A Aventura da "Ditadura" dos 420 caracteres...

De facto, não há por onde evitar e deixar de reconhecer. O Facebook e quejandos online vieram de certa forma revolucionar a comunicação online entre as pessoas. Resta saber se para melhor ou pior. Se no âmbito estritamente pessoal considero serem estes interfaces um misto de hi5 com blog + messenger + twitter + picassa + Youtube = a revista Maria ou Hola! espanhola (onde a pura coscuvelhice reina, numa espécie de gozo em se viver a vida...dos outros....), em termos meramente tuneris mostra-nos esta "ditadura" dos 420 caracteres algumas coisas a reter com particular cuidado.

É parte da explicação para a fraca adesão das tunas aos sites meramente institucionais, ou seja, é de borla (e os sites custam dinheiro), é instantâneo (faz-ze em minutos) e imediato (propaga-se em rede de uma forma notável). Ou seja, o site institucional tuneril é hoje algo que começa a diminuir online, por ser aposta menos prática, menos imediata e menos mediática (??) e acima de tudo estas novas linguagens são de borla e extremamente funcionais na passagem da palavra que cada uma pretende passar, curta e grossa e mais "a ritmo" dos dias de hoje - e da "malta" de hoje. É perfeitamente reveladora a quantidade de tunas que deixaram "cair" o site institucional e por oposição se espalham por N interfaces mais imediatos, gratuitos, fáceis de gerir e manter.

Para lá das óbvias - que não racionais e inteligentes, até - vantagens que estes interfaces novos demostram, temos uma lógica de 420 caracteres unicamente, suportada por um mero "gosto" ou "não gosto", potenciando mensagens sms ao invés de diálogos estruturados e lógicos com principio, meio e fim, de forma a não deixar margem de dúvida sobre o que realmente se pretende dizer. Em suma, na actual sociedade onde escrever bem é raro, que fará muito e com conteúdo - uma seca para a maioria da malta de hoje - estas ferramentas estão para as tunas actualmente como a água para os peixes: Uma perfeita combinação entre vontade de comer e fome.

No entanto, contrariam de forma efectiva a mais que importante lógica arquivista e opinativa/formadora de facto, por impossibilitarem, grosso modo, essas mesmas missões, por falta de cavalos/potência a desenvolver. Ou seja, nem sequer estão vocacionadas para uma manutenção arquivista de facto de ideias, ideaís, estórias e história, projectos de fundo, etc etc. Curiosamente todos sabemos que um site institucional bem feito e de raíz, esquematizado como deve ser e indo a públicos-alvo pode efectivamente cumprir com todas as missões acima. No entanto, dão trabalho e têm custos, coisa que os Facebook e outros similares não detêm para os utilizadores, que hoje, até via PDA, podem actualizar e na tal lógica dos 420 caracteres.

Já se falou anteriormente na importância capital que o arquivar do percurso de cada tuna detêm, coisa só sentida de facto quando se chega à investigação com uma distância de 20 ou mais anos e se anda à procura de factos e eles escasseiam, como é o caso da memória colectiva tuneril nacional - por contraposição ao caso espanhol, p.ex., que mais uma vez está anos-luz neste capítulo à nossa frente. Ainda hoje em Espanha nascem conteúdos histórios absolutamente geniais, com imensa mais-valia arquivistica e de real valor para a compreensão e estudo de facto desta cultura ímpar. Por cá, são sempre a mesma meia dúzia a fazê-lo - o que é sintomático e negativo, por falta de mais gente a proporcionar essa reposição de factos devidamente documentada.

