A Aventura da Bagatela

 






Já em plena Silly Season desde há umas boas duas semanas, o fenómeno tuneril nacional continua a registar, amiúde, algumas bagatelas que oferece a si mesma, em bom rigor - que comprovam a realidade em que vivemos enquanto "comunidade" - as aspas são para além de justificadas.


Em suma, alguém - que passou pelo fenómeno - contacta alguém - no fenómeno - solicitando, para daqui a uns meses e para evento social de alguma relevância (não se detalha por despiciendo) um "grupo de tunos" - citei - para amenizar a entrada na referida cerimónia - sem mais detalhes, sugestões e afins - numa leitura tão leve quão oportunista - o que não se censura, como veremos abaixo. Basicamente, procura-se tunos avulso para se deslocarem a suas expensas a uma cerimónia, supostamente, de relevância social, com vista a entreter os convidados da mesma, à porta do dito cujo.


Do que realmente importa: O ditado popular "Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele" cabe aqui quem nem uma luva.


Porque se a primeira - e néscia - reacção do incauto será culpar quem o pediu, adjetivando-o de tudo quanto há de menos simpático, já eu tenho uma leitura totalmente oposta: 


Se tal ocorre é porque a "comunidade" tuneril pura e simplesmente se coloca a jeito. Ou seja, a culpa é exclusivamente nossa. Entenda-se, dos que patrocinam - conscientemente - este estado de coisas.


Lendo mais além da mera "proposta" em cima, há que perceber, de forma clara, que a mesma reflete apenas e só a total ausência de respeitabilidade geral que a Tuna portuguesa - e mais digo, em todo o mundo - carrega, algures entre a indigência e o amadorismo que o garrafão de tinto e umas fêveras atestam como uma espécie de "é-assim-porque-sempre-foi", numa espécie de rótulo que, pelos vistos, a esmagadora maioria patrocina, até, sem grande alarido e, em alguns casos, até suporta como sendo "o mais importante, afinal", naquela "académica" forma de estar que eu sempre abominei por tão falsa quão dispensável - nem Ser Académico se mede por copos de vinho, nem por falta de qualidade musical e responsabilidade social, pelo oposto.


Não se querendo - porque nunca se quis, por impossível - uma certa "profissionalização" de toda e cada tuna quando nestas circunstâncias - e a injusta porra da generalização não ajuda neste e noutros prismas - já seria tempo, digo eu, em pleno 2023, que existisse, pelo menos, alguma elevação, autoexigência e, porque não dizer, orgulho em ser-se Tuno.


Não estou espantado pela "proposta indecente feita" - e certo que na melhor das intenções por parte do propositor, pudera. Aliás, bate rigorosamente certo com aquilo que 99,9999999% dos Tunos querem e praticam. O bas-fond é autossustentável e bio agradável, por não dar trabalho, preocupação e afins quejandos. Logo, o resultado aos olhos dos DE FORA do meio tuneril é consequência lógica: Se eles se movem a vinho, vinho lhes darei. Simples.


Se somarmos a tudo isso uma sistémica falta de conhecimento sobre o fenómeno - porque se confunde "conhecer" muitas tunas com Conhecer a Tuna, numa negação do autoconhecimento tão absurda quão labrega (estudante universitário que recusa Saber é priceless) - com o "mais-vale-parecer-do-que-ser-nem-que-seja-em-fotos-no-Insta" temos o perfeito Cocktail Molotov para que o mais importante fique de lado ad eternvm.


Somos o que somos. E colhemos o que semeamos. Se os outros nos olham como meros bobos da corte para animação não remunerada a gosto, tal significa que a culpa é Nossa - e não dos Outros. Nunca nesta vida poderemos, assim sendo, almejar a algo mais, que fará atingir faraónicos desideratos.


E assim continua a Silly Season deste ano, animada q.b. - como se pode constatar pelo folclore reinante das bagatelas a metro: Venha Outubro.


Mesmo correndo o risco de, ao pôr o dedo na ferida, ser altamente mal visto e pouco recomendável, até. Em bom rigor, não quero saber. Cada vez mais, até. O rei vai nu, há uns vendedores da banha da cobra a alimentar "isto"
 e a "malta" ainda por cima, gosta - de ser e essencialmente, de Estar enganada. Porreiro.


Não será por falta de aviso - antes sim, por falta de noção. Ou pior, tendo-a mas teimando....










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