A Aventura dos Inimigos da Tuna..

Emilio de la Cruz Aguilar é tido em Espanha e desde há muito tempo como um dos mais interessados e densos investigadores do fenómeno Tunante. Professor titular da Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Madrid, este Tunólogo - asssim se poderá intitular - possui imensas obras escritas inteiramente destinadas ao estudo da Tuna e das suas formas historicamente definidas, como sendo Libro del Buen Tunar, Madrid, Civitas, 1994, 2ª edición; Crónicas de la Tuna, Madrid, Civitas, 1986; Chronicas Tunantescas segundas, Madrid, Civitas, 1992.La Tuna, Madrid, Editorial Complutense, 1996, entre outras tantas.

Escreveu este autor algumas linhas que deixo aqui reproduzidas numa tradução livre, tendo como titulo "Os inimigos da Tuna". Para a Vª Superior reflexão, então...


"Os inimigos da Tuna, internos e externos, como os da alma, são três, mas não o mundo, demónio e carne, senão machismo, etilismo e feminismo. Há um machismo próprio, de alguns tunos que se creêm que se-lo é fanfarronear, presumir, beber mais que ninguém (aqui o segundo inimigo, o etilismo) e andar "armado em" por todas as partes.

Logo está o machismo dos demais, causa dos inimigos varões que tem a Tuna, que produz uma espécie de ódio das habilidades dos outros, alguns ficam chateados com o que outros tocam, cantam, que levem um traje, cansa-os ver em primeiro plano, etc. ou seja, inveja. Já ocurria na antiga universidade, onde era frequente que os negados para certas habilidades interrompessem pela violencia as serenatas, a ponto de que a ronda se dava com um acompanhamento notável de espadas e rodelas (...) , mas como dizia há pouco tempo a madrinha do VII Certamen de Tunas de Murcia, Eukene Morcillo: «é difícil estarmos de acordo na hora de os definir (porque se há quem os considere divertidos, para outros são um pouco «frescos», carinhosamente falando...) a verdade é que quando actuam, com o seu despropósito e bom humor... à maioria, o que na verdade acontece é que os invejam por não pertencerem a «essa sociedade» particular que é a Tuna».

Falando de etilismo, o tuno pode sê-lo e perfeito, ainda que seja abstémio. E uma coisa é beber e apreciar os vinhos que se provam e outra contar as esquinas onde se vomitou. Por isso, com o pretexto do vinho, o bom tuno faz brindes, canta canções e relaciona-se com outros; no pólo oposto, o "borracho" que compra a bebida para emborrachar-se em casa...

O Maestro Juan Ruiz disse acertadamente: é o vinho muito bom nas suas propriedades de bondade que possui, se tomado com mesura o que o bebe, (...) Essa mistificação do bebedor, o apreço pela quantidade que se bebeu não é substancial ao tuno: Substancial será o gosto pela música, pela aventura, pelas senhoras, pelos amigos, ser bom companheiro, alegre, generoso e tolerante.

As feministas são um caso pitoresco porque a Tuna deve-lhes parecer a encarnação do mito do macho conquistador e não percebem que o tuno é, antes de nada, um artista em sentido amplo, não estranho, um artista da vida e quase sempre o que se chama em linguagem coloquial um conquistador, pelo qual a sua atitude normal perante os ataques, por vezes virulentos, das feministas é ignorar."

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