A Aventura do Sistema Avaliativo (Parte II)

Agora que – finalmente – finda a 1ª metade do ano Tunante e no que toca a certames competitivos, abordo uma vez mais – embora por prisma mais directo – a temática relativa a avaliação criteriosa e sua articulação com o regulamento de um certame competitivo.


O sistema avaliativo que se segue data de 1991 nos seus traços mais gerais e de uma base bastante simples, foi evoluindo numa lógica dinâmica – e portanto, amovível – que se prendeu essencialmente com a correcção e afinação dos mesmos princípios avaliativos, adaptando-se o sistema à realidade e não o contrário, através quer da própria experiência acumulada – nomeadamente os erros, p.ex. – quer do contributo que os próprios Jurados ao longo dos anos foram aportando com a sua própria experiência pessoal.


Ou seja, estamos perante um sistema avaliativo que tem grosso modo 18 anos embora o que seja apresentado hoje pouco tenha a ver com o sistema resumido e básico datado de 1991, prova da evolução (!?) do fenómeno ao longo dos tempos, tendo este sistema avaliativo feito sucessivamente os devidos upgrades sem prejudicar o essencial do mesmo, a defesa da cultura e tradição tunantes por génese.


O sistema apresentado foi criado no âmbito do “Lusíada – Festival Internacional de Tunas Universitárias “ do qual fui seu co-organizador em doze edições e tendo sido utilizado ao longo de doze anos consecutivos por jurados com diferentes nacionalidades até (vários espanhóis e um mexicano), 12 edições onde participaram tunas de cinco países - Portugal, Espanha, México, Porto Rico e Peru - podendo hoje afirmar que aplicado foi com amplo sucesso, tendo sido posteriormente o mesmo sistema entretanto adoptado por vários outros certames internacionais e nacionais de Tunas de norte a sul do país, com as devidas adaptações pontuais em razão de contexto próprio mas sem desvirtuar o essencial do mesmo.



Este sistema, contudo, assenta em algumas premissas que são absolutamente fundamentais:



1º - Não é infalível; quando seres humanos avaliam outros não existe sistema algum absolutamente infalível. Procura antes este sistema reduzir o risco de erro potenciando por sua vez a lógica do mérito ao invés da lógica punitiva, apostando na qualidade dos componentes do Jurado (condição fundamental para que este sistema “funcione”). Não é por tal este sistema uma malha apertada – que apenas potencia erro – mas antes uma relação óbvia entre a qualidade do Jurado, sistema avaliativo e regulamento do certame no que toca à sua aplicação como forma de valorização dos participantes.


2º - Defende valores; este sistema avaliativo promove valores genéticos da Tuna enquanto tradição e com a sua defesa, potencia os resultados finais. Daí a articulação com o regulamento do certame, obrigando a uma atenção redobrada por parte da organização quanto aos itens abaixo relativos ao prémio Tuna mais Tuna e hipotéticas desclassificações. Ou seja, responsabilidade tripartida entre organização, Jurado e Tunas presentes – daí o cuidado na escolha das mesmas que também este sistema pressupõe – e cada uma a seu nível. Não é, portanto, este sistema avaliativo aconselhável a tunas que violam por sistema os mais básicos pressupostos da Tuna enquanto tradição musical estudantil.


3º - Não utiliza a matemática para avaliar Tunas; entendo pessoalmente - e por experiência própria - que a votação matemática numa arte como o é a Tuna pode originar resultados completamente opostos ao que o sistema em questão defende e pior, provocar injustiças flagrantes e até inexplicáveis.


4º - Não é estático; antes promove a atribuição nos itens de avaliação de factores de menor ou maior ponderação, ou seja, em cada prémio há itens avaliativos que poderão uns pesar mais do que outros (e aqui fica ao critério de cada organização ponderar os itens de cada prémio como bem entender, sendo que este sistema usa factores de ponderação maior ou menor, simplificando desta forma ao máximo).


5º - Promove o bom senso avaliativo; ou seja, partindo de todos os pressupostos atrás, “obriga” a que o Jurado use de sensatez e ponderação tendo à disposição toda a informação e “armas” argumentativas (itens e respectivos critérios) para fazer valer o seu ponto de vista em caso de dúvida, potenciando a decisão justa e rápida – e não o resultado puro e duro da matemática, absolutamente desprovido de sensatez e que reduz o jurado a um conjunto de números e não a um conjunto de opiniões sustentadas criteriosamente com base nos itens e critérios avaliativos.



Posto estes 5 pontos prévios, alicerces de todo este deste sistema avaliativo e sem os quais o mesmo não funciona, passo a explanar o mesmo sistema prémio a prémio – os mais comuns pelo menos – e no que se refere a itens de avaliação e critérios de avaliação:




Melhor Pandeireta


Itens de avaliação
(e aqui pode-se atribuir a cada item um factor de maior ou menor ponderação – 1 e 2 p.ex.)


- Marcação Rítmica. (1)

- Coreografia e graciosidade / Originalidade. (1)

- Dificuldade de execução. (2)

- Coordenação Rítmica com temas apresentados. (2)


Critérios de avaliação


Para avaliar este apartado, o Jurado considerará tanto a actuação individual como a de um grupo de Pandeiretas, baseando-se nos seguintes critérios:
Variedade de tipo de movimentos assim como coreografia (s) com outras pandeiretas e/ou Estandarte; Dificuldade de passos e sua espectacularidade simultaneamente; Agilidade, ritmo e alegria; Elegância e porte nos passos executados; Originalidade tanto a nível individual como colectivo; perfeita coordenação rítmica com os temas apresentados. Referir ainda que a descoordenação rítmica motivada por queda das pandeiretas ou outros motivos influí negativamente na apreciação deste apartado.



