A Aventura da "lógica da banana"


Há uns tempos atrás deparei-me com - mais - uma "lógica da banana" no discurso e opinião tunante, sempre respeitável seguramente mas que e no caso, me deixou perfeitamente "descascado", por assim dizer.

Basicamente traduz-se essa lógica na frase " quem muito escreve sobre tunas regra geral é porque não toca nem anda na Tuna, porque quem anda na tuna não tem tempo para escrever sobre tunas", mais cacho, menos cacho, era isto.

Fiquei perplexo com tal afirmação, tenho de o dizer frontalmente. Não tanto por eu escrever que "Deus me livre" (não será defeito, antes feitio, assumo-o) mas antes porque eu sou Tuno no activo, participando com regularidade nas actividades - várias - do meu grupo quanto mais não fosse por imperativo das responsabilidades que detenho no mesmo (desnecessárias até para que participasse, felizmente). Perante tamanha lógica da banana, não consegui de facto - e perdoem-me a incapacidade para tanto.... - estabelecer qualquer relação entre escrever-se muito sobre a Tuna em sentido geral e participar pouco ou nada na actividade tunante de facto.

Aliás, até acho precisamente o oposto; regra geral só escrevem sobre a Tuna aqueles que a vivem ou viveram intensamente e que a ela estão ligados ad eternum por laços que vão muito mais além do que a simples passagem por uma tuna. Mais até, parece-me seguro que as melhores reflexões - aquelas que mesmo não concordando dão que pensar sobre o fenómeno e pelo menos - são regra geral originárias precisamente daqueles que encaram a Tuna como um modus vivendi e não como um apeadeiro da sua vida estudantil por onde passaram com a mesma rapidez com que o Simão Sabrosa foi para Madrid assinar pelo Atlético.

São os que mais escrevem - e porque mais escrevem, mais poderão errar e mais expostos, por conseguinte, estão - que fazem as despesas do Ser-se Tuno, porque eles sabem - ou pelo menos sentem-no e sentiram na pele - o que de facto é relevante e o que não o é para o todo de uma cultura singular, nem que com isso digam asneiras de meia noite; antes reflexões mesmo erradas do que nenhuma, seguramente.

Aos que estão muito ocupados a tocar e a ensaiar e que, pela "lógica da banana", é que "sabem como isto é" ( os que escrevem estão out, demodé, fora do prazo e afins...), por oposição aos que nada tocam ou Tunam mas que "escrevem para caraças", dizer que essa lógica é tão válida como afirmar que Adolfo Hitler foi um grande democrata; não tem qualquer validade prática, é errada, é da "banana", é "macaquisse" para Tuno "ver".

Mais: escreve quem quer, seja ele Tuno no activo ou não; a actividade tunante por si só não confere autoridade moral a ninguém como o oposto também não a confere. Muitos Tunos tem este "bananal" tunante que não fazem a mínima do que andam a fazer, julgando que com um simples "FRÁ" e trajados (mal, alguns) já são autoridades catedráticas sobre Tunas e afins. Como da mesma forma não será por ler muito em casa no sofá que torna alguém numa sumidade Tunante. Por isso é que a "lógica da banana" do discurso tunante é isso mesmo: uma "lógica da banana". Pior, lógica descascada de qualquer objectividade no terreno.

Nota do Autor: FRÁ. tantos o dizem e poucos saberão o que significa. Tempos houve em que não se podia neste país fazer o que bem se queria, em resumo, tempos onde não havia liberdade. O Estudante então usava - como a sociedade em geral - subterfúgios de toda a espécie para fugir à censura fascista. Em Coimbra, certa ocasião surge no meio estudantil a Frente Revolucionária Académica, para fazer contestação ao regime ditatorial. Como não havia liberdade, usou a lógica da inteligência (aquela coisa que serve para evitarmos problemas e não para nos metermos neles..), resumindo à sigla FRA (Frente Revolucionária Académica) o seu grito, que ficou posteriormente como sendo o conhecido Grito Académico FRÁ. O restante da "lenga lenga" é consequência normal até por força da ordem das vogais....

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