A Aventura do Trivial Persuit Tunante
















Se porventura existisse um "Trivial Persuit" exclusivamente dedicado à Tuna académica e/ou Universitária nacional, esta seria certamente uma das "one million dollar question" onde muito "doutor da mula russa" das tunas iria cair como um tordo em plena época venatória.

A questão será esta: Qual é a Tuna mais antiga em Portugal e no ressurgimento tunante de finais do Século XX? Muitos apostariam as suas fichas na Estudantina Universitária de Coimbra e outros tantos na Tuna Universitária do Porto, com fundação ou refundação, respectivamente, em 1984 e 1987, de acordo com dados históricos fornecidos pelas respectivas agremiações. Pois bem, seriam fichas perdidas com uma rapidez tremenda, como se constata:

A Tuna Académica da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro nasceu em Maio de 1983, pela mão de um grupo de estudantes de ambos os sexos, com gosto pela música e pelo convívio, quando ainda era esta instituição Politécnico, na época.

Dizem ainda os mesmos que e cito " Desde logo se optou por um reportório de música popular, essencialmente Transmontano, que provinha do Cancioneiro do Rio d'Onor, característica ainda hoje marcante nesta Tuna. A recolha era feita pelos próprios elementos que, para tal, se deslocavam ás aldeias dos vários Concelhos Transmontanos e pediam às pessoas mais idosas que lhes cantassem as musicas da sua terra. Exemplo disso é a famigerada música "Mulher Gorda", que foi recolhida na zona de Alijó. Neste reportório contam-se ainda músicas recolhidas na zona de Miranda do Douro, cantadas em dialecto Mirandês, e ainda músicas típicas da região do Douro. Numa fase posterior começou a conjugar-se as músicas populares com letras de cariz universitário (leia-se, académico), uma vez que o Ambiente Académico começava a fervilhar nesta cidade. Esta mistura do popular e académico resulta numa perfeita simbiose, ainda aliada à cultura, na qual consiste a riqueza desta Tuna.Para além da música (e dos copos), o traje é também vincadamente transmontano, já que é inspirado no traje de gala mirandês. " (in Site da Tuna Académica da UTAD )

Fica o dado histórico e provavelmente, a descoberta para muitos de que, afinal, o Pai Natal não existe. Fica a foto histórica acima que, não estando datada, revela seguramente tempos iniciais desta Tuna, a mais antiga, portanto, de Portugal na época do ressurgimento tunante do Século XX.

Post Scritpum: Se repararem na fotografia acima, constatarão hoje muitos para que serve, afinal, um Estandarte. Não, não, não serve SÓ para abanar tipo pá de rotor de helicóptero em cima de um qualquer palco festivaleiro, serve também - pasme-se! - para representar a Tuna, para a identificar ad eternum enquanto instituição, como acima se constata. Pronto, fica a lembrança do essencial, dirigida mais aos novos profetas pós-modernos, obviamente. Mais, em 1983 não existiam festivais de tunas em Portugal, como é fácil de perceber até.

Outra constatação de facto: Do ressurgimento tunante de finais do Século XX português, das 4 Tunas mais antigas existentes, 3 tinham formação mista nos seus primórdios. Fica também para a posteridade e para os devidos efeitos. Somente na viragem da década de 80 para a de 90 é que surgem as primeiras Tunas exclusivamente compostas por elementos do sexo masculino na sua formação fundacional (excepto a Estudantina Universitária de Coimbra, com formação datada de 1984 e exclusivamente masculina)

Comentários

J.Pierre Silva disse…
Caro amigo,

A história da Tuna da UTAD carece de mais pormenores.
Não vou contradizer a informação avançada sobre a pretensa data da sua fundação, pois que também é a mesma que possuo, contudo teremos de nos deter sobre o facto dessa tuna ter sido fundada e refundada, já que a que é apresentada em 1983 traja capa e batina (embora se configure, em tudo, como grupo académico de música popular) e, bem mais tarde, conhecemo-la com aquele traje acastanhado, típico da região (época em que surge, segundo me foi dito, a recolha da mulher Gorda).
Notemos, também, que a noção de tuna, naquela região, especificamente, está fortemente ligada á tradição popular,e não como num regresso às tunas de cariz universitário.

A expressividade da Tuna da UTAD para o boom tunante parece-me tão nulo quanto o pouco peso do ensino superior em Vila Real na altura (que ainda só tinha um muito "modesto" politécnico, sem a projecção que a UTAD teria, anos mais tarde).

Importa, isso sim é que é com a EUC (para além da TUP), e principalmente com o lançamento do seu CD "Estudantina Passa", que se massifica o fenómeno.

Ainda assim, penso que o teu artigo veio por um ponto de ordem e desfazer algusn mitos.