Melhor Solista

Itens de avaliação


- Afinação/Respiração

- Timbre e colocação de voz

- Harmonia com instrumentos/vozes

- Postura e palco/imagem

- Dificuldade dos temas interpretados


Critérios de avaliação


Este prémio é estritamente de carácter individual, e embora seja atribuído à Tuna de uma forma geral, é valorizado como a interpretação vocal de um (ou mais) dos seus Tunos, sendo que será sempre por conta e risco de cada Tuna a apresentação de mais que um solista, independentemente da actuação que cada um possa ter, baseando-se nos seguintes critérios:
Voz, seu timbre e colocação (técnica); afinação e respiração correcta; dificuldade do(s) tema(s) interpretado(s); Empatia com o público e feedback do mesmo ; Correcta coordenação com o tema interpretado pela Tuna ; Postura e porte em palco.



Melhor Estandarte

Itens de avaliação


- Coreografia e Graciosidade

- Postura em palco

- Beleza do Estandarte

- Respeito pelo Estandarte

- Variedade/dificuldade movimentos/classe e porte


Critérios de avaliação


O Jurado considerará apenas um único Estandarte apresentado, o da Tuna, bem como o estrito respeito pelo mesmo enquanto símbolo da Tuna, não o arrastando pelo palco de forma ostensiva, p.ex., baseando-se nos seguintes critérios:
Variedade de movimentos; dificuldade, dinamismo e alegria; Classe e porte; perfeita coordenação rítmica com os temas apresentados e sentido de oportunidade; Coreografia (s) com pandeireta(s).



Melhor Instrumental

Itens de avaliação


- Qualidade interpretativa

- Qualidade/dificuldade dos arranjos

- Instrumentos utilizados



Critérios de avaliação


Qualidade musical na interpretação dos temas, a nível de instrumentação e sua correcta utilização, bem como qualidade de arranjos.
A utilização de instrumentos não próprios de uma Tuna Universitária desvaloriza a actuação.



Melhor Pasacalles

Itens de avaliação


- Temas interpretados.

- Coreografias efectuadas.

- Alegria e contacto com o público.

- Resposta do público.


Critérios de avaliação


O Jurado avaliará, em determinados pontos do percurso, os temas interpretados e sua qualidade, bem como adequação ao pasacalles, para lá das coreografias efectuadas e sua complexidade, eficácia e preparação prévia. A empatia com o público bem como o feedback do mesmo serão critérios a observar como importantes neste apartado.




Tuna Mais Tuna

Itens de avaliação


- Postura Tunante fraterna com todos os agentes envolvidos no certame

- Indumentária

- Cumprimento do Regulamento e demais normas do certame.


Critérios de avaliação


O mais importante por Tradição, este é atribuído exclusivamente pela Tuna organizadora, de acordo com a observação de todos os momentos constantes no programa de actos do certame, bem como, obviamente, pela actuação em palco das mesmas. Recomenda o Jurado que a Tuna organizadora tenha particular atenção com a postura, indumentária correcta e comportamento durante todo o evento.



3ª, 2ª e Melhor Tuna

Itens de avaliação


- Entrada e saída de palco

- Postura em palco

- Indumentária

- Apresentação dos temas

- Repertório apresentado

- Afinação instrumentos/vozes

- Interpretação musical

- Interpretação vocal (baixos, barítonos, tenores)

- Apresentação de temas originais

- Originalidade da actuação

- Pandeireta (s)

- Estandarte

- Solista (s)

- Empatia com o público

- Cumprimento do tempo de actuação

- Postura/comportamento da Tuna ao longo do certame

- Tema de Serenata em palco.


Critérios de avaliação


Repertório apresentado: Será valorizado o ecletismo das escolhas, ou seja, diversidade de estilos musicais numa actuação completa, dando-se especial ênfase à Serenata como sendo a maior expressão de uma Tuna Universitária por excelência.

Execução musical: Qualidade musical na interpretação dos temas com correcta utilização dos instrumentos, seus arranjos e harmonia entre os mesmos e com vozes. A utilização de instrumentos não próprios para uma Tuna Universitária desvaloriza a actuação de cada uma das presentes.

Execução Vocal: Qualidade musical na interpretação dos temas com correcta utilização das vozes – baixos, barítonos, tenores – seus arranjos e harmonia entre os mesmos e com os instrumentos.

Indumentária: Correcta uniformidade quer da Tuna, quer a nível individual (ponto que tem vindo a ser descurado ao longo dos anos). Respeito pelo Traje envergado, no cumprimento da Tradição Tunante.

Entrada e Saída de palco: Originalidade e qualidade da entrada em palco, bem como da saída do mesmo, respeitando o tempo concedido pelo Regulamento.

Originalidade: Palavra que deve percorrer toda a actuação e em qualquer dos prémios em disputa, respeitando a Tradição Tunante.

Postura em Palco: Correcta distribuição da Tuna em palco, bem como cuidado visual e características inatas de uma Tuna Universitária em função dos temas apresentados. Apresentação dos temas a interpretar, com qualidade.

