A Aventura das "Curtas" Outono/Inverno 2023





Algumas reflexões avulsas - após o começo em força da época tuneril, onde poucas coisas há com real importância de facto. Tentarei ser sucinto.



I - O recente Editorial do PortugalTunas - da lavra exclusiva da nova geração do portal, refira-se - causou algum residual burburinho, dado o seu tema substantivo - a exaltação do consumo de álcool em ambiente de festival e, em alguns casos, a premiação de tal. 



Apesar de circunscrito ao Instagram - com tudo o que isso significa de vazio de conteúdo - podemos constatar alguns vícios de sempre, nomeadamente a incapacidade de alguns em saber filtrar o que é escrito. Ao não constituir tal Editorial qualquer ofensa, nem particular, nem abstrata (como se os seus autores fossem adeptos fanáticos de água ou leite... ) mesmo assim, houve quem nele lesse tal, assumindo dores de algo que ninguém infligiu. Não saber ler não se resume à frequência da 4ª classe, conclui-se. Mesmo tratando-se de (supostos) estudantes universitários, ficou provado uma coisa que, afinal, já todos sabemos: A maioria da malta das tunas quer é copos - o que me parece legitimo, tal como acontece com a malta dos cavalos da Golegã ou da festa da terrinha em pleno Verão. Normal. E quando alguém pensa sobre a Tuna, caí logo o Carmo e a Trindade, "é insultuoso". Deve vir por aí, não tardará muito, a tradicional placa do spin: "policias das tunas" e a não menos grotesca "doutrinadores das tunas", aposto ( a famosa "técnica" usada pelos que nada percebem sobre a Tuna e menos ainda sobre o que ela, na realidade, é ...)



O que já não configura normalidade é alguém ler algo que não foi escrito, apenas por autocomiseração e/ou falta de vergonha, tentando justificar aquilo que faz fora de casa por nunca o fazer nela. A normalização da copofonia aguda é - mesmo sendo geneticamente cultural em ambiente tuneril, como em outros, nem sequer é monopólio de ninguém - um erro de lesa tunae e por duas razões: Banaliza quando não o deve fazer e desprestigia até quem bebe apenas água, por mera opção (sim, não há nada que obrigue um Tuno a beber álcool, rigorosamente nada). Além de desprestigiar a Tuna em geral. O Editorial em causa tem ainda o extra plus de ser lavrado por gente nova. Nem assim, constata-se. Depois não se queixem que as Tunas são maltratadas, vilipendiadas e afins.



Resumo: Achar que aquele Editorial é "um insulto" é o mero reflexo do estado em que a Tuna portuguesa se encontra enquanto cultura (?!). Bem como reflexo da noção de Tuna que os pretensos "lesados" têm. Não perceber o verdadeiro alcance do Editorial em questão é, em última análise, produção de prova sobre quem pulula nas Tunas portuguesas.



II - Por falar em PortugalTunas, os últimos 3 meses têm provado a real importância deste portal único em todo o mundo, como p.ex. atesta todo o ponto anterior. Entre outros sinais de clara e evidente relevância, que a vertigem das redes sociais ajuda a potenciar com a enormidade de disparates e pueris parvoíces - que vão surgindo e desaparecendo mais depressa do que o "tuno mais bêbado" (?!) vira um fino para o "prémio" (?!) em causa. Menos mal. A aposta no rigor, qualidade e seriedade da informação do PortugalTunas, que existe desde sempre, revela-se, hoje, ainda mais diferenciadora face ao circo das redes sociais. Tínhamos razão, lá está. Já se adivinhava, digo eu. E a caravana continua a passar, dado os cães continuarem a ladrar. Afinal, é assim há 20 anos, só muda a forma (do circo, entenda-se). É a diferença entre a Katy Perry e a Fred Perry ou, numa versão mais "tuga", entre a prima do mestre de obras e a obra prima do Mestre. E viva a segmentação de mercado.



III - Por falar em segmentação de mercado, os últimos 3 meses mostram que começa, cada vez mais, a existir festivais de tunas com casas a meia lotação ou menos - como alguns streamings e fotos mostram claramente. O que, desde logo, prova algo:

Alguma saturação por parte do comum mortal face ao fenómeno. Ainda assim, continuam a existir alguns que vendem bilhetes para o candeeiro do teatro, até, mesmo com streaming a atingir números épicos de visualizações. Dados para reflexão - ou não, dependendo se tal afirmação ofenda alguém. Aguardo o contraditório (ou não, a ver pela pele fina de alguns sobre o prémio para o "melhor bebedor"...). 



IV - Por falar em prémios em ambiente festivaleiro, tive recentemente o comeback no papel de jurado, ao fim de muitos anos a evitar tal ingrata missão - além de alguns streamings que tive oportunidade de visualizar entretanto. Denotei uma certa homogeneização artística, levando a manifestos exageros em palco - lícitos, admite-se, não vá alguém clamar de forma veemente que estou a "insultar"... - que em nada contribuem para o todo do fenómeno - mera perceção minha. Para quem - e durante décadas - apontou e aponta o dedo às Tunas espanholas por serem todas "mais do mesmo", vamos convir que começa a ter a sua piada. Percebendo a ansia em querer fazer mais e melhor, percebe-se também alguma "histeria" na forma de lá chegar, com soluções muito "normalizadas" e outras a roçar o desproposito, digamos assim. Não sendo adepto da normalização estética e musical clássica espanhola - de todo - não deixo de notar alguma declinação da nossa tradicional diversidade, a favor de "soluções testadas" que se pressupõem servir para muitas. Mais uma vez, mera perceção minha.



V - Por falar em normalização, no restante, tirando o escrito em cima, nada de anormal, todo o restante é "mais do mesmo": O folclore continua folclorista, as redes sociais continuam a ser o que sempre foram e a vida tuneril nacional continua, no seu doce remanso Outono/Inverno 2023 pós covid, liberta de coronavírus mas repleta de egocentrismovírus - que tanto nos prejudica, quer pela generalização, quer pelo disparate em si mesmo.



Ainda há 2023 pela frente. Até agora, a moda está muito Jean Paul Gaultier. 


A ver....








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