A Aventura associativa espanhola




Espanha e as suas Tunas têm, neste momento e desde Novembro de 2005, um Conselho Nacional de Tunas, ela mesma uma associação de várias Tunas espanholas que se tornaram pessoas colectivas de direito privado, ou seja, elas mesmas são associações, composta actualmente pelas seguintes Tunas Universitárias:

Tuna de Arquitectura Técnica de Granada, Tuna de Ciencias de Barcelona, Tuna de Ciencias de Granada, Tuna de Derecho de Albacete, Tuna de Farmacia de Barcelona, Tuna de Ingenieros Agrónomos y Montes de Córdoba, Tuna de Ingenieros de Telecomunicación de Valencia, Tuna de Magisterio de Málaga, Tuna de Medicina de Badajoz, Tuna de Medicina de Córdoba, Tuna Universitaria de Deusto e Tuna Universitaria de Santander.

Este Conselho Nacional possuí um forum onde participam outras 30 tunas de toda a Espanha (para lá de tunos a título particular) que estão interessados nesta iniciativa. Estabeleceu-se assim uma forma de comunicação fluida via Internet, bem como se realizaram as primeiras Assembleias virtuais trocando emails. Em resumo as bases legais e de infraestrutura operativa estão já em funcionamento.

Possui igualmente este Conselho Nacional de Estatutos próprios e que derramam as regras fundamentais do relacionamento inter membros do mesmo conselho. Mais fornecem às Tunas interessadas em aderir a este conselho vários instrumentos juridicos para que possam aderir de pleno direito, como se poderá constatar neste link.

O motor desta ideia reside no facto de que o deterioramento da imagem geral da Tuna surge em primeiro lugar pela falta de um critério medianamente unificado que se reflete na actividade tunante, por um lado, e também pela falta de representatividade geral da Tuna na sociedade em geral.

Ora, nada mais nada menos do que se passa regra geral por este lado da fronteira, vamos convir com legitimidade empírica. Ou seja, as duas questões de fundo são em tudo nada semelhantes: quem é ou não é tuna desde logo e depois a força que o conjunto das mesmas pode eventualmente deter na sociedade onde se insere.

Algumas das Tunas acima mencionadas são, para lá das restantes certamente, tunas respeitaveis e venerandas, acima de qualquer suspeita no todo tunante espanhol, sendo algumas delas para lá de muy antiguas, autênticos icons da Arte de Bem Tunar. Se repararmos com algum cuidado, temos tunas de vários estudos distintos, cidades e regiões autónomas distintas e mais ainda, com histórias também elas distintas de mais ou menos sucesso musical, ou seja, não as liga qualquer sentimento de self protection quanto a pretensa qualidade musical mas antes sim resulta essa ligação de um sentimento mais forte de união entre as mesmas, a partilha de valores comuns e de defesa nomeadamente da própria instituição Tuna.

Não encontramos até à data qualquer contestação em Espanha a este Conselho Nacional de Tunas quanto à sua representatividade: são doze tunas num universo com mais de trezentas. Mais não restará às restantes que se associem ou não associem, sendo que no 1º caso há regras para cumprir desde logo e de adesão ao Conselho. Nada de mais natural. Pode haver naturalmente quem não se reflita - e legitimamente - neste Consejo Nacional. O que não impediu a sua formação desde logo e sob principios que me parecem, em 1ª análise, normais, legítimos e aceitáveis face à realidade tunante espanhola.

Naturalmente que esta realidade só ocorre agora, em 2005, fruto da constatação de factos e realidades de hoje mas para além disso, naturalmente, fruto também da procura dos pontos de união em invés dos pontos de discórdia. Não será de todo alheio a isto o facto de existirem conselhos de Tunas em razão de curso - e respectivos circuitos - bem como em razão de distrito, experiências mais antigas e que trouxeram, naturalmente, uma mais valia para a prossecução deste projecto, quer através das experiências positivas quer pelas negativas que esses circuitos e conselhos locais ou em razão de curso trouxeram.

O facto de estar composta por doze tunas hoje em nada diminuí a sua legitimidade, à falta de outra experiência anterior, pois candeia que vai à frente alumia duas vezes. Mais que isso, quem não se quer alinhar sob as condições acima enumeradas, pode sempre criar uma outra associação representativa e isso não me parece que cause mais fracções do que aquelas - inúmeras - existentes quando está cada Tuna por si mesma. Num fenómeno cultural de séculos como é a Tuna espanhola, chegar a 2005 e ver um Conselho Nacional de Tunas parece quase um atraso secular face ao que acontece por cá, deste lado da fronteira. Mas não o é, apenas significa o resultado quase fatal precisamente dessa história de séculos de Tuna, para lá de resultado obvio do actual cenário espanhol.

Ora, seria suposto que as doze primeiras tunas fossem tunas de referência no âmbito musical ou até mesmo face ao seu prestígio. Acontece é que reparamos bem, não é esse o caso porque em Espanha a defesa do fenómeno não assenta somente numa ou noutra premissa particular de cada tuna mas antes num ponto de contacto maior: a defesa da tuna enquanto instituição cultural ela mesma.

Se virmos com algum cuidado, os cuidados aqui existiram (passo a redundância) na formação deste Conselho. Saiba-se ver o exemplo ao lado, aqui também, da melhor forma possivel e acima de tudo, com alguma inteligência e bom senso.

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