Empatia com o público: Alegria e simpatia durante toda a actuação e respectivo feedback do público.

Solista: Utilizam-se os critérios referidos no apartado “Melhor Solista”.

Estandarte: Utilizam-se os critérios referidos no apartado “Melhor Estandarte”.

Pandeiretas: Utilizam-se os critérios referidos no apartado “Melhor Pandeireta”

Postura da Tuna ao longo de todo o certame: Será o Jurado devidamente informado da postura assumida pelas várias Tunas a concurso, ao longo de todo o Programa de Actos do certame e de acordo com o Regulamento do mesmo, factor de ponderação que pode ser utilizado para valorizar esta ou aquela Tuna.




Quanto a Desclassificações feitas pela Organização e/ou em articulação com o Regulamento do Certame e Jurado:


Porque também pode ocorrer, deveremos aqui deixar claro quais os motivos que podem levar a uma hipotética desclassificação, de acordo com os pontos 6, 8, 11, 15, 16 e 19 do Regulamento:


- Não cumprimento do Regulamento em qualquer dos seus pontos,
- Atitudes danosas para com a Organização, Jurado, Tuna Organizadora, público e/ou outras tunas,
- Mau comportamento ou comportamento ofensivo à instituição Tuna em qualquer circunstância, - Atitudes causadoras de danos materiais em qualquer local, por parte de um ou mais Tunos (sendo imediatamente imputados os mesmos ao Magister e/ou Chefe de Tuna em causa).


O Jurado SÓ desclassifica em função dos critérios para cada prémio; Os restantes motivos para desclassificação (em cima) são da exclusiva responsabilidade da Organização, que deve informar de imediato o Jurado de tal situação.

Lembrar o Ponto 17 do Regulamento: “ Das decisões do Jurado não cabe qualquer tipo de recurso, sendo inapeláveis e definitivas após pronunciamento das mesmas”.




Quanto ao Regulamento - que se segue abaixo - deve ser do conhecimento das Tunas participantes com a maior antecedência possível e face à data do evento, bem como deve ser enviado às Tunas que aceitaram participar os itens e critérios avaliativos em causa para cada prémio.

Alerto que o regulamento abaixo está alinhado com o sistema avaliativo acima, sendo que qualquer alteração menos atenta quer a um quer a outro documento poderá provocar incongruências graves, note-se.



Todas as Tunas participantes, assim como os seus membros - ou outros que com elas actuem – estão sujeitos ao cumprimento das seguintes normas de carácter geral:


1. A Organização é composta por elementos da Tuna XXXXXX,, sendo esta organização a única competente para aplicar ou modificar qualquer aspecto que se prenda com a organização do certame.

2. Participarão Tunas Universitárias de acordo com os convites previamente endereçados pela Organização.

3. A Organização terá a seu cargo o alojamento e a alimentação programadas dos elementos das Tunas participantes durante os dias do certame, ficando a cargo de cada Tuna a deslocação.

4. A Organização assume os gastos mencionados no ponto 3 até ao máximo de XX Tunos, devendo cada Tuna cobrir os gastos adicionais ao número estabelecido de integrantes, bem como cobrir os gastos que derivem do não cumprimento do número de dormidas estabelecidas previamente, ou seja, havendo marcação para XX Tunos e a comparência de XX (em cada noite), a diferença entre marcações e dormidas de facto é assumida pela Tuna em questão.

5. As Tunas participantes deverão enviar Historial, fotografia recente e símbolo oficial via mail para a Organização até dia XX de XXXXX de 200X.

6. Todas as Tunas participantes comprometem-se a cumprir o programa de actividades previamente definido e divulgado pela Organização.

7. As Tunas participantes cedem todos os direitos de gravação, televisão, imagem e som durante a celebração do certame sem prejuízo do estipulado legalmente pelo Código de Direitos de Autor e Conexos. Pode cada Tuna, através dos seus próprios meios, colher imagem, som ou fotografia para os seus arquivos pessoais.

8. Os Magister´s e/ou chefes de cada Tuna velarão pela boa conduta dos seus elementos e são civil e juridicamente responsáveis pelos actos dos mesmos em qualquer circunstância decorrente do certame.


9. A duração máxima de actuação por Tuna será de XX minutos mais XX minutos extra de tolerância, sendo que o incumprimento deste ponto acarretará de imediato a desclassificação desta Tuna para qualquer prémio em disputa.

10. A ordem de actuação das Tunas participantes será previamente definida e publicitada pela Organização, sendo que obedecerá a critérios que defendam o normal prosseguimento do certame, após eventual consulta às Tunas participantes.

11. A participação no pasacalles (desfile) é obrigatória – com um mínimo de 10 elementos por Tuna – sendo que o incumprimento deste ponto acarretará a desclassificação da Tuna para os três primeiros prémios.


12. Os prémios serão atribuídos pelo Jurado - à excepção do prémio Tuna Mais Tuna que será atribuído pela Tuna Organizadora.

:: Tuna Mais Tuna (atribuído pela Tuna organizadora)
:: Melhor Pandeireta
:: Melhor Estandarte
:: Melhor Solista
:: Melhor Instrumental
:: Melhor Pasacalles
:: 3ª Melhor Tuna
:: 2ª Melhor Tuna
:: Grande Prémio para a Melhor Tuna.


Ponto 13. A Organização reserva o direito de fazer as alterações que considere necessárias ao longo do certame, sendo que qualquer alteração será comunicada atempadamente aos Magister´s e/ou Chefes de Tuna.

