A Aventura do Guarda-Chuva Semântico

A prática reiterada de um fenómeno como sendo a tuna de ensino superior em Portugal mostra-nos desde logo que, mormente o facto de ser uma tradição, há natural evolução. Sempre houve, desde os tempos mais remotos até aos dias de hoje. Aliás, o segredo da sobrevivência da tuna do ensino superior e no ensino superior reside precisamente nessa capacidade de se adaptar - sem defraudar, adulterar ou inventar - a cada um dos tempo em que vive e a eles vai sobrevivendo paulatinamente.

É, pois, novamente, um dos maiores erros na análise do fenómeno entrincheirar o mesmo em X período, ou X contexto, sendo certo que o mesmo fenómeno evoluiu com o passar do tempo. Não se pode confundir, por isso, alhos com bugalhos, pensando-se que com essa capacidade de adaptação da tuna se pode inventar, adulterar, por cima dela como se não houvesse passado. Por outro lado, ao perceber-se que o fenómeno teve vários momentos, tempos, contextos socio-culturais distintos, resulta-me óbvio que remeter APENAS a tuna do ensino superior a um dado contexto é, obviamente, um erro crasso de perspectiva.

A Tuna do e no ensino superior em Portugal existe desde os finais do Século XIX, inicios do de XX e não só mais tardiamente no "boom" - embora aqui com mais expressão e difusão. A tuna no ensino superior foi apenas uma das expressões do ressurgimento das Tradições Académicas em Portugal, quiça a mais visivel mas não a única. Nem todos os Académicos deste país foram Tunos, aliás, a esmagadora maioria dos Académicos deste país nunca foram Tunos. Se os Tunos foram Académicos não tenho dúvidas. Mas isso não condiciona de forma alguma a sua génese, natureza e muito menos a sua denominação mais abrangente. Discordo frontalmente por isso que, à luz de um recuperar de tradições académicas que a tuna de ensino superior em Portugal seja por si só, acto contínuo de copy/paste, académica. A prática hoje mostra-nos que não o é. Não se trata do que eu acho ou deixo de achar, trata-se da realidade dos factos que se me vão deparando à frente, tão simples quanto isso. E essa prática mostra CLARAMENTE que a tuna do ensino superior em Portugal tanto pode ser como pode não ser académica. Porquê chamar a todos Académicos quando nem todos se comportam como tal?

Outra questão altamente pertinente: O que se entende, no contexto estricto da TUNA - e não noutros contextos cruzados ou mesclados - por académico/a? Mais uma vez o que a evolução dos tempos nos mostra hoje é que muitas tunas de ensino superior não são nem se comportam como académicas. Discordo também que e pegando no simples significado de Academia o mesmo sirva para todos: não serve, nem todo o sitio onde há estudantes de ensino superior é logo, automaticamente, uma Academia. Nada disso!!! A noção real de Academia implica um sentimento de partilha, de união, de comunhão de objectivos, formas de estar, etc, articulado e portanto, conjunto coeso de actos, práticas e objecivos comuns, partilhado na sua forma de explanar o que é verdadeiramente uma Academia; ora, em Portugal, concluí-se que às tantas, e na prática de facto, no dia-a-dia, Academias haverá umas duas com sorte até. Chamar-se Academia a um conjunto de 3 faculdades que se dão mal, cada uma rema para o seu lado, com trajes distintos, cada uma com o seu código de praxe e afins, é um autêntico absurdo, porque tudo as separa e a única coisa que as une é a terrivel coincidência de estarem na mesma localidade (desígnio dos Deuses e não de mais nada..). Basta ver o panorama nacional e está tudo dito. Lá se chamam assim? Podem até chamar-se outra coisa qualquer, é-me indistinto, porque a prática mostra tudo menos esse sentimento de Academia de facto.

