A Aventura do Imbecil







Tratando-se de Tunas, tenho o condão de os atrair, admito, enfim.

Ainda assim, é bom sinal: A insignificância não atrai.

Oferecer-lhes atenção, de há uns tempos para cá, só mesmo quando é minimamente relevante; caso oposto, ignoro-os.

A presente excepção - que confirma a regra - ocorre apenas pelo ridículo: Imputarem falsaafirmações, sem que tenha escrito uma única palavra sobre, isso sim, já é novidade.

Ora vamos lá então. 

Papinni escreveu e cito " O estúpido só profere pensamentos vulgares de forma comum, pelo que é imediatamente entendido e aprovado por todos, (...). Este favor quase universal que acolhe os frutos da imbecilidade instruída e temerária, aumenta a sua já copiosa felicidade."

Até aqui, nada de novo: É aquela malta que, quando escuta a “Ana Lee” dos GNR jura a pés juntos que o Lótus Azul é o carro do Rui Reininho, que com a mão sobre o código de praxe lá da paróquia proclama que o Papa Nicolau era português e que a Junta da Colaça é uma freguesia algures no distrito de Viseu. Se lhe somarmos o famoso "ando nisto das praxes há N anos" como manifesto de suposto Curriculum quando, na realidade, é Cadastro​, pouco ou nada haverá a acrescentar, por óbvio: Só esta malta consegue conferir autoridade moral a uma sucessão épica de chumbos. 

É consabido que, se uma andorinha não faz a primavera, de igual modo um imbecil não faz uma academia. A Obra Prima do Mestre não é a prima do mestre de obra. E a ignorância é sempre atrevida. 

Mas, na verdade, e citando novamente Papini, “Não existe no mundo raça mais necessária do que os imbecis. Se não houvesse génios, ainda seríamos bárbaros, mas sem néscios a espécie humana teria terminado desde longa data".

E​ continua: "Se o invejado é na verdade superior ao invejoso, ninguém pode nada contra ele: o grande tem de descer até ao pequeno para ser contagiado”. Ora, entremos no elevador.

Resolvidas as questões supra - quem, como e onde - e da mesma forma como o imbecil as abordou, logo, em equidade, vamos à questão final: 

Porquê, afinal, tudo "aquilo"?

Recorro, agora, ao grande Eça, e cito "V. Ex.a., que estava brincando funebremente, a fazer no soalho, com tochas de fósforos, uma procissãozinha de moribundos, ergue-se de repente, corre para o público, mesmo sem tirar o babeiro, e acusa-me, entre lágrimas de furor, de estar sempre a implicar consigo!".

Ora, não. Nem respondi, sequer. Pelo contrário, foram colocadas desditas na minha boca, quando proferi precisamente e desde sempre, o seu preciso oposto. Só o infeliz cria drama do nada. E viva a internet. 

“Aquilo” surge para mitigar uma triste falta de autoestima, pincelada com comezinha inveja e, em simultâneo, para alimentar o pequenino ego, à falta de obra de facto. Se somarmos os ódios de estimação de sempre do "tal animal de longas orelhas felpudas, de rabo tosco, de anca surrada pela albarda, que orneia e que abunda em Cacilhas..." - citando Eça novamente - estamos para lá de conversados. 

Eis a razão desde Aventura: A bizarria da maledicência. Tudo o resto é mais do mesmocomo sempre. Simples. Nos dias de hoje um Praxista​ Tuno é, além de ​algo anacrónico, um constante conflito interior de difícil gestão​, só resolvível conquanto o mesmo seja inteligente. Caso oposto, aconselha-se um bom psiquiatra e/ou um melhor advogado.

Regressemos, pois, ao vulgar de Lineu e aos bucólicos dias primaveris de Maio, onde as prachisses são clamadas em infinitos "éfférreá´s " que apenas tentam camuflar ilegalidades várias - como, aliás, a própria Assembleia da República o afirmou, em Resolução de 2016 - e polir micro egos​. 

Restar​ão "disto" apenas consequências, ainda que indirectas - o que se lamenta. Mas relativizar-se-á; Porque não se confunde a árvore com a floresta, ainda que a memória não fique curta.​ Acresce a tal que​, perante estes casos, recorro eventualmente​ - assim se justifique, como no passado ocorreu -  ao Código Penal, dado que um qualquer código de praxe nem sequer me oferece serventia para higienizar a extremidade do intestino grosso.

Quanto ao legítimo proprietário da albarda, resta informar que ficará a ornejar para o seu - agora ainda menor - micro-cosmos de ocasião, e para começo. Em bom rigor, nem sequer sentirá qualquer diferença: É que ninguém lhe conhece uma linha inteligível - prova cabal da sua irrelevância. ​Ir para piscina sem pé dá mau resultado, principalmente quando se nada na do Michael Phels.

É (d)a vida. 

Bom, voltemos à normal, legal e habitual curadoria da Tuna - ​afinal, o que realmente importa​. 



Comentários