Ponto 14. A Tuna organizadora abrirá e encerrará o certame, fora de concurso.

Ponto 15. O comportamento dos participantes deverá ser em qualquer momento fraternal e exemplar tanto com os assistentes do certame como com os demais companheiros das restantes Tunas presentes.

Ponto 16. O incumprimento de qualquer destas normas poderá ser motivo de desclassificação do certame pela Organização e, em última análise, de expulsão do evento de acordo com a gravidade dos actos.

Ponto 17. Das decisões do Jurado não cabe qualquer tipo de recurso, sendo inapeláveis e definitivas após pronunciamento das mesmas. Fica igualmente previsto a entrega de prémios exaequo e a não atribuição de todo e qualquer prémio em disputa.

Ponto 18. A Tuna vencedora do Grande Prémio para a Melhor Tuna encontra-se automaticamente convidada para a próxima edição do certame.

Ponto 19. O presente regulamento deverá ser do conhecimento prévio dos Magister´s e/ou Chefes de Tuna sendo que, para tal, deverão enviar cópia do mesmo com carimbo e assinatura aposta via fax ou mail à Organização. O desconhecimento do presente Regulamento não invalida a sua aplicação.




Umas pequenas F.A.Q. sobre e de acordo com este sistema avaliativo:



P: Se uma Tuna em cima do palco for de longe a melhor mas fora do palco tiver um comportamento anti Tuna ou mesmo desrespeitoso (actos de violência, vandalismo etc), essa Tuna ainda assim vence o Festival?

R: Por força deste sistema avaliativo, a mesma seria liminarmente desclassificada pela Organização, que comunicaria a mesma desclassificação ao Jurado e à Tuna em questão.




P: Todas as Tunas apresentam bandeiras (pano estampado) e nenhuma apresenta Estandarte (dupla face com entretela a meio). O que acontece?

R: O prémio para Melhor Estandarte não é atribuído porque nenhum Estandarte foi apresentado. A apresentação de bandeiras – no caso – não é factor de avaliação neste sistema, logo, não pode ser atribuído um prémio por força da existência apenas de algo sucedâneo, parecido ou aproximado.



P: Duas Tunas estão completamente alinhadas nos critérios para os 3 primeiros prémios. No entanto, uma delas apresentou-se no pasacalles com 20 elementos e a outra apenas com sete. Que acontece?

R: Vence a que se apresentou no Pasacalles com vinte elementos por incumprimento do Regulamento da outra Tuna ao violar o ponto 11, o que desclassifica esta dos 3 lugares cimeiros inclusivamente.




P: Duas Tunas disputam o prémio de Melhor Pandeireta. A Tuna X com apenas um pandeireta tendo este tido uma actuação irrepreensível de acordo com os itens e critérios e em apenas um tema. A Tuna Y com 3 pandeiretas em simultâneo e em três temas mas onde um deles a determinado momento deixa cair a pandeireta ao chão, retomando a custo a coreografia, tendo falhado a marcação do ritmo. Que acontece?

R: Vence a Tuna X o prémio.



P: A Tuna Y apresenta 5 solistas em outros tantos temas, sendo que um dos solistas falha em afinação de forma clara e os outros 4 solistas irrepreensíveis. A Tuna H apresenta apenas um solista que canta apenas dois temas de forma irrepreensível. Que acontece?

R: Vence a Tuna H o prémio.




P: 3 Tunas estão a disputar os 3 lugares cimeiros. A Tuna X, Y e Z estão empatadas em todos os itens avaliativos excepto a Tuna X que se apresentou com várias incoerências/erros face ao Traje da sua Tuna/Academia. Por sua vez, a Tuna Z apenas se apresentou no certame cerca de uma hora antes do espectáculo de palco, faltando até então aos restantes actos do evento, no entanto faz uma actuação excelente e de acordo com os itens e critérios avaliativos. Que acontece?

R: Vence o certame a Tuna Y; a Tuna X falha em um dos itens de avaliação e face às restantes Y e Z; Por sua vez a Tuna Z embora irrepreensível em palco falhou com o estipulado no Regulamento (ponto 6.)




P: Duas Tunas estão a disputar o prémio de Melhor Tuna. A Tuna X e a Tuna Y estão niveladas em todos os itens excepto no relativo a afinação de vozes, onde a Tuna Y esteve mais fraca. No entanto, esta última apresentou-se em palco com confétis, truques de ilusionismo, equilibristas e disparo de Veryligth´s por controlo remoto no final. Que acontece?

R: Vence o prémio para a Melhor Tuna a Tuna X por cumprimento dos itens e critérios de avaliação e face à Tuna Y que, para lá da questão afinação vocal, usou de exageros cénicos que no limite não descontam.




Finalmente...


Uma pequena mas importante nota: É evidente que este sistema só pode funcionar – e para lá do atrás dito – se for efectivamente aplicado em toda a sua plenitude – e não - como já ocorreu - ser ignorado em parte ou mesmo no seu todo, o que neste ultimo caso equivale a não existir qualquer sistema avaliativo, antes outra coisa qualquer (livre arbitrio, favoritismo, "balda", etc)


Usar este sistema avaliativo em alguns pontos e ignorar os restantes origina seguramente erros avaliativos crassos que por regra apenas beneficiam os que não cumprem com os itens e critérios acima, ou seja, o mesmo só funciona se utilizado eficazmente pois está o mesmo elaborado de forma a equilibrar premissas técnicas com premissas tradicionais de índole Tunante, envolvendo as 3 partes presentes no evento competitivo – Tunas, Organização e Jurado – e dando relevo especial ao público também na questão avaliativa – ainda que de forma indirecta.

