A Aventura do "Nacionalismo" bacôco....

Ainda na sequência da questão mais que gasta mas sempre pertinente - e verão adiante o porquê dessa pertinência - e mitológica "tuna que é tuna só canta em português":

Todos conhecem, seguramente, o tema "Verde Vinho", datada de finais dos anos 70 e celebrizada pelo popular cantor Paulo Alexandre, um tremendo sucesso quer por cá, quer pelo Brasil naqueles tempos. Tema com letra tão nostalgicamente portuguesa,sem dúvida alguma. Agora leiam as palavras do próprio Paulo Alexandre, que passo a citar:

"Caros amigos.

É o próprio Paulo Alexandre quem vos escreve. Uma canção é composta por duas vertentes: a música e a letra que podem ser do mesmo autor ou de autores diferentes.

Quando são diferentes é evidente que a canção tem dois autores: A canção original, em alemão, “Griechischer Wein”, é de autoria de Udo Jurgens (música) e M. Kunz (letra). Essa música, como qualquer outra, pode receber letras cantadas em diferentes línguas e as novas letras (cujo tema pode não ter nada a ver com o tema original) dão novos títulos à canção. Acontece que O AUTOR dessa canção que, em português, passou a intitular-se “Verde Vinho”, SOU EU.

O autor da música continua a receber os seus direitos. Eu recebo os direitos da letra em língua portuguesa. Claro que tudo isto carece de autorização dos autores originais (que podem concedê-la ou não), a obter através das “sociedades de autores” dos respectivos países. Neste caso autorizaram e ganharam bom dinheiro com isso…


Paulo Alexandre" (fim de citação) - [in http://a-trompa.net/memorias/verde-vinho-paulo-alexandre]


Penso ser bastante para o tema de fundo ficar suficientemente esclarecido em algumas cabecinhas. De facto, este - e outros tantos que passam como sendo da mais pura veia "tuga" e "popular" e afins - tema é, provavelmente, um verdadeiro paradigma do tremendo equívoco por que muitos passam e quanto ao que realmente interessa observar aqui: a universalidade da música em si mesma não se compadece, como se vê, com "aljubarrotices" saloias até porque, e no caso, este tema que tantos julgam 100% português, afinal, de "tuga" só tem a letra (à qual não lhe retiro qualquer mérito, muito pelo oposto). Uma composição adaptada, portanto, que muitos julgam ser uma coisa e afinal, é outra. Melhor que dito por mim, nada como o popular autor da letra em português - Paulo Alexandre - para o dizer.

Tudo isto serve para que fique claro o tremendo equívoco quanto a matérias deste calibre em que alguns incorrem sistematicamente. Há hoje tantos e tantos artistas "tugas" que se limitam a usar temas da música popular alemã - como saberão, o país que mais música "pimba" possuí e onde os nossos regilas vão sacar montes de "hit´s"- e depois "chapam-lhe" em cima uma letra em português. O problema não é o Paulo Alexandre que sempre assumiu que o tema era de um austríaco, no caso; o problema são aqueles "chico-espertos" que "sacam" a música, espetam-lhe com uma letra na língua de Camões e depois vendem-na como sendo um tema 100% deles, português de gema. E hoje em dia isso é ao pontapé.

Claro que nas tunas que dizem que cantar em "tuga" é que é de tuna nem sequer se dão ao trabalho de verificar em concreto o que é o quê e de quem. Daí o "perigo" real da calinada monumental do "cantar em português é que é de tuna". E cantar em alemão também será, pelos vistos....

Comentários

Eduardo disse…
:)

Desconhecia a origem da música. Inicialmente, por causa dos bouzoukis, pensava que era grega - e tem de facto reminiscências helénicas. E agora percebo porquê: "Vinho grego", em alemão.

Aquele abraço!

Addio, adieu, aufwiedersehen, goodbye!