A Aventura da "Mocidade oh Mocidade, Louca, pouco Ingénua, nada generosa e faminta de ilusionismo..."



















Certamente se lembrarão desta frase que dá título a esta "Aventura" à qual humildemente fiz uns pequenos acrescentos e ligeiras alterações. Não que queira alterar a fantástica letra do Engenheiro Paulo Pombo - e perante a sua memória me curvo - de forma alguma, apenas e tão só tomei a liberdade de, com a mesma, tecer agora alguns considerandos. Peço por tal, perdão pelas pequenas adaptações que fiz.

"Mocidade, oh Mocidade", que andas tão enganada contigo mesma, fazendo lembrar a "outra" Mocidade bem portuguesa que tão bem enganada foi em tempos. Ao menos essa trajava-se direitinho e aí do "reaccionário" que inventasse fosse o que fosse pois para inventar bem chegou o "Botas" de Stª Comba, julgavamos nós (e mal pelos vistos). Curioso, "Botas": Será que já era um prenúncio, uma visão de que a indústria do calçado nacional iria mais longe graças não às botas mas às sapatilhas? Nunca chegaremos a saber, só recorrendo provavelmente a uma Medium daquelas de feira popular que tem sempre um cumplice atrás da tenda a sussurar precisamente o que o incauto cliente quer ouvir:
.....zzzzzzzzza...paaaa....tiiiiiii.....lhaaaaa....

Mocidade tunante de hoje que é, de facto, muito pouca ingénua e nada generosa, vamos convir. É pouco ingénua desde logo porque precisamente... nada generosa. Nem consigo mesma o sabe ser, que fará então com os outros. A sua generosidade é limitada e, assim, não consegue ser natural, é uma generosidade de etiqueta, de ocasião bem definida e por isso, muito pouco natural. É uma mocidade tunante que não sabe ser naturalmente generosa com uma Tradição que os acarinhou ao recebe-los. Ao invés, "agradece-lhe" e desata a ser astuciosamente pouco ingénua. Ninguém inventa no âmbito de uma tradição secular sendo absolutamente ingénuo. Hoje em dia e a ver pelo que se vai vendo, quase que nos apetecia regressar aos nossos puerís tempos de santíssima ingenuidade, onde errar era natural e o pecado desprovido de malícia.

E faminta de ilusão, também. Ilusão também pode ser iludir, iludir-se e iludir os outros. E provavelmente a mocidade tunante de hoje, sendo pouco ingénua e nada generosa, acaba naturalmente por ser faminta de ilusão. Faminta de iludir-se e iludir os outros com coisas que não servem para nada, que não são importantes e/ou essenciais, que nada tem a ver com a "ilusão de um instante" mas sim e antes com vários instantes de ilusionismo tunante, tipo os festivais de tunas, por exemplo. Querem melhor exemplo acabado de ilusão que este? O Festival de tunas em Portugal hoje poder-se-ia traduzir numa frase também ela conhecida do tipo "são franjas de ondas do mar que os ventos logo varreram" e a cada festival que se sucede a outro é caso para dizer "logo descem, depois morrem, mal se sabe se nasceram..". E lá vai, quão longe vai, a mocidade tunante portuguesa de festival em festival, deixando de lado o Nosso Encontro com o essencial do Ser Tuno.

Resta-nos a Loucura da mocidade tunante, essa loucura que sempre a caracterizou, justiça lhe seja feita. Louca como sempre foi, umas vezes mais, outras menos. Ultimamente vamos convir que anda louca de todo, a ver pelo que se vê. Louca a inventar coisas absolutamente loucas, louca a inventar sem nexo algum para assim poder justificar as loucuras que se cometem, louca a correr de sapatilha calçada e com saía estampada para uso masculino, provavelmente para facilitar esta louca corrida nada ingénua e muito menos generosa com a Tuna. Que louca que ela é, a mocidade tunante de hoje, que trata a Tuna tão mal, dizendo-lhe na cara que és inocente em pensar que por ti hoje vivo a chorar....

Uma coisa é certa: Da maneira que isto anda, a mocidade tunante de hoje nunca saberá o que significa eternizar a ilusão de um instante...

Comentários

Este comentário foi removido pelo autor.
J.Pierre Silva disse…
Muitíssimo bem.

Mas há que não perder a fé nos mais novos, pois eles também são os espelho do laxismo e falta de "presença" dos mais velhos!