A Aventura da Instatasca


Em bom rigor, nada de novo aqui. No passado - e nos últimos 20 anos - ocorreu, em formatos diferentes, precisamente a mesma coisa.


Trago o assunto à ordem do dia, hoje, por várias razões mais circunscritas no tempo.


Parece evidente que a ferramenta mais em moda - digamos assim - quanto ao mundo tuneril é, neste momento, o Instagram - como foi o FB no passado e antes, o Hi5 e o fórum do PortugalTunas (aqui, com especial relevo). Muda, portanto, o nome da plataforma mas, no essencial e ciclicamente, surge à tona. Desde há muito que assim é.


Parece igualmente óbvio que o Insta tornou-se numa espécie de luta na lama tuneril - por fácil, rápido e, acima de tudo, porque não obriga a pensar no pouco ou nada que por lá se escreve. Ou seja, o meio perfeito para um vasto auditório que, com um simples telemóvel, consegue - na sua perspectiva, claro está - fazer "estragos" (ou não..) com meia dúzia de palavras tão mal pensadas quão escrevinhadas. No lado de lá, uma imensa horda ávida de sangue tipo cmtv  - o que define os seus "consumidores", desde logo.


Nada contra, em abstracto, devo dizer, muito pelo oposto, devo referir. Nunca se tratou do meio mas sempre do conteúdo. Evidente que, quando o meio usado não permite discurso elaborado mas antes potencia a fácil banalidade de ocasião, pintada com uma foto ou vídeo, estão reunidas as condições para um - mais uma vez... - repetitivo "mais do mesmo" de parvoíces, piadas de mau gosto, fulanizações (e o risco de processos judiciais a aumentar,  que o uso do Instagram não isenta) e banalidades a metro. Já aconteceu no passado, repito. Não é a ferramenta, é o que se faz com ela.


Para a informação credível e formação de facto - além de não ser nada de novo, por cíclico -  tais "artistadas" são uma automática validação. Porque marcam de forma clara a diferença de facto entre o que tem validade e o que não serve para rigorosamente nada de positivista para o fenómeno tuneril. A tentação que o meio em causa proporciona - por facilmente se poder criar contas falsas, p.ex. - é, além de um direito inalienável, uma ratoeira fácil, por deixar a nú a lógica de alguns que andam nas tunas nacionais, suas motivações, mesquinhas vendetas, "diz-que-disse" e afins pouco ou nada importantes e, acima de tudo, reflexo de uma certa forma de vivenciar a tuna - que definitivamente não subscrevo como válidas, sequer.


Tudo isto, com o extra plus de serem sempre de rosto velado, cara tapada, de capuz enfiado, sob anonimato - acto que revela, por si só, muito sobre quem o pratica e suas obscuras motivações, o que automaticamente desfaz qualquer credibilidade - quando há, e desde há muito, quem dê a cara e assine o que escreve.


Não há aqui, nem nada de novo, nem sequer qualquer tentação em castrar as mesmas como instrumentos de livre expressão. Mais uma vez, não é o meio, é o que dele se faz.


São as redes sociais, ciclicamente, formas instantâneas e tentadoras para criar confusão - que noutros locais internáuticos não têm eco nem presença, precisamente por segmentarem mercado. Ou seja, são estes últimos meios disponibilizados para se escrever com moderação, elevação, de forma pública e com rosto e assinatura. Com regras, portanto. O que a Instatasca actual comprova é simplesmente uma coisa de sempre: Há quem esteja nestas coisas para, simplesmente, dividir, conflitualizar, banalizar, fulanizar, atacar, insultar até. A toxicidade tuneril no seu auge.


Esta bio desagradável postura - um clássico - surge ciclicamente, em tempos quase previsíveis, fruto de "estímulos" externos, como sendo época de festivais ou maior actividade de quem, na internet, tem trabalho sério reconhecido, recorrente e comprovado. 


Nada contra em abstacto. Para haver boa informação tuneril tem de haver - paradoxalmente, até - má informação tuneril. Até para facilitar a distinção serve a Instatasca - como antes outras redes sociais. O que nos leva ao óbvio: Há outros que fazem mais e melhor, de cara limpa e assinatura em rodapé. O leitor que escolha. Há quem faça bem - e desde sempre - sem que isso seja visto como mandatório por discriminador, mas antes optativo por elevadamente sensato. 


E é precisamente por essa razão que escrevo estas linhas. Para dizer claramente que há diferença. E é em nome dessa que sustento a razão única da presente "Aventura" - tal como no passado o fiz. Basta pensar e escolher. Sempre houve quem preferisse a contrafacção ao produto original, normal. Há sempre uns a desfazer as palermices de outros.


É precisamente essa (falta de) sensatez que define uma comunidade, que diz pretender ser reconhecida inter pares e fora de muros. A ver por mais uma fraca "amostra", a coisa afigura-se impossível. Há, contudo, quem faça bem e a favor de todos. É isso, precisamente, que defendo. Não é a ferramenta, é o que se faz com ela


Mais dia menos dia, desaparecem. Depois, voltarão. É sempre assim. O que não impede o seu escrutínio público e publicado.

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