A Aventura da importância de um Jurado...

É sempre complicado, em qualquer circunstância - e mais ainda num meio que pretende supostamente manter a Tradição, História, o convívio, etc - alguém avaliar seja sob que prisma for outro alguém. Mais complicado ainda se torna quando se avalia uma Tuna pela perspectiva musical, tradicional, etc.

E aqui existe, em Tunas, um erro crasso que é avaliar Tunas somente pelo lado musical o que provoca o descurar automático de aspectos fundamentais numa Tuna que se preze de tal nome como a correcta indumentária, a correcta postura e uso do Estandarte como símbolo maior da Tuna, o uso indevido de instrumentos que não lembram ao mais liberal dos Tunos e outras coisas afins.

Porque avaliar, ajuizar é matéria sempre complicada, devem existir dois pressupostos fundamentais para que a mesma tenha à partida, alguma coerência, ou seja, ser o Jurado composto por pessoas que não só entendam de música mas também de Tunas e as conheçam na sua essência, pois avaliar um conjunto de tunas num dado certame deve ser acima de tudo encarado numa perspectiva de defesa daquilo que uma Tuna deve ser sempre em qualquer circunstância. Seria fácil a uma escola superior de música formar uma Tuna e impressionar um qualquer Jurado , mais dificil será certamente essa mesma "Tuna" ser e parecer tal.

O 2º pressuposto deverá ser a existência de critérios de avaliação claros e publicitados para que todos saibam quais as regras do jogo. Aqui, diz o bom senso e Tradição Tunante que nesses critérios deve estar de forma objectiva a pressunção de que irá avaliar Tunas e não músicos per sí. Da conjugação de tais factores resulta um chamado Regulamento do Certame, onde há normas gerais e universais mas também deixa claro por exemplo, que a actuação a concurso é de 25 minutos e não de 45 minutos, pois se há quem cumpra, outros há que não o fazem na expectativa de que o Regulamento não será aplicado. Jogar é sáudável se for encarado como tal mas como todo e qualquer jogo, há regras a cumprir e quando uma tuna toca 50 minutos e as outras cumprem o tempo de actuação, alguém sai beneficiado - ou prejudicado, depende - porque esteve no palco mais tempo que as outras.

É evidente que o importante num certame é a festa que a música tunante proporciona mas respeitar os outros e o público também não é menos importante. A questão dos festivais serem saudáveis ou não para o fenómeno é uma espécie de caixa de Pandora, pois tudo depende da forma como tal "competição" é encarada quer por quem organiza, quer por quem participa. Para muitas Tunas neste país uma participação num festival dito "grande" basta, para outras nem vê-los, o que torna sempre estas coisas subjectivas. Mas dentro da subjectividade deverá haver alguma objectividade, pois já basta o ser humano ser uno e indivisível, relativizando para tal um determinado momento, o mesmo acontecimento é visto por uns de maneira X e por outros de forma Y, é da natureza humana que assim seja.

Importante será dizer que num festival de tunas deve-se acima de tudo, quando se avalia, perceber desde logo onde está uma Tuna ou outra coisa que se parece ligeiramente - ou não - com uma Tuna mas que não o é.

Não é suposto um Estandarte andar a arrastar-se pelo palco pois trata-se do símbolo da Tuna por excelência. Não é suposto actuar-se com instrumentos que nada têm a ver com a Tradição do principio ao fim, pontualmente ainda se aceita, como regra não me parece. Não é suposto - por muita piada que tenha - que uma Tuna inteira actue sem traje durante toda a actuação, em preparos que em nada têm a ver com a Tradição. Não é suposto qualquer coisa que seja atentatória daquilo que somos e representamos porque não é suposto um Traje do Folclore Minhoto ser côr de rosa e desfilar em tais preparos nas festas da Srª da Agonia.

Há limites para tudo mas essencialmente, deve um Jurado ter em mente que está a avaliar pessoas que fazem uma Tuna e não um grupo de jazz, p.ex, e depois, na sua consciência, procurar juntamente com a Organização ver quais os critérios que são os indicados para cada prémio em disputa, a fim de poder obter com mais razoabilidade o resultado que será mais justo.

Claro que em teoria, isto é tudo muito bonito, mas mesmo assim, há coisas que não se entendem, porque quanto a mim, a Tradição ainda é o que era...