixando acomodar, apostando na qualidade e não apenas na musical, sem repetições bacocas fáceis, não fechado em si mesmo, antes pelo oposto, reinventando-se a cada edição mesmo que haja umas melhores que outras - naturalmente - mas mantendo sempre, ao longo destes 19 anos, a sua visão própria de como deve ser um festival de tunas no seu todo - e que eu corroboro, mesmo sendo altamente suspeito, apesar de volvidos 17 anos que me isentam automaticamente e ainda bem.


A visão estética do organizador é a que eu relevo aqui, neste momento. Este caminho percorrido apenas se deve à resiliência e coerência do seu organizador, cidade, seu instituto, suas gentes, seus Tunos. Festival multitudinário, inovador, aberto à novidade, positivista, responsável, descomplexado, envolvente e acima de tudo, coerente. Porque mantém o foco no que realmente importa e assim, se isenta automaticamente de uma certa narrativa propagandística tão em voga amiúde, que incute uma imagem desfasada da realidade.
 

Não espero nada mais, nada menos, do que um Templário.


Quem já lá esteve, sabe. Quem não, que experimente...





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