Um certame nos inícios dos anos 90, perto de Lisboa. 91, 92, por aí.
Tunas atrás de tunas a desfilar em palco. A dada altura entra em palco a Tuna de Magistério de Sevilha, então, considerada por muitos (eu incluído) como provavelmente das melhores, senão a melhor tuna do mundo, naquela época.
O primor, o cuidado, as capas devidamente postas aos ombros, o bailar das mesmas ao sabor do compasso das "Imagenes de Ayer" (original de um dos seus, por sinal) pareciam ondas do mar, a fila da frente em contraponto perfeito com a de trás, enfim, algo que ao ver-se (e escuso de falar no que se ouviu...) pura e simplesmente marcava a diferença, a distinção, a classe, o primor, o cuidado mas sempre soando a Tuna, sempre. De tal modo me impressionou que ainda hoje retenho o exemplo; caso oposto não me recordaria, por banal.
Postura em cena é isto mesmo: postura, não falta dela.
Confunde-se muito estas noções, infelizmente. Há quem ache que apalhaçar é coisa tuneril, do mais puro e afins. Falso, completamente falso. Como é falso posturas sisudas e carrancudas a puxar pró mais do que sério, e que soam a tudo menos a postura de facto.
Postura é saber dizer a coisa certa no momento certo, uma arte em si mesma. É saber estar, elevando a nossa condição, percebendo onde se está e com quem se está.
Vivemos numa época onde se eleva o despropósito e até o insulto grotesco à condição de estrelato. Em tunas isso é ignobil, até.
Tuna que se preze desse nome tem de saber estar quer perante o mais pobre dos mendigos, quer perante o mais faustoso dos Reis. Ou seja, tem de saber ter postura. Em cena também.
Mas fora dela, igualmente.
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