Uma Tuna do ensino superior em Portugal pode, precisamente por isso e por motivos endógenos a cada Tuna - se uma tuna entre 30 da mesma "academia" faz Y outras haverá a fazer X, H e ainda Z - chamar-se académica na sua denominação, só a ela a vincula esse atestado de academismo; conheço, contudo muita boa tuna que nem sequer tem esse epiteto na sua denominação e é mais académica que qualquer boémio da sua universidade, logicamente. O oposto também existe. Logo, concluí-se que "meter" todos debaixo do guarda-chuva do termo Académico/a é um absurdo, total absurdo, porque essa denominação não reflete a prática reiterada, os pontos comuns, a noção de sentimento de partilha de valores comum. É "treta" dizer-se que isso acontece porque na prática não acontece. Há tunas da mesma suposta academia que trajam de forma completamente distinta umas das outras. Que raio de academia é essa então que nem estéticamente se entende? (que fará em questões muito mais preementes e graves que não a indumentária!).

Uns sentam-se no seu burro evocando a Praxe académica; outros como eu sentam-se em cima do seu burro evocando a Tuna. E se estamos a falar de tunas - e as tunas evoluiram desde o "boom" até bastante na sua forma organizativa, procurando afastar-se sempre das questões políticas digamos assim, criando até estruturas próprias como p.ex. transformando-se em associações culturais com personalidade juridica própria, logo, independentes de tudo e todos, não faz qualquer sentido usar-se um termo que, por enorme na sua abrangência - e quanto maior mais abstracto ele será - NÃO serve os propósitos de hoje, da tuna de ensino superior de hoje.

Nada contra a palavra Académica/o. Gosto até particularmente do seu romantismo, nada contra. Mas tratando-se de tunas do ensino superior em Portugal - e graças à bandalheira criada na criação de nomes, sufixos e prefixos entre outras coisas que me abstenho de comentar quanto ás denominações de tuna adoptadas em Portugal - o termo Académico/a é, face à realidade de hoje - que conheço porque estou no terreno - um autêntico absurdo no que toca a denominar-se todas. É absolutamente falso que todas as tunas em Portugal sejam académicas. Falso. A prática mostra precisamente essa falsidade, não o que possa dizer eu ou outro ilustre curioso sobre a matéria. Que a tuna do ensino superior em Portugal esteja grata ao Academismo e às Tradições Académicas é um facto que não pode ser descurado. Mas grata, não refem. Aliás, o Academismo na universidade portuguesa muito deve à tuna do ensino superior portuguesa na manutenção de valores, hábitos e costumes. O que também não torna a tuna portuguesa do ensino superior sua guardiã por si só. Este "casamento" sempre funcionou lindamente quando ambas se complementavam; já funcionou sempre muito mal quando alguma delas quis sobrepor-se à outra.

Universitária ou Politécnica. Cada coisa é uma coisa mas define claramente uma denominação que abrange, por DNA até, o que são as tunas de ensino superior em Portugal. Mais simples é impossivel. Daí em diante é complicar o que é fácil ou então tentar impôr um modelo caduco, em desuso, fora do prazo, de um época em concreto esquecendo todas as outras até o presente esquecendo. Se se podem chamar também de académicas? Podem. Eu próprio militei numa dita e de facto Académica. Ainda hoje sou académico por génese, por convicção. Foi o contexto de época que assim o ditou, a prática de então. Se tivesse então ditado outro contexto qualquer teria sido esse então e não o academismo. As coisas mudam, também andam para a frente e não nos podemos refugiar em conceitos ultrapassados pela prática, salvaguardando que evolução não é muito daquilo a que vamos assistindo hoje, sublinho com particular cuidado e propriedade. Note-se que tomara eu que fossemos todos Académicos como éramos há uns 20 anos atrás. Eramos, já não somos todos, apenas alguns. Lamento, mas é a realidade.

Um Ferrari Testarossa Turbocharged Compressor Pró Xunning será sempre um Ferrari, mesmo que "azeitado" ou "kitado". Tirem-lhe tudo e metam-lhe tudo em cima: o Ferrari será sempre um Ferrari. Tunas do ensino superior é a mesma coisa, meta-se o Académico/a em cima, ao lado, em baixo. Trata-se sempre de uma tuna do ensino superior. Logo, a resposta a esta questão é simples.

