A Aventura da Organização festivaleira

Organizar um certame de Tunas, por mais pequeno e humilde que o mesmo seja, é de facto um assunto sério - e não raras vezes vejo o mesmo ser encarado como sendo assunto leve, despiciente ou então "ao sabor da maré" quase que a indiciar um "que se lixe pois p´ra quem é bacalhau basta..."; Ao fim de mais de vinte anos de Tunas começa a ser imperdoável e mais, intolerável até, por muita parcimónia académica que se possa eventualmente ter.

Já temos neste capítulo - e a ver pelo histórico e número de eventos anuais - muitos faroís indicativos de como se deve fazer e principalmente do que não se deve fazer quando se trata de organizar um certame de Tunas. Logo a abrir, não se deve fazer um festival quando não se quer saber como se faz um ou então quando se julga saber fazer sem ter feito antes ou questionado quem sabe. Este é logo o 1º erro de lesa Tvnae que continua, imperdoavelmente, a ocorrer amiúde: Falta de humildade tunante.

Outro erro que se comete "a pontapé" é julgar-se que se sabe fazer, compreensivel na juventude Tunante com sangue na guelra a querer imitar o "We Can" de Obama. O problema é que o Obama para dizer "We Can" antes passou por muito, correu muita terrinha com a aparelhagem às costas e viajou por muita "nacional" e caminho de cabras. E isso só não vê quem não quer. Nos certames, organiza-los é um caminho em si mesmo, passo a passo e muitos feitos são sempre muitos mas outros tantos a faltar em experiência. O excesso de confiança e gabarolisse só indicia o óbvio: um mal organizado certame; é como nos exames, excesso de confiança é código postal para o chumbo.

Organizar um certame de tunas não é nem pode ser uma Caixa de Pandora que depois de aberta ninguém sabe o que dela sairá. Existe um " B+A= BÁ" inerente ao processo organizativo que urge e tarda em ser a "moeda corrente", fazendo com que estejamos no plano não da organização de certames mas sim da desorganização de certames. E quando há em Portugal cerca de meia centena de eventos tunantes por ano, começa ao fim de duas décadas de eventos do género a ser absolutamente impróprio assistir-se a penosas demonstrações de desorganização de festivais, que em nada ajudam ao fenómeno e pura e simplesmente mostram o tal lado "porreiramente académico nacional" ao invés da excelência que deve presidir ao Tuno, ao estudante universitário em geral.

Sonoplastia abaixo de má, crasses temporais intermináveis entre Tunas e o público a entendiar, apresentações feitas sabe Deus como e quando entre outros fenómenos do género que pululam por aí se eram censuráveis antes mas tolerados à luz dos bons principios "académicos", hoje são coisas algo intragáveis e que obviamente marcam a falta de qualidade geral dos eventos em questão. Como por trás de uma Tuna regra geral há um clone chamado festival, deduz-se que o mesmo é o espelho da sua progenitora, para o bem e para o mal.

Alerto humildemente para um porMAIOR que falha quase sempre nas desorganizações dos certames: esquecem-se do principal actor do mesmo, o público pagante - ou não. Esse vai com vista a um espectáculo e não com vista a outra coisa, por muito que a outra coisa esteja pejada de piada ou academismo exacerbado. Já nem falo no que toca aos participantes, que honram quem convida e são honrados pela mesma via convite endereçado. O público, esse eterno esquecido, leva ainda hoje com cenas muito àquem do que seria de esperar num espectáculo de Tunas de facto, a sério ( "à séria" não existe, é como "promenor" que também não existe...).

Por falar em PORmenor, o truque de um bom festival é aquele que torna o pormenor em porMAIOR. E para isso, é preciso tempo, disponibilidade, dinheiro, trabalho, lógica, gestão de recursos, golpe de rins, etc. E não improvisação, facilitismo, em "cima da hora" ou "que se lixe".

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