A Aventura do insignificante Expurgo tunante

Sempre defendi que uma Tuna Universitária e/ou Académica sendo composta por Tunos, logo seres humanos, encerra ela mesma os reflexos dos seus componentes. Logo, sem Tunos de facto não há Tunas, é o Tuno que faz a "sua" Tuna, a Tuna em sentido lato e não a Tuna que faz o Tuno, mesmo que esta o molde, instrua, encaminhe - e em certos casos, mal como se constata infelizmente.

O Tuno é o núcleo da actividade Tunante por excelência e não a Tuna, se atentarmos até à necessária genética do Ser-se Tuno, da própria história Tunante, dos fundamentos pré-tunantes como sendo os Sopistas ou até o Goliardismo que nunca careceu de uma noção organizativa para existir. O ser-se Tuno, mesmo que para o seu exercício necessite inevitavelmente de um sentimento corporativista de pertença a uma Tuna, é algo que ultrapassa essa mesma noção.

Defendo tal e continuo ainda mais, hoje, a defender a mesma, pois os tempos provam à saciedade precisamente tal noção. Se reparamos em Tunas já com alguns anos, é notório porque óbvio que os seus melhores momentos corresponderam a uma melhor qualidade humana e tunante da maioria dos seus componentes. Quando uma Tuna se encontra mesmo numa fase negativa, num ciclo descendente do seu percurso, se a mesma estiver composta activamente por Tunos com T grande, mesmo contra tudo e contra todos, essa Tuna seguirá - com mais ou menos dificuldade - o seu caminho e mais tarde, até, recupera o seu folgor, fruto da coerência, persistência e trabalho dos seus componentes - e de repente lembro-me agora de vários exemplos disso mesmo, provando os mesmos que afinal, são as pessoas que fazem os tempos, a Tuna.

Por oposição, já se constata hoje que velhas glórias do passado hoje mais não são que pálidas imagens de si mesmas (isto para ser simpático), porque pejadas de pseudo-tunos que não souberam ser grandes perante a grandeza e responsabilidades que o seu grupo detinha então. Pior, quando hoje pejadas em alguns casos de autênticos imbecis infanto-juvenis que mais não fazem do que cavar a própria sepultura, não se apercebendo sequer do enorme património histórico que não apreenderam porque arrogantemente sabedores já eram à nascença, património até, extremamente importante quer para a instituição, quer para o todo do fenómeno. Uns há até que se arrastam numa enorme pedinchisse de absoluta caridade ao melhor estilo "ass liking", fazendo lembrar as melhoras da morte para depois, entretanto, cairem na mais absoluta desgraça tunante, logo humana até. Mais, com doses enormes de inveja quase burlesca face a quem faz bem, a quem sabe Ser e Estar, a quem está acima de qualquer suspeita porque sabe construir, inveja essa que apenas diverte quem conhecer um pouco os meandros tunantes.

Ora, tudo isto prova que de facto são as pessoas que fazem - e desfazem - a Tuna e não o oposto, por muito sonantes que sejam os pesos institucionais de alguns nomes do passado. Já outros nomes sonantes se vão aguentando e poucos vão continuando a sua tradição de bem fazer e saber Ser e Estar, embora cada vez menos se veja essa continuidade que fica para lá das pessoas - o que prova inequívocamente que são as pessoas que fazem as Tunas, logo, os Tunos - não há maus nem bons Tunos, há sim Tunos e .... outra coisa qualquer - são a continuidade da sua própria tradição, costumes, práticas, trabalho, musicalidade, postura, etc. As que ontem eram sonantes e hoje o continuam a ser não deixaram eles mesmos que as coisas tomassem outros rumos mais preversos e negativos, evitando no seu seio que determinados limites minimos fossem sequer roçados. Já outros estão muitos patamares abaixo do que eram em tempos e não me reporto somente à musica, antes e até a todo o restante que compõem uma Tuna por génese. Baixaram significativamente porque não se deram conta dos erros sucessivos que fizeram a tempo e continuam a fazer, fechados numa redoma de auto-polimento do ego quando afinal é de auto-flagelação ao arrastarem-se sem rumo e sem qualquer outro tipo de vergonha na própria cara até, contribuindo assim sozinhos para aquilo a que frequentemente acusam os outros, contribuindo afinal para o seu próprio fim e sem ajuda de ninguém. Triste.

