A Aventura da estudiantina Venezuelana


Em finais do Século XIX apareceram as primeiras estudantinas neste país, conjuntos instrumentais que se caracterizavam pelo uso de instrumentos de cordas pulsadas feitos de madeira.

O seu repertorio podia ser clássico ou popular, segundo cada grupo. Ao contrário das bandas, o feito de interpretar peças de corte popular não ligava estas estudiantinas a bailes ou festas, já que em linhas gerais tinham como objectivo primordial realizar actos ou reuniões de âmbito cultural. O carácter cultural das reuniões que se efectuavam permitiu que as mulheres formassem parte destes conjuntos, sobretudo nos primeiros anos do Século XX.

En 1887, o poeta e diplomata espanhol Manuel M. Marrero fundou a Estudiantina Fígaro, popularmente conhecida pelo nome “Los Caballeros de la Sopa”. Este conjunto formado por jovens canários apresentou-se no centro iberoamericano. A esta primeira estudiantina seguiram-se outras, como a Estudiantina de los Calcaños, fundada em 1890, que interpretava unicamente repertório clássico. Esta estudantina, também chamada “la Clásica”, foi a mais famosa e respeitada pela sua refinada qualidade. Também nessa década se criaram a Estudiantina Cobija y Colcha, por Eduardo Franklin e a Estudiantina Cañón de la Glorieta, composta por cinco músicos sob a direcção de Miguel Ángel Granados.

As estudantinas tornaram-se populares e são muitos os aficionados que se incorporam nestes grupos só com a finalidade de fazer música. Estes grupos difundem-se por todo o país e massifica-se a sua criação, sendo que os músicos profissionais da capital perderam o interesse e fundaram outros tipos de conjuntos de âmbito instrumental: quartetos, bandas, orquestras de cámara e orquestras sinfónicas. Entre as últimas estudantinas que figuraram na capital encontrava-se a Estudiantina Caracas, fundada em 1927 por Teófilo León e Carlos Bonnet.

No resto do país o panorama foi distinto já que se foram fundando estudantinas pelo menos até meados do Seculo XX. Em 1933, Rafael María Hernández fundou e dirigiu a Estudiantina Ideal na cidade de Boconó e em 1945, Marco Antonio Rivera Useche fundou a Estudiantina San Cristóbal, a primeira criada no estado de Táchira. Depois da segunda metade do Século XX voltaram a aparecer as estudantinas no panorama cultural do país, desta vez com características diferentes das do século anterior. Estes conjuntos pertencem principalmente a colégios, liceus, institutos de educação superior e universidades.

A sua finalidade principal é oferecer aos estudantes uma alternativa cultural e o seu repertório está formado principalmente por peças populares venezuelanas ou latinoamericanas. Outra diferença radica na instrumentação, que está composta principalmente por cordas pulsadas, como o bandolim, o cuatro ou a guitarra, agregando-se o contrabaixo e algum instrumento de sopro, como a flauta dulce. As estudantinas multiplicaram-se em todo o país e nos últimos anos da década de 1970 realizam-se com regularidade diferentes concursos e festivais colegiais para este tipo de grupos.

Comentários