A Aventura da Nomenclatura Tunante....

Nomenclatura, conjunto dos termos técnicos de uma arte ou ciência, diz o dicionário. Termos técnicos, portanto e de uma arte, no caso, a tunante. Esta surge um pouco na sequência do último post do blogue (excelente, por sinal e que recomendo seria e vivamente) Tunos & Tunas, uma excelente crónica de costumes tunantes quotidianos que deveria ser leitura obrigatória de todos.

Indo à nomenclatura tunante, caso para dizer que tal "exemplo" não é virgem no panorama - e note-se com toda a propriedade que nunca a palavra "virgem" assumiu tamanha dimensão pan-tunante como agora. Os espanhoís sempre acharam algo "raro" (ou seja, esquisito) esta coisa bem portuguesa de se apostar na diferença pela diferença, usando para tal prefixos ou sufixos adendados ao termo Tuna. Certo é que os espanhoís acham muita coisa nossa "rara" e vice-versa. A questão nem será por aí. A questão é quando nós mesmos, "tugas", achamos isso também estranho e pelo menos, para não esticar a corda em demasia....

Desde o "boom" tunante - mais quintal menos arroba - que se assiste a este "assumir de diferença" e que, por si só, nem seria criticável. O problema aqui é que à sombra da tal procura desenfreada de "diferença" se acabou em alguns casos por cair precisamente no oposto do pretendido. Pior, quando essa procura da "diferença" serve acima de tudo intentos de chocar pelo chocar, de provocar pelo provocar, ao ponto de estar aqui a escrever, pasme-se, sobre nomenclatura tunante (os meus parabéns desde logo, assumo a tentação...).

Bem sabemos que a contra-argumentação é também ela mais do mesmo; "ahh, surgiu da mais expontânea veia tunante" ou o clássico "é para diferenciar!!" ou o ainda mais clássico "fica no ouvido!", não se percebendo em alguns casos que de expontâneo nada tem, muitas vezes não diferencia pela positiva - antes e sim pelas piores razões - e muito menos ainda fica no ouvido, antes sim na memória que teima em não querer apagar o raio do nome. É que - e concepções estéticas ou direitos à diferença à parte - nestas coisas não basta ser, há que parecer, diz-se. Seria o mesmo que uns país chamarem ao seu rebento recêm-nascido algo como, sei lá, deixem ver....ahh, já sei, Estrambólico; fica no ouvido, é expontâneo e muito seguramente algo de completamente diferente. " Estrambólico, faz os deveres! Estrambólico, põe os óculos!!! Estrambólico, se saires hoje à noite leva preservativos" e por aí fora. O miudo/adolescente/jovem/adulto Estrambólico pode ser o ser humano mais dotado de virtudes e aptidões ao longo da sua vida mas com o nome que os paizinhos lhe puseram - dentro do mais puro direito libertário, note-se - seguramente que as coisas não lhe irão correr lá muito bem; não é por nada, até pode ser uma coisa injusta, mas é mesmo assim que as coisas são....

Desde sempre que sou avesso a prefixos e sufixos, trocadilhos, bem como a composições de termos que englobem o "Tuna" pelo meio. Não encontro nenhuma boa razão sequer para isso ter ocorrido excepto as acima mencionadas profissões de fé que oscilam entre o "porque me apetece" e o "fica no ouvido". Nada como o nome certo: Tuna/Estudantina + académica (ou sem este termo) + feminina ou mista + universidade/faculdade/instituto/localidade + local de origem. Daí em diante ou é marketing, mera piada inconsequente (que pode trazer consequências) ou mau gosto puro e duro.

O 1º passo para credibilizar a Tuna é não a descredibilizar logo à nascença. Mas repito que o erro não é de hoje, há precedentes históricos e alguns até de fazer corar a Briana Banks (pseudómino muito bem escolhido, note-se, por parte desta casta jovem...). Em todo o caso, para que não fique no ar uma ideia demasiado clássica da minha "aventura" de hoje, e porque pelos vistos é mais dificil inventar nomes assim do que simplesmente chamar-lhe o nome natural, óbvio e evidente, cá vão umas sugestões - mesmo correndo o risco de, porventura, a patente de algumas já ter sido registada......


Versões clássicas:


" Tuna de Medicina de Murça - extensão Adega Cooperativa"

" Tuna Feminina do Colégio Maior Paserelle - Lisboa"

" Estudantina Feminina do Bagdad - Porto"

" Tuna Académica da Recta da Coina"

" Tuna Universitária do Instituto Superior Chaimite - Matosinhos"


Versões "neo-liberais":


"Ora-Tuna-na-caneca"

" Tu-Ning" (óptimo para tunas macaenses)

" En-Tuna-Ó-Copo"

" TUNAtes Pelados" (para mentes mais vegetarianas e/ou eróticas)


Descansem, que não os registei na S.P.A......

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