A Aventura da Organização das Tunas Unidas



O actual momento tunante nacional, por uma ordem variada de razões, quer históricas, quer actuais, confere ao panorama alguma atipicidade e heterogeneidade, aliadas a uma descrença baseada na falta de voluntarismo de cada Tuna (falta histórica e que se baseia na estrutura clássica que as tunas têm na sua organização) bem como na proliferação de "para-tunas" e ou similares com forte apetência à introdução de conceitos perfeitamente afastados e díspares por absurdos até (vide caso sapatilhas) face ao fenómeno tunante tradicional por excelência.

O momento é grave por um determinado ponto de vista; já por outro, poderá essa gravidade e face a acontecimentos e fenómenos recentes, serem estes catalizadores de uma nova perspectiva no seio tunante no que se refere ao relacionamento inter-tunas, bem como no estruturar de um novo status quo a nivel nacional que basicamente pretenda resguardar o fenómeno no que de mais tipico, tradicional e identificativo tem. Nada de mais natural num fenómeno que ressurgiu faz agora grosso modo 20 anos e que nunca - à excepção de um Conclave Tunae, um CITAT em Coimbra e 4 edições do ENT, para lá do surgimento de um orgão de informação global via internet, ou seja, um opinion maker - teve como agora tanta reflexão e diálogo inter pares, fruto do momento do panorama, seguramente.

Foram 20 anos a tocar muito e em alguns casos, muito bem; mas foram 20 anos curtos de diálogo, reflexão e pensamento tunante entre as Tunas académicas e ou Universitárias nacionais; o preço dessa falta de pensar a Tuna está hoje a ser cobrado paulatinamente e com custos reais para a natureza até da Tradição tunante.

Todos sabemos existirem uma série de inúmeros bloqueios genéticos até por parte de cada Tuna académica e ou Universitária para o subsídio de uma clara frente de pensamento e de eficaz acção no terreno por parte das mesmas, fruto como disse antes, da natureza contra-voluntarista de cada tuna académica e ou universitária. Manda, pois, o bom senso que a gestão de um processo de concertação inter-tunas seja algo diplomaticamente bem gerido, entregue a quem pensa a Tuna académica e ou universitária e a veja de forma global enquanto Tradição secular e não numa visão umbiguista da sua própria agremiação mas antes no plano superior dos interesses superiores também eles das Tradições Tunantes. Curiosamente, os fenómenos recentes e factos recentes que atacam e vilipendiam a noção tradicional da Tuna foram e são eles mesmos como disse acima a melhor forma de catapultar posições, obrigando de facto quem preserva o fenómeno e não permitindo a omissão que mais não é que um ratificar dessas invenções de 15 dias que em nada acrescentam ao fenómeno excepto ridículo geral - e aqui todas sofrem com o que uma só faz ou deixa de fazer.

"Batalha" inglória, dirão alguns. Dificil, direi eu e outros mas não impossivel e até actualmente cada vez mais viável se analisada a matéria com alguma frieza, calculismo e acima de tudo, diplomacia activa na abordagem dos temas pertinentes que são a urgência preemente actual.
A hipótese - cada vez mais próxima - de uma Organização das Tunas Unidas (nome como qualquer outro, apenas uma designação para melhor percepção do leitor, não mais que isso) começa a tomar contornos cada vez mais estáveis embora em fase embrionaria e pueril, naturalmente. Aliás, essa OTU não indica perda de soberania de cada Tuna mas antes uma clara intenção de harmonização de vários conceitos, principios e modus operandi face a determinadas situações, sendo que tal noção será porventura a ante-câmera de algo mais efectivo e consolidado no tempo de forma até legal. A urgência deste passo não é de hoje mas revela-se actualmente preemente e pertinente como nunca e já existem de há uns anos a esta parte, vários contactos a nivel bilateral e multilateral para a observância de um projecto global com esta natureza; ou seja, muito e muito se tem escrito e falado mas por aqui se tem ficado o processo.

Desenganem-se alguns sobre a sua hipotética (falta de ) representatividade; um processo desta natureza situado na ante-câmera do plano associativo de facto entre Tunas não obriga sequer à inclusão de todas ou grande parte das tunas nacionais, precisamente porque não possuí esta pré-ideia o pressuposto de "unificação nacional" ou "máxima representividade possivel". Não, pressupõem apenas que algumas que partilham dos mesmos valores observando uma série de regras comuns a elas se sujeitem de forma voluntária, exercendo assim essa espécie de "Sociedade das Tunas" uma função clara de auto-regulamentação e auto-regulação entre as mesmas e não de dentro delas para fora. Em suma, não será necessário mais que um punhado de tunas para que essas mesmas se pretendam auto-regulamentar e auto-regular, com decisões de âmbito colegial baseadas no mais elementar principio democrático interno da representividade, numa estrutura que assume em bloco posições, debates, noções, pensamentos e porventura acções das suas filiadas face a terceiros que a ela não estão naturalmente obrigadas.

Como bem diz o Dr. Eduardo Coelho, "deve-se reagir mais do que "pro-agir (...) Penso, ainda, que a OTU terá de se preocupar mais com o reger-se do que com o reger as não-alinhadas. Poderá não mandar nas outras, mas pode, certamente, deliberar unilateralmente. " (fim de citação). É nesta base que se deve caminhar actualmente e que para ela já existem várias demarches como acima referi; se não há qualquer possibilidade realista de uma maior abrangência, nada impede a quem quiser alinhar-se que o faça naturalmente e tal não pode ser visto de outra forma que não uma unica: natural, porque legítima por parte de toda e qualquer tuna que assim pretenda agir.

Assim, concluo que está na hora, no dealbar deste Século XXI , para que haja um Memorandum Tunae que seja vinculativo a todas aquelas que assim entendam vincular-se no âmbito das suas naturais competências e independência; se há quem não queria saber destas questões (e no seu direito inalienável), outras haverão que pensam precisamente de forma oposta e como tal, legítimamente têm esse direito.

A urgência clara de uma tomada de posição firme e segura dos principios Tunantes mais tradicionais e históricos assim o obriga, por imperativo de consciência. Em breve veremos ecos sobre tais matérias e mais que isso, acções de facto.

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