Comentários

J.Pierre Silva disse…
Discordar, liminarmente, num ponto: que a matemática não é benéfica.

Como avaliador que sou, dada a minha profissão, defendo, suportado em evidências que vão nesse sentido inequívoco, que a matemática é a ferramenta mais adequada, e a única capaz de garantir maior fiabilidade, transparência e rigor, porque a matemática, por si, não falha.

Se reparares, por exemplo, no regulamento do CIRTAV, perceberás que ele se baseia esmagadoramente no regulamento que expuseste (não fosse o caso de mo teres facultado - e eu adoptado), contudo traduzido, posteriormente, numa valoração quantitativa.

Obviamente que todas as apreciações, mediante os itens que repertoriaste, têm necessartiamente de se traduzir numa avaliação ou apreciação qualitativa (ao jeito do "satisfaz", "Satisfaz bem", etc.), ou seja o nosso juízo enquanto jurados (o que gostámos, o que esteve bem ou mal, etc.), contudo algo que, se traduzido num número, dentro de uma escala que tenha em atenção os pesos pre-determinados (que tenham em atenção tudo quanto disseste, e bem) torna mais objectivo e menos dúbio a súmula da apreciação.

Pode parecer confuso, mas é, pelo contrário, bem simples.


É lançar notas, como num conselho de turma - um exercício que deve resultar de um sério trabalho avaliativo de cada professor (que pondera N de itens, cada qual com seu peso, e os traduz depois todos numa nota da disciplina.
O conjunto de notas do aluno determinam o seu aproveitamento, quer na especificidade da disciplina, quer depois no cômputo geral. Em casos pertinentes, discutem-se as notas, mas com base num conjunto de resultados quantitativos para, se necessário for, rever um ou outro aspecto.

No caso tunante, seria como ter não um avaliador por dsciplina, mas vários que as avaliam concomitentemente (resultando a soma de cada jurado e posterior média), uma a uma e, depois, chegando ao somatório e média final.

Obviamente que avaliar é sempre dúbio, tal como sucede em itens como, por exemplo (e no contexto escolar, neste caso) comportamento, assiduidade, participação, etc. -díspar de somar percentagens de testes, mas a falibilidade está não na matemática, mas no avaliador, porque cada cabeça sua sentença.

Se um ditaria 13, outro ditaria, porventura, 14, mas é aí que a matemática, uma vez mais, ajuda, pois num elenco de 4 ou 5 jurados, é a média de todos, das avaliações quantitativas de cada um, que acaba por reduzir a margem de erro (mesmo se sabemos que um outro grupo de jurados pudesse deliberar de forma ligeiramente diferente - mas isso é o tal desvio adjacente ao facto da avaliação ser sempre um acto humano, passível de opinião diferente).

O problema reside, quanto a mim, quando algum jurado faz tábua rasa do regulamento, mas é aí que entra o Presidente do Júri.
Imaginando que o pandeireta só se produziu após o tempo limite dado à tuna, certamente que o presidente do júri não poderá aceitar qualquer avaliação desse item por parte dos demais jurados e colocará a zeros o marcador desse apartado para a tuna em questão.

Num caso recente, dizer que o facto de uma tuna se ter produzido com N bandeiras, excepto o seu estandarte, se traduziu pela pontuação mínima (dada apenas porque o estandarte estava presente), mas que poderia ter sido zero caso o estandarte nem sequer tivesse ido a palco.

Como vés, a matemática é uma ferramenta útil, desde que nas mãos de quem saiba usá-la e respeitar, fielmente, os regulamentos.
No caso do modelo que defendo, e que uma vez mais deu provas neste último CIRTAV, também pelo facto do grupo de jurados ser esclarecido, competente e rigoroso, o acto de determinar a aribuição de pémios foi um "passeio", um exercício sereno.


Como defendes, importa é respeitar e cumprir o regulamento (e,este,a tradição tunante, acima de tudo)

Forte abraço.
Ilustre, deixa-me colocar-te um caso prático suportado na base - de como tudo deveria ocorrer num certame de Tunas:

A Torre Eiffel e o Palácio de Versalhes são obras de arte, para lá de monumentos. Imagine-se que estavam a competir pelo prémio de Melhor Obra de Arte Arquitectónica do mundo. Como avaliar perante este cenário coisas tão díspares e ao mesmo tempo com o mesmo rótulo? Se uma é bela, a outra também o será. Se uma é um hino à arquitectura e engenharia, a outra também o será seguramente. Construídas em tempos - e com técnicas distintas - como ir ponto a ponto para tal avaliação?

E é na BASE que reside todo o equívoco avaliativo: 1º porque não há nada que sustente que a Torre Eiffel é Melhor Obra de Arte que o Versalhes e vice-versa. E em Tunas passa-se rigorosamente o mesmo apenas com uma diferença: apresentam todas música, mais ou menos elaborada mas música. A questão é que por força dessa musicalidade, os certames no seu lado avaliativo e na sua esmagadora maioria dos casos reduzem TUDO à música, deixando de lado a noção basilar de que Tunas são Arte, arte tradicional estudantil, reprodutora de usos e costumes e por aí fora.

