A Aventura do Auto-Polimento de Ego Colectivo

Bom, calha em boa época, até. Se calhar não será por acaso. Mas de facto, é particularmente nesta altura do ano que se assiste a um autêntico auto-polimento de ego colectivo, derivado quiçá, quiçá, de uma de duas coisas: ignorância ou parvoíce pueril.



A 1ª ainda se perdoa, pois de facto, andamos cá todos para aprender, mesmo que alguns não aprendam de todo até com os próprios erros. Tudo o que sobe desce, todo o que ganha perde and so on and so on. Pacífico, excepto para o ignorante militante - ou seja, aquele que não percebe patavina sobre o que anda a fazer e pior, se julga sapiente sobre aquilo que (não) faz. A parvoíce pueril é que já começa a ser algo mais grave, porque tem como único objectivo o tal auto-polimento do ego colectivo: "aí que bons que nós somos, ganhamos a torto e a direito e blá blá blá". Depois, ao vivo e a cores é a *erda do costume, são todos gente humilde e o que interessa é o convívio e blá blá blá. Muito blá blá blá, é o que é.



E é coisa que atravessa o país tunante de norte a sul, numa lógica muito ao género "virtudes públicas, vicios privados", deve-se dizer. Raramente assisto ao recato do pós refrega por parte de quem, aparentemente, tem todas as - aparentes - razões para colocar em Outdor´s os seus feitos. E quem o faz e pratica mostra pelo menos uma coisa boa: bom senso. E com ele ganha respeitabilidade logo a abrir, relativizando com o seu silêncio as coisas e valorando assim o essencial. Até se percebe - e até certo ponto, note-se - algum orgulho elevado momentaneamente. Mas quando se vê tanto exagero, a lembrar quase os tempos da Guerra dos Boer´s ou outras anteriores, é que já me parece ridiculo por imbecil. Bem sei que hoje somos o resultado do que outros antes fizeram e faziam, assumo a minha quota parte; mas também sei que com o tempo vem o bom senso e acima de tudo, alguma percepção mais realista das coisas, que de todo se compadece com tanto auto-polimento de ego colectivo a que assistimos hoje em dia. É que dito por outros é uma coisa, sendo nós mesmos a polir o nosso ego e a meter o cartão de visita no bolso de terceiros já é outra.



O reconhecimento é dado pelos outros, já que será sempre do ser humano achar-se que aquilo que fazemos é que é bem feito, coisa quase redonda. O problema nem será acharmos que somos bons ou os melhores lá da rua; o problema é querer-se à força impingir aos outros o polimento que se faz ao nosso ego. É que não leva a lado nenhum polir o ego colectivo e depois cantar aquela dos Xutos " Eu cá sou bom, sou muito bom...." porque precisamente somos nós a cantar a música; não seria melhor deixar os outros cantar a mesma sobre nós?



Quem pratica liturgicamente o auto-polimento do seu ego colectivo apenas e tão só mostra a sua fragilidade, insegurança e puberdade tunante. Percebo que se queira mostrar o orgulho que não arrogância. Mas deixar que sejam os outros a polir o nosso ego e não nós é sinal de força, segurança, convicção. Em suma, sinal de maturidade tunante.

Comentários

Eduardo disse…
Eh eh eh eh eh eh!!!!!!!!!!!

Ainda que a propósito de "outras guerras" (tu sabes do que estou a falar...), este texto entra que nem p*la em c* de frade :)

A propósito de tunas, então, nem é bom falar...

Aquele abraço!
Pois, quer-se dizer....justamente, não é?

Mas esta "Aventura" é mesmo inspirada somente nas nossas Tunas (mesmo não sendo coisa exclusivamente portuguesa, note-se).

Abraços!
Esta questão do polimento do ego nem se coloca quando as pessoas que andam neste mundo das tunas, andam por amor à arte tunante. Ao prazer de ser tuno. Querem lá saber do ego. Quando sabem o que estão a fazer e estão a faze-lo bem, tal como tu disseste, sou os outros que nos reconhecem esse tal ego.

Já tenho me apercebido que, infelizmente, constroem-se cada vez mais tunas de palco, isto é, miúdos que só sabem tocar e cantar o repertório de palco, e depois fora deste, a única coisa que sabem entoar são cânticos de futebol, genéricos de séries animadas e grunhidos imperceptíveis a qualquer ouvido humano.

Já não se cultiva ou cada vez se cultiva menos a arte tunante e fomenta-se a arte de palco.

O que vale é que nós sabemos que estas modas vão e vêm, mas mesmo assim é triste.. muito triste!