Muito bem!
Ilustre Pena:

Haverá muito mais a relatar e até porventura pelos actores principais que certamente ainda os haverá algures na blogosfera, sobre a história da Tuna da UTAD. Mormente o que acrecentas ser correcto, não me parece de todo dispiciente referir o essencial: Trata-se da 1ª Tuna na refundação dos anos 80 com cariz académico e/ou universitário (para lá da forte influência popular na composição do seu reportório e trajar esencialmente) pois foi fundada sob a égide de estudantes, logo, não é mais nem menos que a configuração da Tuna académica e ou universitária na sua génese formacional. Tenho o video do 1º FITA onde esta Tuna surge no palco do Coliseu precisamente com este traje tipico - e será fazer as contas aos anos. Resta saber se terá sido esta fundação um regresso ou não à tuna de cariz universitário e isso só os visados poderão responder a isso, seguramente. No entanto, para lá disso e da expressividade desta Tuna no contributo geral ao fenómeno, não deixou de ser a 1ª a formar-se como tal e isso é efectivamente um dado inegável.O fenómeno massifica-se com a EUC e com a TUP embore discorde do facto de ter sido o album "Estudantina Passa" a tomar esse pioneirismo; para uns terá sido esse o 1º acesso directo a registos fonográficos de tunas nacionais, para outros poderá ter sido - meu caso, por exemplo - albus em Vinil do Orfeão Universitário do Porto dos anos 60 onde constavam alguns temas da então Tuna do Orfeão Universitário do Porto que a TUP mais tarde recuperou e revisitou como sendo "Suite Académica", "Adeus Corunha" ou o famoso "amores de Estudante"; È que em matéria de edições fonográficas o OUP e a Tuna do Orfeão Universitário do Porto tem registos fonográficos bem mais anteriores que o "Estudantina Passa", deve-se referir, dos quais possuo na minha colecção privada alguns desses exemplares religiosamente guardados.

Em suma, fica para a história de qualquer das formas: Tuna de estudantes do ensino superior a ser formada em Portugal no ressurgimento Tunante foi a Tuna da UTAD. Parece-me pacífico.

Abraços!
Aproveito para dizer igualmente o seguinte e desde já. Não se retira - eu muito menos - o pioneirismo da EUC quanto a registos fonográficos da época do ressurgimento tunante. No entanto, como saberás perfeitamente, essa influenza de musicalidade "à Coimbra" não recolheu em certos meios - Porto, nomeadamente - a mesma projecção que colheu noutros, sendo que a sonoridade "à Porto" apresentou-se muito mais influenciada pela Tuna do OUP e depois TUP e igualmente influenciada pelas Tunas espanholas que, à data, detinham imensos registos fonográficos que eram acompanhados na Academia Portuense de forma muito mais atenta do que no restante país tunante, logo, mais distante da composição popular que a EUC e Coimbra apresentavam, linha que foi seguida desde logo por outras tunas emergentes em outras tantas academias, como Viseu, Aveiro, Lisboa, por exemplo. Curiosamente Braga é um "no mans land" nesse capítulo e à data pois recolhia influências de todos os "modelos". Fica o rewind desses tempos pioneiros e sua contextualização que, obviamente, evoluiu para outros contextos distintos e caso a caso essa evolução foi tendo excepções e criando mesmo novos modelos poder-se-á dizer. Exemplo: A Antúnia quando nasce nasce com um "rotulo" em Lisbia de "Tuna à Porto" porque fugia declaradamente ao modelo "coimbrão" que então as poucas tunas lisboetas tinham na sua esmagfadora maioria. A TUIST apresentou a sua "pedrada no charco" com o Fado adaptado à sonoridade tunante de uma forma que até então ninguém tinha feito com a mesma valência. E por aí fora. Tunas de uma determinada linha evluiram para outra e parece-me que na maior parte dos casos mais ou menos conhecidos e com projecção, abandonaram essas alguma sonoridade "à Coimbra" e "colaram-se" mais à sonoridade "À Porto", sejam elas de Aveiro, Lisboa ou Beja, por exemplo, será ouvir e comparar tempos que se percebe isso com relativa facilidade - e isto é uma constatação e não uma opinião comparativa de contagem de espingardas sem sentido algum, pois em rigor, manter a sonoridade de determinado local, Tuna ou Academia será em 1ª instãncia uma "label" identificativa e logo, distintiva, o que afinal, constatando-se agora, tudo se baralhou, partiu e voltou a dar. A própria EUC no seu passado recente mais prémios granjeou e maior projecção obteve quando passou a interpretar musicalmente outras sonoridades - lembro p.ex. a versão do "El Condor Passa" mas com a presença sagrada da Guitarra de Fado - mas não deixando a "sua" sempre, ou seja, há uma certa lógica - que ao fim e ao cabo é a grande valia da universalidade da musica no seu geral - de interacção e miscigenação de influências musicais, fruto do cada vez maior intercâmbio entre todas, obviamente.

Abraços!