Ora, usar a matemática - ciência exacta como bem referes - numa subjectividade tão preemente é o código postal para erros de lesa tvnae mais tarde ou mais cedo, precisamente porque a matemática é despida de qualquer argumento artístico (arte, portanto) prévio, procurando a matemática apenas harmonizar, mecanizar decisões que já de si são altamente subjectivas por força precisamente de a Tuna ser uma expressão artística e não uma mera reprodutora musical per sí.

Pode até na prática e até ao momento ter tudo batido certo; mas seguramente mais certame menos certame haverá o inevitável a acontecer: a matemática dizer X (de forma cientificamente exacta) e o Bom Senso, sensibilidade artística, o óbvio até me atrevo a dizer, dar como resultado Y, por muito bem elaborado que seja tal sistema matemático e melhor aplicado ainda. Esse perigo é real e tem tantos anos como Tunas há em Portugal e desde que existem certames competitivos. A avaliação matemática foi o 1º sistema usado aquando dos 1ºs certames pelos 1ºs Jurados que existiram. O curioso é que muitos desses certames abandonaram ao longo do tempo precisamente a avaliação matemáticamente rigorosa e derivaram noutras formas avaliativas assentes principalmente nos critérios de avaliação conjugados com a qualidade do Jurado mas SEMPRE respeitando a base genética da Tuna.

Já tive como Jurado algumas experiências que indicaram precisamente injustiças crassas por uso precisamente da matemática.

Não é a mesma coisa avaliar um aluno em exame ou avaliar artisticamente Versalhes, a Torre Eiffel ou uma Tuna ou várias entre sí. E se no caso espanhol esta afirmação assume validade óbvia - o tal "correr la Tuna" que os distingue do nosso "correr pelo prémio" - mais pertinente será então no caso português pela biodiversidade existente.

Numa época onde aparece cada coisa a passar como expressão tunante é por demais óbvio que é muito mais urgente e pertinente que os Jurados avaliem por premissas artísticas e não por outras premissas como sendo magia, cinematografia, ilusionismo, baile coreografado, indumentária á la carte ou mesmo pirotecnia. É que a matemática como ciência exacta que é não distingue - porque cega - entre o que interessa e o que não interessa. E para essa distinção existir, há 3 condições essenciais: Convidar apenas Tunas, ter um Jurado de qualidade e um sistema avaliativo criterioso e objectivo. Bastarão estes 3 conceitos existirem de facto. A matemática é, quanto a mim, um agente externo que apenas contribui para complicar o que - repeitando as premissas atrás - é fácil. Mais adianto, a matemática reduz claramente a perspectiva artística da avaliação pois reduz ao mínimo um dos aspectos mais importantes num Jurado que reúne as premissas acima: conversar sobre o que foi visto e escutado. Por isso é que um certame de Tunas não pode ser a mesma coisa que um certame de canções, de vinhos ou de tunning.


Abraços!
J.Pierre Silva disse…
Poderá parecer que estamso em lados opostos nas nossas opiniões, contudo convirá esclarecer que ambos nos baseamos num premissa fundamental: o mesmo regulamento e critérios que enunciaste.

No meu caso, recorro à informática/matemática, até tendo em conta a natureza do CIRTAV (modelo único no mundo tunante actualmente). Já no teu, recorres a outro expediente.

Estou seguro, contudo, que quando experimentares irás ter uma ideia totalmente diferente - até porque vai no mesmo sentido daquilo que defendes, embora num abase mais "palpável".

Forte abraço!
Ilustre:

Obviamente que apenas nos reportamos à forma e não ao conteúdo, absolutamente pacífico, mais para mais e quanto a critérios de avaliação que são os que esta metodologia preconiza.

Não vou "guerrear" metodologias porque nem sequer é isso importante. O que defendo tem 18 anos grosso modo e resulta de a cada ano se ir "pondo aqui" e "tirando ali", afinando a máquina a todo o momento. Ou seja, nunca foi algo tido como uma verdade absoluta. Porque em Tunas verdades absolutas não há (há sim verdades absolutas mas na matemática).

É nesse ponto em que divergimos, apenas e tão só. Quanto ao resto, o tempo mostrará. O método que preconizo é fiável (mas não infalivel, aliás, como qualquer outro), experimentado no terreno ao longo de vários anos e adoptado por muitas organizações de certames de norte a sul do país, prova da sua pertinência e logo validade. É um método como qualquer outro, apenas tem "background" de experiência que permite a cada organização o adaptar em função das suas próprias características. Serve este modelo certames nacionais, certames internacionais e certames de Tunas femininas até e desde há vários anos. Evidente que qualquer outro sistema também o poderá fazer, obviamente. Foi este método "avaliado" ele mesmo por vários Jurados como sendo Dr. Aureliano da Fonseca, Eng. Pedro Rodrigues, Eng. Manuel Moura, Dr. António Sérgio, D. Napoleon (Espanha), Dr. Luis Herrera (México), Dr. João Paulo Sousa, etc, entre outras tantas pessoas que o utilizaram e foram ajudando a moldar o mesmo; em altura alguma sentiram os mesmos a necessidade preemente de recorrer à matemática aquando da votação final. E a experiência aqui é fundamental.


Abraços!
Eduardo disse…
Meus caros:

esta questão da avaliação matemática é difícil de dirimir.