Não se trata, finalmente, do que acho ou deixo de achar - que só a mim me vincula e bastará. Trata-se do que vejo, andando como ando no terreno. Está-se a "discutir" se o Ferrari é Xunning ou não numa época - e quem anda no terreno sabe precisamente do que estou a falar - onde dizem ser Ferrari´s e levanta-se o capôt e o motor é de um Fiat 500, o que torna esta conversa quase absurda. O que me faz retroactivar até à base das coisas e é nela que se deve centrar toda esta conversa e - e não em tunas de liceu, populares, de caixeiros, tradições académicas e afins, tudo respeitável mas que para esta conversa são despicientes. Assim mostram os dias de hoje.

Resulta completamente estranho por incongruente que sejam os mesmos que defendam a autonomia da Tuna face a estruturas académicas e/ou ligadas à Praxe Académica -e muito bem defendido na minha opinião - e que depois sejam os mesmos a remetê-la para essa precisa esfera. Não é preciso remeter a Tuna para o Academismo porque naturalmente, quem é Académico nem sequer precisa de um Conselho de Veteranos ou Tuna ou Grupo de Fados para o ser; basta exercer esse Academismo, ponto final, é uma profissão de fé pessoal, sempre foi. Para haver uma Academia é preciso que haja primeiro académicos de facto e depois que comungam desse mesmo academismo, todos, resultando daí uma verdadeira e real Academia - e não, como resulta da mais elementar Ciência Política, que nos diz que quando as pessoas têm objectivos comuns, associam-se para depois dentro dessa mesma associação, se desunirem.

A "Ronda das Tunas do Porto" de 1991 é um acto de profundo e real, porque sentido, Academismo. Aí sim. Hoje é assim nas tunas nacionais??? Não me divirtam, por obséquio. Há uns anos atrás tive um director comercial que me dizia que a "melhor forma de ver com quem estamos a lidar é verificar se os sapatos na sua parte traseira estão engraxados com o mesmo aprumo e cuidado com que estão à frente": O termo Académico, hoje, em Tunas é uma mera cuspidela na ponta do sapato.....

Sou o 1º a lamentar que assim seja; tomara eu - e quase todos - que o Académico/a servisse de facto para nos definir a todos, ao conjunto. Não, não define, nem de perto nem de longe. Sou Académico, adoraria que fossemos todos académicos, pelo menos como já fomos, nada contra o academismo, viva o mesmo e um grande F.R.A.!!!. Não é disso que estamos a tratar, meus caros. Estamos sim a tratar de perceber se o termo académico/a nos define a nós, todos, todas, tunas do ensino superior portuguesas, hoje em dia, de forma abrangente. Não, não define.

Comentários

J.Pierre Silva disse…
Caro amigo,

Tens como virtude a teimosia, mas nem sempre é virtuosa! hehehe

Penso que confundiste a noção de "Académico/a" que eu empreguei como substantivo (a jeito de complemento determinativo: de estudantes) e que tu entendes como adjectivo.

O teu ponto de vista está certíssimo, se quiseres avaliar e ajuizar o academismo das tunas e das instituições, mas não é disso que se trata, aliás julgo que não podemos apontar o dedo a outras localidades afirmando a pés juntos que não são uma academia ou que não são académicos, só porque se acha que apenas Coimbra, Porto e pouco mais merecem esse estatuto. Como dizes, e bem, as coisas evoluíram.

É claro que todos estamos no direio de achar que outrém é menos académico (ou não o é de todo), tal como X ou Y é menos Tuna ou não o é de todo, mas, uma vez mais, não foi isso qu emotivou o artigo que vens agora refutar no teu blogue.

O termo "Académico/a", tal como o usei é uma acepção que não podes negar, nem eu, porque não temso esse ónus nem legitimidade para lhe emprestar entendimentos pessoais em contraponto às suas definições regulamentadas na linguística.