Concluí-se, portanto, que mormente todas as aparentes mais valias das novas linguagens internaúticas, que admito seguramente, as mesmas funcionam para a pesquisa e história tuneril nacional como funciona a revista Maria para a compreensão da história portuguesa: Não valem rigorosamente para nada. Portanto, a validade da "ditadura" dos 420 caracteres é perene, ciscunstancial, mais preocupada com a comezinha trica e nica do que propriamente capaz de servir de facto para todos e de todos, com substância, valor intrínseco e concreto para o contributo da história tuneril portuguesa. Mais o digo, para a actualidade da tuna tuneril portuguesa. Os Facebook´s e similares das tunas hoje não têm 1% de sumo e face aos sites instituionais que existem e desde que a internet foi democratizada. Os Facebook´s estão para as tunas portuguesas como  as sms estão para as cartas: Pouco, muito pouco, face ao que realmente devem as tunas promoverem e na prossecução da sua (ao fim e ao cabo, de todos) nossa missão. Não há nas actuais redes sociais, qualquer distinção entre uma tuna e uma qualquer banda, restaurante ou parque de campismo. Tenta-se sumariamente vender um produto e não promover uma cultura. Tentação perigosa.....

Reconheço a validade mediática das novas linguagens; a tecnologia hoje permite desde um simples PDA estar a par de quase tudo e interagir a seguir. O problema do "quase" que lhes falta é que esse "quase" é precisamente o que de mais importante existirá, porventura, para uma tuna: História, conteúdo estruturado e missão a cumprir. Se tivesse apenas 420 caracteres para escrever esta "Aventura" estava tramado pois não iria conseguir passar a mensagem, sequer. Aliás, nem tão pouco alguém a iria entender.

Nada contra estas novas plataformas. Tem de haver de tudo, é como na farmácia: literatura de alcofa, policiais, romances e por aí fora. Só me parece é que estas plataformas apenas previlegiam a lógica Revista Maria, vocacionadas que estão tecnicamente para o curto e simples. Falta o comprido e complexo, que os sites possibilitam (e blog´s),  que são os que mais "Gosto", definitivamente. Lá está, "Gosto" de pensar nas coisas....


Comentários

As redes sociais sofrem dum grande mal... a moda. Hoje é moda. Amanhã sabe-se lá! Quando o Orkut surgiu também era uma grande novidade. Depois veio o Hi5 e agora temos o Facebook. Os dois primeiros estao mortos ou a morrer e agora prepara-se uma nova rede anti-facebook a Diaspora, uma espécie de facebook mas mais privado sem que as pessoas saibam o que a gente andou ou não andou a fazer. As redes sociais não são bons sitios para construir um sitio para a tuna na internet. Deve existir uma presença. Deve lá estar algo. Mas existir na internet baseado numa plataforma fechada (só vejo coisas do facebook se for membro) é uma enorme falta de bom senso e de juízo.

O site ou sitio é fundamental para uma presença online. O resto é comunicação e fogo-de-artificio.

Um abraço.
josé disse…
Caro Aventureiro,

Acho a escolha do sujeito de uma extraordinária oportunidade. Aliás o assunto foi colocado e debatido publicamente pelo próprio patrão da microsoft, que afirma que os conteúdos facebokianos são um penhor para a vida, não tendo porém, a validade de um arquivo histórico.

No caso das Tunas, e tratando-se de realidades colectivas, concordo em absoluto com o que reportas, tanto mais que, decorrendo do parágrafo anterior, a substituição do perene pelo momento acarreta riscos que as actuais gerações nem sequer medem ou calculam.
Vai~se propagando a mensagem sem ser alvo de contraditório ou rigor.
Faz pouco que comentando uma mera foto levantou-se uma leve discussão, sendo logo remetida e aprazada para outros locais. Quem interrompeu o diálogo? Os Tunos mais velhos...É o sintomático da pouca profundidade do espaço e da exposição bigbrotheriana.

No entanto a capacidade facebookiana tem aspectos avassaladores.
Quantos de nós já lá nos reencontràmos? E o saboroso "olá" ali mesmo, à distância de uma tecla? A capacidade de gestão e inclusão de vídeos ou fotos é impressionante, como de documentos saídos de sarcófagos se tratasse. O processo detectivesco da procura dos "missing in action" impressiona de tanta eficácia.

A conclusão que importa tirar é que a individualidade nunca por nunca poderá substituir a intitucionalidade. E esta última não poderá nem deverá estar à mão de semear apesar de estar ali tão perto. Hà que saber resistir. Afinal não começámos quando o telefone celular só existia nos filmes?

Boas Aventuras

O Aventureiro de Coimbra