A Aventura do Tuno Narcisista...

Tem sido um exercício curioso constatar a "arte" do auto-elogio por oposição à discrição. De facto, nota-se nestas duas posturas desde logo, uma forma completamente distinta de encarar o fenómeno.

Não raras vezes, chega-se a parâmetros que são de facto tão claros que não oferecem dúvida perante a postura que temos pela frente. E é também graças à "arte" do auto-elogio ainda que a ideia que até se tem de alguem passa necessáriamente a merecer outros cuidados. As coisas valem pelo que valem, numa análise sempre pessoal. No entanto, continua-se a assistir a uma espécie de "imposição pela força" de noções não raras vezes somente existentes por quem as propaga, num ambiente quase narcisista de adoração da sua própria imagem, esquecendo-se que quem o faz e pratica, cai por tal num ridiculo tremendo e que origina sempre um efeito contrário ao desejado.

Hoje em dia, com tanta informação disponivel, não será necessário ir longe demais, bastando apenas relatar factos e não extrapola-los desmesuradamente, porque o dominar da informação rápida faz com que seja perigoso dizer algo mais. Nota-se claramente alguns niveis de ansiedade por parte de quem julga que não é reconhecido por terceiros e por julgar mal até, vai daí, impõem uma imagem desmesuradamente infiel à real. A humildade é algo que se pratica sustentada na realidade certamente para que não se cair em falsa modéstia mas também pressupõe deixar ao critério de terceiros que o reconhecimento seja feito por eles e não "impôr" o mesmo a esses terceiros, numa espécie de dogma ou tabú que em nada resulta de positivo. Várias vezes e falando pessoalmente fico sim é com péssima impressão de algo que é dito e redito que pretenderia, ao dize-lo, com que eu ficasse com boa impressão.

É um risco que se corre, certamente. Por vezes o silêncio e a sua gestão são de ouro e mantêm imaculadas uma série de coisas, de posturas até. Já outras, à custa de tanta publicidade, faz-nos lembrar aquele produto que de tão badalado, acabamos por nem sequer querer ouvir falar dele. Curioso constatar quem não precisa de se auto-promover e quem necessita de tal "arte" constantemente e muitas vezes, quase sempre, sem necessidade. A ponderação obriga-nos por vezes a gerir o silêncio. E o que fazemos de bom por si só fala. Quem nos conhece sabe-o. Para quê então "impôr"?

Hoje em dia ninguém vai na "conversa do costume" e procura informação sobre este ponto ou aquele, assim sendo, para quê um outdoor em cada 5 metros? Apenas um desabafo. Nada mais que isso, porque eu - e muitos que por aqui passam - sabem muito bem o que é isto ou aquilo. Ninguém está desinformado. E a humildade pratica-se, não se proclama somente. Uma coisa é o nosso cartão de visita, outra é mete-lo à força no bolso do parceiro....

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