O termo "académica", tal como o mencionei, e usei, diz respeito a estudantes, a tunas compostas por estudantes, pelo que se aplica, obviamente a qualquer tuna universitária.

Dir-me ás que não chega para as Universitárias, e daí prefeires outro termo mais restrito. Percebo-te perfeitamente, mas tens ade anuir que nem todo o ensino é universitário - pelo menos o ministério da tutela ainda não tratou disso, havendo, pro isso, ensino politécnico e universitário. Vai dar ao mesmo?
Na prática, actualmente, em termos de graus conferidos sim, mas historicamente nunca!

O que pretendi dizer e questionar é o que motiva uma tuna politécnica e ostenta ro nome universitária?

É menos tuna uma Tuna chamar-se académica - é menos universitária?

Portucalense,Évora, Lusíada, Infantuna, Fernando Pessoa, Versustuna, TAIPAM, Bruna da Figueira, Guarda, UTAD, e tantas outras (a larga maioria) usam o termo "Académica" e não vai mal ao caso (e algumas são de universidades - como o seu nome completo indica).

Onde há estudantes e um centro de ensino háuma academia, mesmo se podemos olhar para a mesma com adjectivos de repúdio - mas, uma vez mais, não é disso que se trata, muito menos de praxe.

Qualquer tuna de Ensino Superiro é académica, tal como é transversal o nome "estudante" e "ensino".
Mais ainda: actualmente, até mesmo a denominação Tuna Académica já praticamente ficou colada ao âmbito universitário, daod não existiem tunas de outros graus de ensino (salvo Évora) dignas de nota.

Abraço.
Ilustre:

Nada tem a ver com teimosia, gosto ou profissão de fé. Apenas e tão só constatação de facto. Já dei à estampa as razões - e pelos vistos, até aceites - para o que afirmo. Repito: tomaramos nós que todos fossem académicos/as. Mas não são, e já expliquei porquê. Teimosia será achar-se que somos todos académicos quando pelos vistos todos concordamos que não o somos. Daí a minha "palestra".

Não se trata de mais nada senão apenas constatar a realidade. E é preciso, no meio tunante, saber qual é a realidade e não embarcar em romantismos que, por muito caros que nos sejam - que o são - hoje, não passam disso mesmo. É completamente indistinto se é adjectivo ou substantivo ou até nome. Deixemos de lado a obstinação de procurar um rótulo quando ele naturalmente por génese já o tem. Que interessa adjectivar as tunas de académicas quando elas hoje, algumas, muitas, não o são? Mais confusão para lá do que a que existe??? Para quê??? Com que intuito???

É evidente - como deixei BEM claro nesta "aventura" que não nego a evidência do academismo nas tunas universitárias e/ou de politécnico. Tem de se ler tudo e não só o que se filtra convenientemente. Mas isso por si só não altera o estado das coisas, como aliás, concordas até. Em nada altera o estado das coisas.

Onde é que disse que todo o ensiono é universitário? Não lês isso em lado algum da minha parte. Aliás, estou-me nas tintas para o ensino, se é ou deixa de ser todo X ou todo Y. Eu estou a falar - sempre estive - de tunas universitárias e/ou politécnico, não de mais nada. É SÓ destas que me estou a reportar e não de mais nada.

Se a minha "teimosia" não será virtuosa, não sei, não é a sua virtuosidade que me move porque digo o que penso e não me movo por pedestais ou polimentos de ego. Estou-me novamente nas tintas para o meu suposto virtuosismo ou não virtuosismo. Nem sou eu que estou aqui em causa - era o que mais faltava! Mostrei o meu ponto de vista, expliquei, até vais concordando com o que disse e tudo. Porreiro, pá. O resto não me interessa para nada, é "bullshit".