Dito o óbvio lapalissiano, começo por contestar o meu aventuríssimo amigo no paralelo que fazes com o concurso para melhor obra de arte.

Tal como se para «melhor música de sempre» tivéssemos de decidir entre o Panis Angelicus de Mozart ou o Yesterday dos Beatles. Tempos diferentes, sensibilidades, estéticas, finalidades diferentes tornam os dois temas insusceptíveis de comparação. Tal como a Torre Eiffel e o Palácio de Versalhes, ou a Mona Lisa e e os frescos de Lascaux.


Qualquer tentativa de avaliação matemática seria estúpida, porque estamos a falar da arte em si, o que de novo nos levaria à questão de determinar qual dos aspectos da arte deve ser mais valorizado: a técnica (T)? a composição (C)? o valor (V)intrínseco (pecuniário) dos materiais utilizados? ...?

Aqui é que a porca já tem o rabo, as orelhas e o focinho todos torcidos...

Aplique-se um modelo matemático do género:

T - (0-10) 33,333333...%
C - (0-10) 33,333333...%
V - (0-10) 33,333333...%

Resultado X.

Ou então, e para as mesmas ponderações:

T - (0-2)
C - (0-2)
V - (0-200)

Resultado Y.

Mas, e com as mesmas notas dos mesmos jurados, perante as mesmas obras:

T - (0-10) 90%
C - (0-10) 5%
V - (0-10) 5%

Resultado Z.

Ou ainda:

T - 1%
C - 1%
V - 98%

Até um frade das Caldas de ouro maciço ganha à Pietá de Miguel Ângelo...

Onde esteve a injustiça? Na Matemática em si? Ou na forma como as ponderações foram distribuídas - isto é, na valorização que previamente se deu aos diferentes parâmetros e no «quantum» previamente atribuído?

Ora o problema não reside no recurso a um modelo quantitativo, mas na arquitectura do mesmo, meu caro Aventuras, E na selecção prévia daquilo que se quer comparar E na finalidade do que se pretende demonstrar. Porque se qualquer um destes parâmetros estiver mal elaborado, não há modelo matemático que possa valer.

Uma dissertação de doutoramento é mais difícil de fazer do que uma redacção sobre a Primavera? Depende, dirão... E muito bem, já que o esforço de uma tese para um tipo de 30 anos será porventura menor do que para um puto de 6 anos a elaboração de uma redacção sobre a Primavera no fim do 1.º período da 1.ª classe. Poderemos comparar as teses de doutoramento entre si ou as redacções sobre a Primavera entre si. Umas com as outras, será estultícia.

Ora não há regulamento que preveja que avaliar tunas portuguesas e espanholas, por exemplo, é avaliar coisas diferentes.

(continua)
Eduardo disse…
(continuação)

E a partir deste ponto, aventureiríssimo TUNO, começo a dar-te razão.

A Tuna Universitária do Porto, por exemplo, nunca poderia ganhar o CIRTAV e só por uma razão simples: não faz Pasacalles... Não sei se alguma vez foi convidada; se o foi, e face ao regulamento, não deveria aceitar participar, por uma questão de coerência interna, mais nada.

Inversamente, se o RTAV ou a Infantuna fossem ao FITU, eu não saberia avaliar «o respeito pelo traje» porque não faço a mínima ideia de como funcionam. Tal como, a esse propósito, a Universitária do Minho não é avaliada... A nível nacional, conheço os «protocolos» da capa e batina - o resto escapa-me e não há nisto qualquer desprezo, apenas é assim.

Se o CIRTAV é «mais liberal» do que o FITU porque admite "capa e batina" e "não-capa-e-batina", o FITU é mais liberal do que o CIRTAV porque admite "tunas pasacallianas" e "não-pasacallianas".

Donde a melhor tuna no FITU pode perfeitamente não ser a melhor tuna no CIRTAV e vice-versa.

Qual dos dois tem razão? Ambos, face aos respectivos pontos de partida.

O modelo matemático desprestigia, a meu ver, o júri, já que o transforma em simples equipa de arbitragem. Qualquer leigo «em tunas» pode ser jurado, na medida em que pode perfeitamente observar todos os parâmetros e atribuir pontos a cada um deles. Não é preciso perceber nada de tunas para se julgar a beleza de um estandarte ou o porte e graciosidade de um solista. Já é preciso perceber-se um pouco de música para aferir da qualidade técnica ou dificuldade de interpretação ou afinação e coordenação.

Posto isto, e perversamente, ao contrário do que este modelo pretendia evitar, a única competência exigida (em termos formais) para se ser jurado são os conhecimentos musicais. E mais uma vez é a música a levar a parte de leão... O resto está ao alcance de qualquer pessoa. Ou ultrapassou 20 minutos, ou não; ou participou com 20 elementos, ou não; ou praticou actos de vandalismo, ou não; ou chegou a tempo, ou não - etc.

Falta ainda determinar um aspecto, caros:

a utilização de um qualquer modelo matemático com quaisquer itens e ponderações é benéfica/maléfica ou se só a aplicação deste modelo matemático em concreto, com estes itens e estas ponderações, é que é benéfica/maléfica.

Porque é fácil pegar neste modelo matemático e modificar-lhe as ponderações de forma a que as cartolas e as jabubis deste mundo ganhem sempre, ou criar um outro qualquer modelo para o mesmo efeito.

