Pego, hoje, numa frase de uma "Aventura" datada de 2016:
"No "boom" dizia-se, em tom perfeitamente mitológico - porque associava de forma completamente errónea a Tuna com a Praxe, por força da sobreposição dos actores destas duas realidades distintas - que "terminado o curso se deveria sair do activo". Mas também se dizia "uma vez Tuno, Tuno para Sempre". Resta saber que densidade cada uma das "teorias" assumia e caso a caso."
Retomo neste ponto.
Nada como uma letra de época para se perceber, não apenas a mesma, mas também a tal pretensa bipolaridade supra - se é que existiu/existe.
"Cielito Tuno", pela Tuna Universitária do Porto. Ora, uma adaptação - tão em voga naquele tempo - de um tema mexicano e no caso "Cielito Lindo", canção "ranchera" escrita em 1882 por Quirino Mendoza y Cortés.
Ora reparem na letra da adaptação, a dado passo:
"No exame fiz tudo, já tenho canudo
Já só me resta a saudade,
a Sebenta deixei, prá Tuna voltei
e acabou-se a faculdade".
Aí, aí , aí, aí
é só gozo agora
sem aulas pra ir, só quero curtir
adeus Universidade!"
Deveras elucidativo, para lá de esclarecedor.
Presumindo que o autor da trucagem da letra não teria como único objectivo a mera rima, poder-se-ia afirmar que a mesma foi espelho de um estado de espírito, no caso, de época, circunstância e lugar.
Traduzindo, terá sido intenção do autor narrar um percurso, vivência, que cruzava a Tuna com a vida estudantil. Ora, ele diz claramente e cito "a sebenta deixei, prá Tuna voltei".
O que significa que, no limite, seria - como é - algo natural continuar na Tuna. E ainda remata olimpicamente com um feliz por cabal "acabou-se a faculdade!" - não deixando espaço para suposições, sequer; a passagem seguinte, essa então, é demolidora: "é só gozo agora, sem aulas pra ir, só quero curtir, adeus Universidade!".
Se fosse regra sair da Tuna quando se acaba o curso, esta frase não teria sido sequer pensada, que fará escrita.
A virtude, aqui, reside na espontaneidade. Além de mais, prova inequívoca do que sempre se disse sobre o tema: Não há idade para estar na Tuna. Se houvesse, não existiam quarentunas, por exemplo.
Esta letra é de finais dos anos 80 do Século XX - quando existiam apenas umas 4, 5 Tunas estudantis no activo em Portugal.
Se tivesse sido eu o autor desta trucagem seria, naturalmente, suspeito - e em causa própria.
Ora, não fui.
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