A Aventura do Mercado



Foto:Luis Duarte



"Se não temos nenhuma utilidade no mercado, não necessitamos de existir".


Tropecei nesta frase algures pela net. Por sinal, concordo em rigor absoluto com ela. E mais longe vou, deveria ser aplicado a Tunas. Explico:


Ao contrário de uma corrente quase unânime - ou, pelo menos, maioritária - que entende que todos têm o seu lugar, eu cada vez mais começo a estar nos antipodas de tal. Note-se de forma clara que não nego o direito - quem sou eu? - de existência de uma qualquer Tuna; não é nesse plano que eu coloco o tema pois todos têm o direito - sacrosanto - de se associarem livremente da forma que bem entenderem. Que fique claro


Coloco a questão antes noutro prisma distinto: O do propósito.


Percebo perfeitamente o Romantismo da questão a montante. Para lá de tudo o que deriva do "boom" (e que época tunerilmente romantica foi essa, há que o dizer) o instinto de sobrevivência aliado à mera representação de uma Universidade/Faculdade/Instituto faz com que se queira manter a Tuna viva nem que seja ligada a uma máquina. Aliás, se repararmos com atenção é precisamente isso que vai ocorrendo aqui e ali, cada vez mais, onde a mera manutenção da Tuna se bastará a um, dois eventos fora de portas por ano e pouco mais dentro das mesmas.


Procura-se olimpicamente manter a Tuna a qualquer custo pois está uma instituição por trás -a Universidade, a Faculdade, etc - para além da própria instituição em si mesma. Raríssimos são os casos onde uma tuna de faculdade desaparece e dá lugar, anos mais tarde, a outra que ocupa o mesmíssimo espaço da finada anteriormente. Tal é sintoma da tal manutenção da Tuna X a todo o custo. Daí perceber. Se com sucesso ou não, isso serão outros "500". Mas por vezes fica-se com a impressão de que mais valia fechar as portas, apesar de tudo.


Depois há casos que não tendo qualquer "obrigação" para com qualquer instituição, ou seja, dependem apenas de si mesmas e da sua dinâmica para existir, correm - por essa mesma razão - mais riscos, sendo mais volateis mesmo que, paradoxalmente, tenham um universo de captação muito mais alargado do que as de Universidade/Faculdade/Instituto/etc. E nessas é totalmente incompreensivel - precisamente pelo inexistir de qualquer entrave para a captação de novos elementos - que se andem a arrastar pelos poucos palcos onde, milagrosamente, ainda conseguem ir. 


Estas deveriam - e mais uma vez, pela sua universalidade, transversalidade e capacidade captativa - ter uma postura mais correcta, simpática, atractiva, aberta, responsável perante tudo e todos, de imaculada imagem exterior. Ao invés, vemos em algumas destas precisamente o oposto: Arrogância, autismo, o espalhar de anticorpos, o semear de detrito, o cultivar da mesquinhez, ódio e afins colaterais. Totalmente incompreensivel - ou não.


O que nos leva ao início. Se calhar, algumas, deveriam fazer uma profunda - se conseguirem - reflexão interna sobre o que andam a fazer em cima e fora dos palcos. Começando por sairem desse autismo que cavalga feitos do passado para assim perceberem a real imagem e impressão que hoje têm junto da comunidade tuneril nacional - por nada trazerem de acrescento positivo à mesma. E certamente ficariam surpreendidos com a péssima imagem que hoje têm - e que explica muita coisa.
 

O que nos leva outra vez ao início: Casos há que mais valia inexistirem. Porque, precisamente, não têm utilidade nenhuma no mercado. Sem propósito. É o que o mercado diz.



Foto:Luis Duarte

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