A perversidade, portanto, não está na Matemática, mas na falácia que a partir dela se pode construir - sendo que o resultado que com ela se obtiver pode ser o mais justo possível... dependendo dos critérios...

Arranjem-se critérios infalíveis: eis a utopia; eis o golpe que fere de morte qualquer modelo matemático, mesmo o que se pretenda mais justo e equilibrado, porque a contestação será sempre: «mas com outros critérios...» Portanto, a insatisfação será sempre um leit-motiv nestas coisas - e sempre legítima.

Diga-se apenas: a tuna X foi a que melhor preencheu os critérios do CIRTAV/FITU/CELTA/Baguim do Monte. Em tal deve consistir apenas a «vaidade» dessa tuna.

Abraço!

E BOA MÚSICA!
Ilustre Padrinho, obrigado uma vez mais pelas tuas sapientes reflexões. Apenas dizer telegraficamente o seguinte:

- É evidente que o problema nuclear da avaliação não reside no recurso a um modelo quantitativo, mas na arquitectura do mesmo. Obviamente. Então, pergunto eu, para quê a matemática ou a informática ou a geometria descritiva? Não será então "chover no molhado"?


- É evidente que não se pode escolher para Melhor Música de sempre entre o Panis Angelicus de Mozart ou o Yesterday dos Beatles. Obviamente. Foi PRECISAMENTE isso que quis dizer. E muito menos a matemática, informática ou fisica nuclear resolverão isso. Então, para quê "chover no molhado"?


- Não há regulamento que preveja que avaliar tunas portuguesas e espanholas, por exemplo, é avaliar coisas diferentes. Pois não, por isso mesmo é que os critérios e itens avaliativos respectivos devem ser transversais ao todo do fenómeno e não apenas a parte. E mais uma vez pergunto aqui, então, para quê "chover no molhado"?


- "Se o CIRTAV é «mais liberal» do que o FITU porque admite "capa e batina" e "não-capa-e-batina", o FITU é mais liberal do que o CIRTAV porque admite "tunas pasacallianas" e "não-pasacallianas"." . Precisamente, daí a importãncia do mecanismo de conhecimento prévio dos itens e critérios avaliativos junto das Tunas participantes em dado evento. Ora, se se sabe ao que se vai, o que conta para efeitos avaliativos no certame XPTO, para quê complicar? Há publicidade prévia ao evento, regras conhecidas ANTES (e não DEPOIS como acontece em 99,99999% dos certames)....mais chuva a cair no chão já de si encharcado, não?


- "..e perversamente, ao contrário do que este modelo pretendia evitar, a única competência exigida (em termos formais) para se ser jurado são os conhecimentos musicais. E mais uma vez é a música a levar a parte de leão... O resto está ao alcance de qualquer pessoa. Ou ultrapassou 20 minutos, ou não; ou participou com 20 elementos, ou não; ou praticou actos de vandalismo, ou não; ou chegou a tempo, ou não - etc." (fim de citação).
Dispenso comentários adicionais.

O Jurado deve ser parte de um mecanismo que tem vários tempos, momentos, chamado Organização. E esta Organização sempre se preocupou muito mais com tudo menos com a questão da avaliação das participantes, seus mecanismos, publicidade prévia ao evento e aplicação de facto. São inúmeros os certames em Portugal que nem regulamento têm, que fará itens e critérios de avaliação. Porque razão será?

O Jurado de qualidade não necessita a meu ver de factores externos para poder avaliar, basta um regulamento em condições, itens e critérios avaliativos conhecidos de todos os intervenientes no processo e pura e simplesmente aplicar os mesmos critérios ao que ouviu e viu, dentro de uma noção positiva a favor de uma cultura e tradição estudantil.

Finalmente dizer o óbvio: não há em Tunas qualquer sistema infalivel de avaliação precisamente porque se trata de ...Tunas - e não de alunos, canções da Eurovisão ou outra coisa qualquer. Pense-se nisso.

Abraços!
Apenas porque me esqueci acima e é importante referir, mesmo que repetindo-me e face á minha "aventura" inicial:

É o sistema avaliativo que apresento e defendo, obviamente um sistema que sendo flexivel e adaptável a cada certame e seus traços genéticos, assenta o mesmo em principios claros de defesa da Tuna enquanto Tradição e cultura estudantil por excelência.

Ou seja, é um modelo avaliativo que é obviamente "alérgico" a grupos de estudantes que tocam instrumentos variados e que vestem - e calçam - todos ou quase todos a mesma indumentária/calçado, seja ela "by Channel" ou tradicional escocesa.

Até por isso mesmo - por ser um sistema avaliativo que defende a Tuna enquanto Tradição e cultura estudantil - promove ela entre o Jurado e até entre a Organização e o Jurado o diálogo permanente com vista à defesa do que importa realmente - e não só da música.

Deixo-vos um exemplo: Dada edição do certame que co-organizei durante doze anos teve uma Tuna espanhola cuja qualidade musical era, à época, elevadíssima. Para o Jurado era a vencedora unânime dessa edição. Acontece que o comportamento dos componentes dessa mesma Tuna foi grave durante todo o decorrer do certame, com atitudes altamente condenáveis. Ou seja, a melhor no palco foi a pior fora dele. Todos os intervenientes no processo avaliativo conversaram e assentes nas regras e critérios previamente difundidos e conhecidos.

Foi essa Tuna liminarmente desclassificada. A melhor em palco foi desclassificada.


Abraços!