A Aventura Oportunista...

Silly Season finitum est....

Há coisas que de facto, vai lá vai. Estava num destes dias de verão em amena cavaqueira à mesa com um grupo de amigos que nada têm a ver com estas coisas das Tunas e, en passant, calho de dizer que um destes dias vou dar uma volta ao estrangeiro com a "minha" Tuna. Falava-se de viajar, de locais, de isto e aquilo relacionado com o tema substantivo das férias.

Eís que, essa malta que regra geral olha para as Tunas com aquele olhar paternalista de avô que participou na 1ª Guerra Mundial e que diz que os disturbios no Bairro do Aleixo são peanuts , ou seja, olha com desdem e manifesto gozo altivo sobre uma coisa que segundo eles "é giro e assim, quando tinha 20 anos era engraçado e coisa e tal", vai daí, ao ouvirem os pormenores da dita cuja deslocação ao estrangeiro, respondem acto contínuo " é pá, não precisas de ninguém que toque ferrinhos e assim?" (curioso como os ferrinhos surgem sempre nestas conversas, talvez por ser instrumento supostamente fácil, não faço a mais pálida ideia...).

E é aqui que o mundo ganha outra côr, de facto. Ora, enquanto se fala que se está numa Tuna, os olhares são de esguelha obliquamente arrogantes ou sorrisos complacentes como quem diz "coitado, mais um que sofre de complexo de Peter Pan" ou então "tadito...!". Mas quando se concretiza o passe fatal e se vislumbra um golo de antologia com uma digressão à estranja com tudo pago e coisa e tal, bom, meus caros, outros valores se levantam e alto lá que isto já é coisa séria, com ferrinhos e tudo pelo meio se for preciso! Até houve um comensal que se disponibilizou - pasme-se - para carregar instrumentos e bagagem se fosse preciso (algo que prontamente recusei por respeito aos caloiros; ética acima de tudo que nas Tunas não há sub-empreitadas nem layoff....).

É curioso como num mundo materialista e perfeitamente auto-canibalizado, onde meio mundo anda a comer o outro, não só o conseguindo mas também se revezando, ainda existem uns irredutiveís gauleses tunantes que, em nome de um gosto, um puro gosto, se prontificam a fazer o que gostam de fazer de forma desinteressada. Já outros, no alto dos seus belos ordenados, responsabilidades e afins de alto calibre social, olham com desdem para a Tuna e logo de seguida, ao ver que afinal aquilo não é só o que eles acham que é, acto contínuo até se prontificam a trocar de lugar com os caloiros....!

É por estas e por outras que temos de saber Estar e saber Ser. Levem convosco p´rá vida, como canta e toca a Toada....

Comentários

Sir Giga disse…
O que me surpreende ainda mais é o facto de verem as saídas para o estrangeiro como a principal vantagem de pertencer a uma tuna. Quando entrei para a minha, a última coisa que se me passou pela cabeça era que queria viajar.

Não vou dizer que não tinha outras motivações - como as de cariz, digamos, social :) - para além do gosto pela música, mas tinha 18 anos, não trinta ou mais.

E depois nós é que somos os meninos...