Evidente que uma tuna politécnica não deve, sob pena de estar a deturpar a realidade dos factos, usar um termo que não lhe cabe. Mas já tinha dito isso e não me reportei a esse aspecto em concreto. Há que ler tudo de fio a pavio. Como as tunas que ostentam - e muito bem - o termo académica/a no seu nome o fazem seguramente com toda a propriedade e legitimidade. Mas novamente repito que não disse menos que isso e nem sequer me reportei a esse facto na "Aventura" acima. Basta conhecer-me bem para se saber que aí, estamos todos de acordo.

Quanto à questão substantiva, até pelas respostas que vou lendo, mais convicção ganha o entendimento sobre o termo académico/a. Não vale a pena perder mais tempo sobre a questão substantiva. Académicos, onde andais??? Apareçam em força nas tunas nacionais que aí a coisa já muda de figura. Até lá, "game over" da parte que me toca. Definitivamente. Nem um milimetro cedo. Lamento discordar mas faço-o na convicção de que essa discordância, mais do que o ser ou deixar de ser, é reflexo de uma realidade que se me depara a cada vez que ando por aí, como o outro. Não sou de paninhos quentes nestas matérias, nunca o fui. Não o serei agora, fora de questão, completamente.

Abraços!!!!!!!!!

Maio 02, 2010
E que fique bem claro: O que eu penso e entendo é completamente estanque a audiências ou contabilização de espigardas. Não me movo por lógicas "TVI", nem que fique sozinho a pregar a no deserto. Que fique bem claro, definitivamente. Académicamente digo: *aguei para o facto de o que digo ou pense ter um, mil ou 2 milhões de "adeptos". É, se quiserem, o primado do academismo: ser-se como se é e não querer-se passar por outra coisa qualquer ou tentar "vender" uma qualquer ideia como se fossem sabonetes. É, aliás, o "Aventuras" o primado da ideia livre, descomplexada e não-alinhada seja por quem seja, doe a quem doer. É, se quiserem, um pouco de mim mesmo: livre.

Académicos, apareçam. Até lá, "goodbye, over and out.."! Dito por mim, que não percebo um charuto destas coisas.
Eduardo disse…
Grande Ricardo:

a esmagadora maioria dos elementos das tunas NÃO está imbuída de "espírito académico"? Concordo. Neste - e só neste sentido - as tunas que eles integram NÃO são/NÃO DEVEM SER CONSIDERADAS académicas? Concordo.

O "pomo da discórdia" está em tu quereres restringir o campo semântico de "académico(a)" exclusivamente a este sentido, quando aplicável a "tuna".

Aparentemente, só "admites" que uma tuna se diga "académica" quando os seus componentes dão provas cabais de regerem o seu comportamento segundo os valores do espírito académico - e direi, a título de exemplo: generosidade, desinteresse, modéstia, irreverência, culto da verdade e da beleza, cortesia, cavalheirismo, boémia, ousadia, coragem moral e física... etc.

Porém, que dizes tu da expressão "trabalho académico" ou "habilitações académicas" - ou, nos concursos públicos - "classificação académica"?

Certamente que não podes negar que o termo "académico(a)" tem outros sentidos que não o de "possuir/cultivar o espírito académico".

Quando lês numa das muitas placas do "Piolho" dedicatórias como "Aos Académcos de 19xx" que quer dizer isso dizer? "Aos que possuíam espírito académico em 1930 e só a esses"? Claro que não: quer dizer "aos alunos do curso de 19xx".

O sentido que defendes é muito recente - só surgiu com a recuperação da Praxe nos 1980s. Não está portanto nem na génese nem no ADN de nada.

Aliás, ao leres os relatos de 1900-e-carqueja onde se refere que "o académico F. fez um discurso de boas-vindas..." é mais uma vez o sentido de "aluno", não o de "aquele que está imbuído de espírito académico".

Só estás a querer ver um sentido - muito particular, muito especial, muito recente e muito portuense - do adjectivo "académica". Nesse sentido - e SÓ nesse sentido - estou 100% de acordo contigo.

