Em Agosto de 2011 escrevi esta "Aventura da Distância Temporal". Já lá vão uns anos.
Na verdade, o advento da Inteligência Artificial apenas vem comprovar o então escrito, com particular enfoque no que pode chamar de vertigem pseudo-informativa, onde a rapidez da disseminação de supostas notícias pretende, com tal, validar algo que não o é. Ou seja, tentar fazer de uma não notícia o seu oposto.
Curioso que, em 2011, ainda não se falava de IA mas antes e sim, já, no dito lixo informativo.
Em suma, já se falava, então, na brutal diferença entre Facto e Opinião. Curioso verificar esta antecipação de cenário a mais de uma década de distância ou talvez não: Na verdade, o cancro já existia e hoje, limita-se a continuar presente: A Desinformação baseada na percepção e na opinião.
"Uma das questões mais complexas de gerir aquando do estudo do fenómeno prende-se naturalmente com a distância temporal, seus constrangimentos, agruras, perda de visão ou pelo oposto vivência na 1ª pessoa, em suma, prende-se com o necessário e sensato ponto de vista isento, apurado e correcto que deve ter o mesmo estudo. Os Historiadores consideram que 30 anos será uma distância a verificar face ao labor, sensatez e resposta coerentemente objectiva que esse estudo deve capitalizar, sob pena de não o ser, de todo.
Assim sendo, o resultado prático aplicado directamente ao ressurgimento da tuna estudantil em Portugal estará ainda a alguns anos desse objectivo distanciamento, com tudo o que isso importa e significa no que se refere ao compilar documental, de vivências, comportamentos, tradições, etc, do fenómeno da tuna estudantil derivado desse dito "boom" de finais dos anos 80, inícios dos de 90 do Século passado. Estaremos quase a lá chegar pelo andar do calendário. Mas resta uma questão essencial: E pelo andar do devido e pretendido estudo objectivo da mesma época? Receio bem que não, por ora.
Os resquícios dessa gloriosa época estão, grosso modo, ainda vivos. As traves mestras da mesma estão ainda aí, na sua continuidade tão típica e tradicional de tuna, fomentando muitos dos preceitos de então, embora aqui e ali com roupagens novas ou distintas até. Alguns de então ainda por cá andam, de uma forma ou de outra, e já várias gerações se sucederam entretanto a si mesmas. Ou seja, os pontos de vista são necessariamente distintos, apesar de tudo. O contexto do "boom" - social, universitário, etc - já não é o mesmo, de todo e por si só explicaria grande parte do caminho percorrido de lá para cá.
A verdade é que - e no que se refere a estes 25 anos grosso modo - a noção de distanciamento temporal é extremamente interessante de ser analisada, até pelo advento, entretanto e dentro deste lapso de tempo percorrido, das ferramentas online, redes sociais e afins, que tornam o tempo em algo - principalmente nos últimos anos - muito mais denso a nível informativo, seja de boa informação, seja de lixo informativo.
Não estranha, por isso, a ideia de que a noção de tempo hoje é algo distinto da noção de tempo de então; outros tempos, dir-se-ia. Contudo, quando é o número de "like´s" e visualizações de determinada "notícia" a dominar as atenções em catadupa, a essência daquilo que deve ser notícia de facto perde-se nesta imensa densidade e quantidade de "informação" que nos é debitada a todo o instante.
E é dessa mediatização que decorre a constatação da distância temporal hoje e a que havia antes; necessariamente, com tanta dose informativa por dá-cá-aquela-palha, actualmente um ano equivale a cinco no que toca a este aspecto. Nada de crítica, apenas de constatação de facto.
Restará, a quem daqui a uns anos, se predispuser a estudar esta época em concreto, um trabalho árduo mas agora de seriação e escolha minuciosa entre o que realmente é importante e o que não o será de todo, no que toca à caracterização, documentação e tratamento de facto de tudo o que esta época em concreto abarca(rá). A ver vamos.
Outro facto curioso: Se a distância temporal, quanto a esta época, "obriga" a espera sob pena de sair asneira, não deixa de ser curioso que muitas vezes, a quente - e por força dos meios electrónicos que hoje estão disponíveis - se perca e pelo menos durante uma semana essa mesma noção: quantas vezes, após o evento X ou Y não se dá uma catadupa de informações de todo o tipo e feitio, onde das mesmas o historiador previsível daqui a uns quantos anos nada ou muito pouco irá retirar de efectivamente pertinente. Passada essa semana, o tema morre, caí, até ao próximo.....
Finalmente:
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