O insignificante expurgo tunante é nada mais nada menos do que aquilo que fazem esses indigentes, acusando outros de tudo o que de mau lhes acontece, porque é sempre mais fácil para o pobre de espírito e curto de inteligência acusar os outros do que fazer uma auto-reflexão ao que de negativo vai na sua própria casa (nem disso se apercebem...). É para estes mais facil apontar o dedo aos outros e que os outros, regra geral, são os que fazem bem as coisas; é mais facil porque não obriga a pensar-se no que de mal está a ocorrer dentro, procurando fora "teorias da conspiração", fantasmas e bodes expiatórios para justificarem-se perante si mesmos, para poderem dormir à noite "tranquilos", porque assim podem "brilhar" finalmente à falta das boas referências de antes. Bem aventurados sejam os pobres de espírito, já disse alguém um dia.

O insignificante expurgo tunante é isso mesmo. Presumir-se que os outros que sabem fazer, com provas mais que dadas, são os culpados da nossa própria miséria e desgraça, acusando-os assim de tudo que de mal vem ao mundo e sempre em duas ocasiões: quando chove e quando não chove. E é insignificante porque quem faz bem, Tunos portanto, estejam numa Tuna mais ou menos sonante, com mais ou menos história gloriosa - e esta é feita numa Tuna por gerações de Ouro e não por gerações de latão - será sempre recompensado pelo que controí, faz, produz, mostra, pela postura perante terceiros, etc. E quem sabe Estar e Ser não precisa de nada a não ser de si mesmo e da sua vontade própria em construir e desenvolver trabalho, tradição, postura fraternal, etc.

O insignificante Expurgo Tunante não é nada mais nada menos que isso mesmo: insignificante. E por sê-lo, nenhum Tuno de facto caí "nessa" porque o Tuno que sabe Estar e Ser sabe ver como as coisas são, o que valem os Tunos, quem é o quê, quem tem prestígio de anos e anos a fio e quem não é conhecido sequer na sua própria rua julgando ser conhecido pelo mundo inteiro porque é da famigerada Tuna X. Puro engano de arrogante amador ingénuo. O insignificante Expurgo tunante só o é na cabeça de quem, inchado pelo seu ego e cego pela sua própria imbecilidade, julga que está a "expurgar" alguém quando expurgados foram antes essas cabecinhas saloias e tristes que nem sequer respeitam a memória do passado, que fará o presente e muito menos, por tal, conseguem precaver o futuro. E assim desaparecem. Tristes y solas, como Fonseca en el Monte del Piedad....

Já outros desfilam pujantes, em crescendo, porque sabem Ser e Estar, porque iguais a si mesmos antes, durante e depois, porque constroem ao invés de destruir. Desfilam pujantes em Tunas de ontem e de hoje, contrariando até a falta actual de candidatos á Tuna, logo, atraem ao invés de repelirem. Mas todas estas com Tunos, sempre, provando de forma inequívoca tudo o atrás dito. E os vindouros um dia que nos julguem.


Palavra do "Senhor": Ser Tuno não é para quem quer, é para quem pode e sabe...


Post Scriptum: Esta Aventura é inteiramente dedicada a todos os meus amigos Tunos de facto e de anos, aos que tive, tenho e terei, espalhados pelos quatro cantos do mundo tunante, bem como a todos aqueles que sabem Estar e Ser neste mundo único. Aos outros, que vivam por muito tempo para que possam assistir "na plateia" à minha coerência, pois já emprestei demasiado tempo aos mesmos, tempo que só a eles aproveita porque mais nada têm para aproveitar....

Comentários

J.Pierre Silva disse…
Estás um literato!
Muito bem, revejo-me integralmente no acima dito e subscrevo por inteiro.
Anónimo disse…
Finalmente alguém escreve algo sobre a Tuna de forma realista e sem papas na lingua.Parabéns!