A Aventura da sonorização

Quando se fala em som para eventos tunantes acaba-se inevitavelmente por se aceder a uma espécie de twiligth zone onde não se percebe muito bem o quê, o porquê e muito menos ainda o como.

A principal culpada de tudo isto é curiosamente - ou talvez não - a própria Tuna. Até historicamente a Tuna nunca necessitou, dados os seus recursos instrumentais perfeitamente acústicos, de se preocupar sequer com estas questões. Mas a "novidade" que os certames introduziram, a ida para palco fechado, levou a uma clara questão, que será como fazer som para Tunas, algo que seguramente não se compara com fazer qualquer outro tipo de produção sonora desde logo.

A Tuna desde sempre que nunca se apercebeu devidamente dessa necessidade, digamos assim, porque pura e simplesmente o palco e a respectiva amplificação sonora nunca fora sequer uma necessidade, que fará uma realidade que deve ser gerida. Poder-se ia utilizar os mesmos tipos de recursos sonoros que alguns grupos de cordofones utilizam para, moldando à realidade instrumentistica tunante, poder-se fazer algo com mais lógica e que potencie o som acustico que a Tuna por génese tem; para isso ter-se-ia de passar pela assumpção de que é algo novo para as Tunas lidar com este tema e depois, saber lidar de facto com a mesma realidade.

Certo é que são raras aquelas que sabem ou lidar devidamente com a situação ou ainda poucas serão aquelas que lidam bem com qualquer tipo de facto consumado que se lhes atravessa amiúde, provando o lado eclético e versátil da própria Tuna, tanto tocando e cantado na rua como num palco e conseguindo perante tamanha variedade de recursos de amplificação - que oscilam entre o muito mau e o muito bom - reproduzir com mais ou menos dificuldade a sua própria sonoridade. Muitas vezes é o som "feito" para as Tunas algo que será perfeitamente dispensável até, pois em certas ocasiões até pode prejudicar o objectivo final. Poucas serão aquelas que alguma vez tenham e perante tamanha tragédia sonora, afastado pura e simplesmente os micros e pedido mais silêncio à sala, por exemplo.

A amplificação sonora serve muitas vezes de bode expiatório para justificar outro tipo de falhas ou de falta de recursos próprios, apontando-se os erros próprios à falta de qualidade do som existente. Serve assim uma pretensa má sonorização para desculpabilizar a Tuna em si mesma. Como pode perfeitamente uma má sonorização prejudicar a execução instrumental e/ou vocal, como pode potenciar ainda mais se bem aproveitada uma correcta produção sonora.

Não há em Portugal muita gente especializada em som para grupos deste tipo, deve-se desde já dizer, sendo que menos ainda sabem por exemplo a distinção entre eco e reverberação. O tipo de sala onde decorre o espectáculo é fulcral mais para mais tratando-se de uma Tuna. E por aí fora.
Por isso é que quando uma Tuna recorre a um rider técnico previamente definido ele poderá funcionar como não, por exemplo. Mais, nem todas as salas e espectáculos dispõem das mesmas valências quer fisicas quer sonoras.

O ideal será a meu ver manter uma linha base mais ou menos universal de recursos sonoros a utilizar, nunca sendo ela mesma uma garantia obviamente. E esperar que o técnico de som saiba o que está a fazer de facto, pois em regra muitas vezes não se mexe nas mesas nem se tira real proveito do check sound quer por culpa das Tunas - que aproveitam esse momento para tudo menos para ..testar o som - quer por parte dos técnicos.

Outra coisa: Luzes brancas. Só luzes brancas. A disco é a seguir, não há necessidade. A luminotecnia é ela também ainda mais uma ilustre desconhecida das Tunas.

Comentários

J.Pierre Silva disse…
Como já tive ocasião de o dizer no ptunas, a grande responsabilidade do som produzido cabe às tunas, as quais não sabem disciplinar-se sem micros, quanto mais quando eles exponenciam as falhas do grupo nessa matéria!!!!