A Aventura da Alice no País das Maravilhas….


É, definitivamente, o nosso Kindergarden, a nossa escola primária, a mais pura, ingénua e pueril vivência, onde a frase “ a minha é melhor que a tua” ganha desde logo outro sabor por perfeitamente genuína, sem concessões à cautela ou à sabedoria. É a nossa infância primeira, por onde todos passamos, sendo que alguns, então, foram pioneiros dessa escolinha primária que antes não existia, logo, não tinham outro remédio senão saírem do armário por eles mesmos, uma desvantagem. Hoje, pode-se dizer que já não é assim.


Mas será que não é mesmo assim? É que, ao ler de fio a pavio, fica-se com a nítida sensação que das duas uma, ou não se deixou lastro, bagagem ou então estas coisas das Tunas são mesmo levadas actualmente na base do mais puro e pueril postulado, uma retórica perfeitamente simplista e carregada de ilusão e ingenuidade sadia, uma espécie de “siga p´ra bingo que a “balta” quer é curtir e mais nada”, o que por si só e visto isoladamente, até nem deixa de ser algo benéfico – a ingenuidade tem algumas virtudes, como todos saberão. Tudo muito fácil, tudo muito resumido ao mais básico, tudo muito “bué da fixe pois ganhamos 7 prémios e foi uma América!!!!! Curti totil!” e siga a marinha que está tudo dito. Mas será que esta santa ingenuidade, esta coisa muito Wonderland onde tudo é belo, fantástico, quase um sonho, será por si só, algo de factualmente ponderável e pertinente para o que se pretende no nosso meio? Ou por outras palavras, será que este desprendimento pueril e próprio da tal mocidade louca, ingénua e generosa que Paulo Pombo e Aureliano da Fonseca tão bem retrataram, será mesmo só isso, loucura, ingenuidade e generosidade?

Temo que não, de facto. Temo que haja um misto entre pueril e sadia ingenuidade, muito sangue acaloirado na guelra – claro que sim e ainda bem! – mas também muita ignorância aqui travestida de sapiência de veterania com ¾ de mês. E é esta última a que mais me “preocupa” no meio desta visita ao País das Maravilhas tunante, onde umas Alices parecem genuinamente ser o que realmente são mas já outras parecem querer ser mais do que realmente poderão vir um dia a ser. Afinal a tuna estudantil é para os estudantes, precisamente. Sendo estudantes deveriam estudar mais sobre o que fazem, dizem gostar e julgam saber. E é aqui que a coisa muda algo de figura; se se entende a jovialidade de quem agora chega a estas lides, já não se compreende que essa jovialidade apenas sirva para o que se lê aqui, quando antes poderia servir para ir mais além sobre o que de facto são tunas universitárias e/ou académicas.

Tudo tão simples, aqui, não acham??? E era bom que assim fosse, talvez. Mas as coisas não são assim, como todos sabemos, tão, diria, “bué da fixes”. Ir a este País das Maravilhas é, por si só, um interessantíssimo exercício que nos mostra claramente como uma mesma garrafa para uns está meia cheia e para outros meia vazia. Mas confesso que este rewind não me deixou assim tão “perplexo” quanto isso pois completamente fora da realidade mas ao mesmo tempo docemente infantil – e ser grandinho às vezes é tão chato…

Era bom que as Alices, de quando em vez, seguissem o Coelho Branco para outros locais também….

Comentários

Eduardo disse…
"Cortem-lhe(s) a cabeça!"

É o síndrome de Peter Pan em todo o seu esplendor...

Com um bocado de sorte, reunem-se todos na janela da nursery, espalham pó de perlimpimpim uns sobre os outros, e efectuam um belo voo na vertical da altura de três andares...

Em alternativa, vistam-se os mesmos de Capitão Gancho e é só esperar por uma comichão...

Aquele abraço!