A Aventura do "era assim mas já não é..."

Não é sequer nada de inédito, deve-se dizer. Embora raro acontecer pelo menos desta forma tão escancarada, tão óbviamente clara. Um festival que teve os resultados X mas anunciados os resultados Y, numa confusão de "grelos" atabalhoada e que obviamente, prejudicou alguém - e por conseguinte beneficou outros, no caso, outras, não discutindo aqui sequer o mérito de uns e de outros, nem sequer foi essa a questão aqui.

Ora cá está uma razão mais que objectiva para que o Certame competitivo seja devida e atempadamente preparado, organizado e na parte que se concerne à avaliação das tunas concorrentes propriamente ditas, tal como referi aqui em Agosto deste ano (vide post em arquivos do blog). Por acaso, tive conhecimento do regulamento desse mesmo evento e posso adiantar que o mesmo é em grande parte um documento pautado por omissões várias e repleto de directrizes altamente vagas, portanto ao livre arbítrio expostas, naturalmente. Mais, o erro crasso aqui parte precisamente de um emiscuir perfeitamente arbitrário da organização nas contas do Jurado, o que é absolutamente surreal, tirando o tapete por completo aos componentes do mesmo Jurado que por força de tal "puxar de tapete", prestaram-se a um papel altamente ingrato, passando de Jurado a Julgado (que é como quem diz "julgavamos que quem avaliava eramos nós"......)

Generalidades, banalidades, coisas dúbias, falta de precisão avaliativa, falta de apartar claro entre os papeis do Jurado e da organização, aumento de relatividade e diminuição por conseguinte de objectividade, maior espaço para o diferendo opinativo e redução clara de espaço para harmonização de processos e por aí fora, com os resultados à vista, claro está. Avaliar seja o que for é sempre um acto ingrato seja por quem seja e seja a quem seja. Assim, porque razão mais cómoda é que não há o cuidado de agilizar processos de avaliação, com cabeça, tronco e membros, de forma a agilizar também o encontro de resultados finais? Só por desleixo e preguiça, presumo porque por falta de informação não será.

É evidente que por mais que se diga aos sete ventos que o que interessa é o que se faz, a carga de irresponsabilidade em resultados avaliativos que nascem anteriormente de regulamentos feitos "às 3 pancadas" não agrada desde logo aos prejudicados - e como dizia o outro "agua ráz no *ú dos outros para mim é refresco....". Quando é aos outros, o discurso é de pacificação e do género "o que interessa é participar e que se lixem os prémios". Esta ideia parece-me ser a mais louvável mas de facto, no meio de tudo "isto" há que distinguir as coisas e os planos desde logo, pois esperar justiça nada tem a ver com ser-se o que se é.

Eu não consigo, perante coisas mal feitas e não devidamente assumidas - a competição só é saudável se devidamente gerida - ser hipócrita: O problema não será haver festivais mas sim o que eles podem potenciar de negativo, com claros dividendos para a descredibilização deste tipo de eventos e logo, da Tuna em geral. Neste evento em causa nem sequer houve uma questão conceptual ou de ponderação de factores como musicalidade, academismo, etc etc etc. Houve algo efectivamente estranho, não claro, que parte desde logo da neblina e não de premissas claras como água, previas e amplamente estudadas e divulgadas. Não basta ter-se um festival, é preciso pensar-se de forma elevada o que se pretende fazer, no contexto que se optou, com responsabilidade clara perante tudo e todos, sob pena de perda de credibilidade depois do evento - e certamente não será para isso que os organizadores o promovem, antes para o oposto, quero presumir.

Deu-se o impensável apesar de estarmos em 2007, ou seja, absoluto desnorte por parte de quem deveria assumir precisamente o compromisso maior para com o rigor. Mas a vida continua, como dizem alguns. Agora, a vida também obriga a assumir-se os erros e procurar corrigir os mesmos. Se quem quer fazer festivais competitivos tem esse direito, terá sempre de presumir que inerente ao mesmo há deveres para com este formato de espectáculo, sob pena de o arruinar desde logo e mais, arruinar a credibilidade própria e desde logo, de todos nós. Há um público para respeitar, há participantes que devem ser respeitados, são participantes e não figurantes; por tudo isto, deve quem faz festivais dar-se ao respeito.

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