A Aventura dos Largos Equívocos….

Naturalmente – e ao longo das duas ultimas décadas – foi-se criando uma série de “pressupostos” relativamente a outras tantas questões e situações, que, auxiliados pela natural espontaneidade do fenómeno emergente dos anos 90, a par com a total desinformação de então – pouco maior que a de hoje… - sobre o todo do Negro Magistério, cruzando-se com “lendas”, “mitos” e outros quejandos similares, originaram “verdades” que mais não são do que mentiras repetidas até à exaustão, colocando então a verdade de facto em “fora de jogo”.

Muito se ouviu, ouve, leu e lê que mais não são que “tradições” de vão de escada e “verdades” que, até, são habilmente “construídas” por alguém quer no passado, quer no presente, que obviamente encontram naqueles mais incautos, quiçá procurando uma sapiência instantânea onde basta juntar um “diz-que-disse” e alguma ingenuidade para se fazer uma “verdade” insofismável. Já nem quero falar das “verdades” construídas a metro que apenas visam vilipendiar ou mesmo denegrir algo ou alguém, que depois caem facilmente com o passar do tempo, esse precioso aliado da razão e da verdade. Se se tivesse a mais pequena noção, com o avançar do estudo aprofundado sobre o fenómeno, de algumas coisas tidas como certas e que se provam hoje serem redondas mentiras, muitos iriam ficar – e ficarão.. – de boca aberta de espanto e incredulidade.

Bem sei que nem todos – a esmagadora maioria – terá pachorra, primeiro para o “diz-que-disse” e depois para parar um pouco e pegar nesse “diz-que-disse” e decantá-lo cientificamente; provavelmente pensarão muitos que não vale de todo a pena ou então nem sequer estão p´rá aí virados. É legítima, note-se, essa posição. Contudo, vamos convir todos que muitas tristes figuras seriam perfeitamente escusadas, principalmente por parte daqueles que se “armam” em sapientes e desatam nos mais variados púlpitos – ao vivo ou electrónicos – a proferir coisas que de verdadeiras pouco ou nada têm. Não chega a ser chato sequer – apenas cómico quanto muito… - porque felizmente ainda vai havendo quem coloque o comboio nos devidos carris, colocando ao léu o disparate, o non-sense e essencialmente a incultura geral tunante de quem se presta a esses hilariantes papeis. Manda o bom senso, em tudo, que, não se sabendo, não se inventa, antes pergunta-se. Mas o bom-senso, tanto quanto se sabe, não se compra avulso numa qualquer loja.

Outro dos “equívocos” ou “lendas” será aquele que nos diz (??!!) que quem se dedica ao estudo mais aprofundado nestas coisas é uma espécie de one of a kind, ou em português corrente, uma ave rara, portanto e como tal, isenta de erro e acima de qualquer suspeita. Nada de mais profundamente errado. Quem se dedica mais aprofundadamente a estas matérias tem apenas e tão só o ónus do seu conhecimento e, quanto muito, da respeitabilidade que os outros, voluntariamente – e não de forma imposta – lhe possam conferir. Muita “asneira” se cometeu para se poder chegar mais além, certamente. Para se aprender a escrever há que fazer cópias; ora, é o erro nelas que potencia a sabedoria posterior, que nos faz escrever melhor e com cada vez menos erros. Não há “prima-donas” nestas coisas das Tunas; o que há sim, porventura, é gente, pouca, muito pouca face ao desejável, que empresta algum do seu tempo ao estudo e evolução deste fenómeno, e não nada mais. A sua respeitabilidade é na justa medida da sua postura, mais do que do seu saber ou conhecimentos adquiridos. Tal não significa que o facto de se saber, ler, investigar, escrever sobre seja por si só um polimento de ego ou, por oposição, completamente despiciente. Não, não o é. Mas tudo na sua conta, peso e medida, na certeza de que quem se presta a este – ingrato, até – papel o faz por puro gosto e dedicação à causa do Negro Magistério, deixando o resto ao critério que quem, porventura, tenha a “pachorra de os aturar”. Bem sei que por vezes se tomam os tuno-estudiosos como tendo alguma áurea arrogante ou, se preferirem, de “gajos-que-têm-a-mania”. Ok, nada a obstar. Desde que quem assim o ache ou entenda se coloque na mesmíssima posição que os tais, ou seja, de igual para igual, quer no conhecimento quer na postura. É que, perante a ignorância, há uma de duas posições: ou se assume a sapiência e se partilha a mesma – e leva-se com o rótulo de gajos-que-têm-a-mania – ou então deixa-se correr o marfim e, mesmo à ultima das últimas, intervém-se – e leva-se à mesma com o rótulo de gajos-que-têm-a-mania; ou seja, é ingrato por inexplicável, mais para mais num meio que cultiva – supostamente - o saber e o conhecimento. Mas todos sabemos que a ingratidão também faz parte da subida da corda a pulso….

Outro “equívoco” é aquele que coloca em total oposição a noção de que quem muito escreve sobre a tuna nada sabe sobre ela porque não a vive de facto – como se fossem coisas incompatíveis quando são complementares - ou seja, uma espécie de “quanto mais escreves menos sabes da vida real”, ou seja ainda, somos – os que muito escrevem – uma espécie de nerds tunantes que sabem dos livros mas nada sobre o que realmente acontece e ocorre. Wrong, outra vez. Cá ando a tunar, cada vez menos mas ando; também vejo o sentir e o pulsar do fenómeno. E não me agrada de todo, nem tanto pelo que não se sabe realmente sobre ele mas principalmente pelo que muitos dele julgam saber, que é completamente ao lado de tudo o que tem a ver com a Tuna seja em livros, seja na sua vivência real, seja onde seja e como seja até. Já não é a ignorância que está em causa, é a desinformação e deturpação que corrompe a verdade; a deturpação gratuita e conveniente é alicerçada em premissas que de cientificas nada têm, antes em “opinativas” ou melhor dito, aquilo que já aqui referi como “o-meu-conceito-de-tuna” quando só há UM conceito de Tuna.

O que nos leva a um último “equívoco” que convém desfazer definitivamente: Só sabe e pode falar sobre o Sentir, Estar e Ser Tuno quem algum dia o foi ou é. Fora disto, nem será para levar a sério, sequer, pelas mais óbvias, inteligentes e prudentes razões. O corporativismo tunante aqui tem de ser implacável, colocando quem de direito no seu devido lugar. O desfazer deste “equívoco” é seguramente um sinal de maturidade do fenómeno tunante nacional.

Comentários

Fantástico...
Sobre o último "equívoco", muito se poderia dizer...mas a frase "Só sabe e pode falar sobre o Sentir, Estar e Ser Tuno quem algum dia o foi ou é!" é simplesmente definidora do "SER TUNO"...