A Aventura da Grande Tuna Feminina de Alfredo Mântua





O enquadramento temporal é deveras revelador, confirmando dados já antes anunciados – nomeadamente no “Qvid Tvnae” – reforçando-os inclusivamente. A percepção de que a Tuna no registo feminino fica vincada de forma clara, agora com uma obra especificamente a ela dedicada – ao que se sabe, a única em todo o mundo tuneril – onde podemos verificar episódios do quotidiano da mesma em inúmeros registos de época, numa inequívoca prova da dinâmica deste tipo de agrupamentos. Lembrar agora de forma vincada que no dealbar do Século XX ser Notícia seria desde logo algo merecedor de relevo social de facto - ao contrário dos tempos que correm.


O livro está devidamente enquadrado no tempo e espaço, com uma introdução imperativa e que não permite desvios ou dúbias versões na interpretação dos factos derramados. Os relatos de imprensa são absolutamente translúcidos a esse nível. Uma vez mais o lado caritativo da Tuna a revelar-se – próprio da época, aliás – para além do reportório, também ele de época e que esta obra reforça. Curioso notar que a Grande Tuna de Alfredo Mântua era composta por senhoras da alta sociedade, inclusivamente com a participação de condessas e viscondessas, provando a transversalidade da tuna enquanto núcleo aglutinador e, além disso, alheio p.ex. a questões politicas (Monarquia versus República, a questão na época).


O epílogo é de igual forma, claro: A Tuna em registo feminino não só se reflectiu na que é narrada ao longo do livro, bem como surge espelhada um pouco por todo o país mesmo que de forma tímida e já nessa época – destruindo pela base qualquer teoria discriminatória sem qualquer nexo ou base científica. Em suma, uma obra que aprofunda um dos ramos mais desconhecidos do estudo histórico da tuna, o seu registo no feminino, e que decapita – uma vez mais – a teoria de que a Tuna é exclusivamente um fenómeno no masculino, como alguns ignorantes tuneris ainda defendem não percebendo o peso da realidade – bem como o ridículo da negação em si. Mais, prova esta obra a diferente génese da tuna portuguesa face a congéneres de outras latitudes, nomeadamente Espanha.


Por todas estas razões, obra indispensável a todo aquele que quer saber sobre Tunas. A chancela do autor é atestado de qualidade per si. Que seja esta obra um dos bons instrumentos para que a Mulher argumente  a sua razão no contexto da Tuna - e não no "diz-que-disse" ou achismos alicerçados em feminismo primário por desnecessário, como este livro o prova.

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