(continua)
Eduardo disse…
(continuação)

Mas será esse o sentido que lhe quiseram dar os fundadores de tunas que incluem "académica" no nome? Foi sempre e só esse o sentido? Não. Na esmagadora maioria dos casos, quiseram justamente dizer "da academia de..."

Mais: fora do meio praxístico portuense, quem mais dá esse sentido à palavra "académico"? Ninguém - ou quase ninguém. Quando alguém de fora ( e mesmo de dentro) do Porto fala de "tunas académicas" o que está a dizer é que elas são de alunos do ensino superior. Disso não tenhas a mínima dúvida.

Ricardo:

gostes ou não, queiras ou não, fomentes isso ou não, aquilo que dizes tem sempre impacto no meio tunante. Não podes deixar de reconhecer que és dos poucos tunos que tem um verdadeiro alcance nacional.

SEI que NÃO gostas, NÃO queres NEM fomentas o estatuto que tens - porque tens verdadeiramente um estatuto - que verdadeiramente mereces.

Prezo o teu apreço pela liberdade - és da terra "onde se trocam os 'vv' pelos 'bb', mas não se troca a liberdade pela servidão", como dizia o nosso Garrett.

E é por isso mesmo que tens de ter cuidado com o escreves, porque aquilo que escreves tem repercussões.

A correcção, a exactidão, não são, penso eu, inimigas da liberdade: pelo contrário!

Não há qualquer guarda-chuva semântico na palavra "académico". Na palavra "tuna", sim, porque debaixo dela se tem abrigado filho de muita mãe e muito filho da mãe - e de «coisas» que nem sequer têm "académica" no nome uma tal «Jack! Who, me?» e outra que é um tal «Mínimo Chapéu-de-Coco» - por exemplo) - vê lá tu!

Repito:

1. A maioria dos elementos das tunas tem um comportamento norteado pelo espírito académico? NÃO. 100% de acordo.

2. Por essa razão, a maioria das tunas não merece ser apelidada "académica" (POR NÃO CULTIVAR O ESPÍRITO ACADÉMICO)? NÃO MERECE, NÃO. 100% de acordo.

Contudo:

Para se designar instituições, organizações, etc. compostas por estudantes do ensino superior (praxistas ou não) a palavra "universitário" É MAIS ABRANGENTE do a que a palavra "académico"? Não é.

"Amicus Plato, sed magis amicus veritas" - Admiro o Ricardo, mas gosto ainda mais da verdade.

Aquele abraço!
Ilustre padrinho, onde again:

Estás de acordo com o que disse. O meu ponto de vista está certíssimo, segundo dizes. Eu também concordo contigo como certamente saberás. Aparentemente estamos então todos de acordo no essencial e quer-me parecer que não tenho idade para birras ou posturas do contra. Não tenho é idade igualmente para engolir algo que de todo me convence, explicando eu as razões como expliquei e pelos vistos, todos concordam, para alegar a conclusão que alego e que, repito, a mim só me vincula.

Estamos a tratar de tunas do ensino superior e não de mais nada. Se nos estamos a resumir apenas a tunas do ensino superior, a melhor designação quanto a mim - tenha ou não tenha repercussões, seja ou não seja importante, leia 1 ou 50.000, é-me perfeitamente igual, não procuro polir o umbigo nem audiências - é Tuna Universitária e/ou Politécnica de X. É o que concluo da minha observação néscia, embirrante e perfeitamente desvirtuosa de gajo que anda nisto desde 1991 a cantar e a tocar, coisa pouca.

Da minha parte, com todo o respeito por quem defende outra terminologia, não dou nem mais uma palavra sobre a matéria, sob pena de estar a embarcar em algo que me recuso a alimentar, mas definitivamente. Com um copo à frente daqui em diante e só.

Quanto à matéria em questão, definitivamente: Tuna Universitária e/ou Politécnica. Mas definitivamente, mesmo. Por convicção mas também muita ignorância como certamente todos me reconhecerão nestas matérias.

Abraços e Over and Out!!!